A crise do Coronavirus me ensinou várias coisas:
1- Dinheiro é a solução para todas as coisas, e sua fonte é a gráfica da casa da moeda.
Logo, a falta de recursos, resolve-se com impressão de mais dinheiro. Nada a ver com a complexa estrutura econômica que vai dos ambulantes da Praça Sete até as grandes estatais do país em um intenso processo de troca e criação de valor.
2-Empresários precisam ser mais descolados e humanos, para se enquadrarem no capitalismo do Séc XXI.
Maior solidariedade e responsabilidade social. Lucro de empresa é um número garantido já na data de largada, logo, pode ser menos egoísta e repartir seu lucro à vontade, pois já está garantido mesmo. Enfrentar um sistema tributário do Séc XX, um sistema trabalhista do Séc XIX, e uma estrutura estatal feudal é uma fantasia de gente que não entende o verdadeiro papel dos Stakeholders.
3-Austeridade Fiscal é um estorvo inventado por economista insensível.
Governos precisam gastar à valer para manter a força da economia, os salários em dia, e o nível dos investimentos. A grana grossa dos governos é que consegue manter os empresários e trabalhadores ativos, para gerar consumo e, ao final, pagarem seus impostos em dia para realimentar capacidade gastadeira da máquina governamental.
4-Comércio Internacional é como um grande site de compras online. Basta um click , faz-se e desfaz-se uma compra imensa, garantida por um cartão de crédito e entregue em dias pelo Sedex. Basta uma comunicação do governo, e os containers se enfileiram espontaneamente, nas quantidades necessárias, e nos prazos de pagamento estabelecidos pelo país comprador. Nada a ver com a construção de uma estrutura extremamente complexa para que ocorra uma via-de-mão-dupla.
5-Empresários são um mal necessário, desde que penitentes na nova concepção millenium.
Aqueles empresários, que ainda não se enquadraram no perfil que a nova seita millenium exige, têm a chance de se redimir, doando. Doando equipamentos, máscaras, respiradores, logística, linhas de produção, etc. Uma espécie de expiação dos pecados milenares por comemorarem ano após ano, lucros que não foram devidamente compartilhados com o restante da sociedade – os stakeholders. Mata toda a cadeia de fornecimento que vive daquele comércio, mas salva a alma daquele doador para o juízo final. (Não, Capitalista Selvagem! Pagar imposto não tem nada a ver com seu papel social).
SOBRE A RECUPERAÇÃO ECONÔMICA
Em tempos de paz, prepara-se para a guerra; em tempos de guerra, planeja-se a paz.
Hoje, a grande pergunta que se faz é como será a retomada econômica, visto que o segundo trimestre será desastroso.
Em seu artigo, “Tema para a Recuperação Econômica” (Valor 9 e 10 de abril), Jorge Arbache propõe uma recuperação econômica no formato do símbolo da Nike.Eu proporia uma coisa diferente. Pegaria a letra Ц (Tsé) do alfabeto cirílico, para retratar a nossa possível recuperação.
A queda por conta do período de isolamento vai gerar uma confusão tão grande, que a retomada, lá para o terceiro ou quarto trimestres, exigirão um período de assentamento de poeira, onde o mundo econômico contará suas vítimas e seus mortos. Provavelmente, teremos mais mortes de pessoas jurídicas do que de pessoas físicas.
Assim como pessoas e empresas, hábitos e demandas morrerão, pois novos terão sido criados nesse tempo.
E dos escombros, alguns setores surgirão, e alguns cairão de vez. Daí a perninha para baixo do Ц.
O autor cita como líder das oportunidades, a indústria 4.0, decorrentes da revolução da TI.
Vale a pena citar também os candidatos à destruição, das quais a indústria automobilística dos carros individuais, aviação civil e as repartições públicas como conhecemos hoje.