Receba o meu convite para jogar xadrez,
Será uma partida bem diferente dessa vez.o.
Uma partida de xadrez às cegas,
Em que não se vê o tabuleiro enquanto se move as peças.
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As regras também
serão diferentes,
Os peões agora andarão o quanto quiserem,
Sem medo das torres, cavalos bispos ou tenentes!
Verdadeira virada de jogo: Esperem!
As torres, sejam
elas de Babel, concreto ou marfim,
Vão ter as portas sempre abertas.
Pode chegar que qualquer hora é a hora certa,
Sem medo, sem mágoas, sem pudores, sem fins…
Os cavalos vão
galopar sem (c)selas,
sem arreios, sem esporas, sem Destino.
Se darão o direito de serem livres como alma de meninos,
Que não sucumbe ou que põe à boca trava ou tramela.
Neste tabuleiro
de doces vidas,
Bispos se moverão por diagonais tortas e recurvas,
parando quando houver dor ou almas turvas,
E se doa(e)ndo ali, às curas de feridas.
Reis e Rainhas
vão abandonar seus Castelos alvi-negros,
e dançarão desnudos de pudores por todo tabuleiro,
De tempo em tempo rezam suas crenças na igreja, sinagoga ou terreiro,
e libertarão seus peões de suas sinas ou degredos.
Ao fim do jogo,
retiramos as vendas e voltamos a ver,
Mas já em xeque, nos damos contas de que há uma nova verdade:
Os peões venceram à realidade,
E os que antes venciam sem jogar, agora não sabem mais vencer.
Ao fim: as peças
toscas, mas bem torneadas, deste jogo de xadrez
Não mais se deitam por vontade própria em sua antiga caixa.
Ato simbólico sinalizando de que a regra velha, hoje, não mais se encaixa
e de que quem não joga, está cada vez mais perto de ganhar de vez!
Xeque-mate!
Ao gosto de chá mate com limão,
bebidos em copos sujos pela vida afora, ao gosto da ocasião,
chá coado pelo povo, feito ao sabor novo e popular das igualdades!
Damas Negras vencendo os reis brancos…
Mariana, 22 de junho de 2021
Homero Flávio Peixoto Gonçalves.