“Xadrez às Cegas”
    Por: Homero Flávio Peixoto Gonçalves.

    Receba o meu convite para jogar xadrez,
    Será uma partida bem diferente dessa vez.o.
    Uma partida de xadrez às cegas,
    Em que não se vê o tabuleiro enquanto se move as peças.

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    As regras também serão diferentes,
    Os peões agora andarão o quanto quiserem,
    Sem medo das torres, cavalos bispos ou tenentes!
    Verdadeira virada de jogo: Esperem!

    As torres, sejam elas de Babel, concreto ou marfim,
    Vão ter as portas sempre abertas.
    Pode chegar que qualquer hora é a hora certa,
    Sem medo, sem mágoas, sem pudores, sem fins…

    Os cavalos vão galopar sem (c)selas,
    sem arreios, sem esporas, sem Destino.
    Se darão o direito de serem livres como alma de meninos,
    Que não sucumbe ou que põe à boca trava ou tramela.

    Neste tabuleiro de doces vidas,
    Bispos se moverão por diagonais tortas e recurvas,
    parando quando houver dor ou almas turvas,
    E se doa(e)ndo ali, às curas de feridas.

    Reis e Rainhas vão abandonar seus Castelos alvi-negros,
    e dançarão desnudos de pudores por todo tabuleiro,
    De tempo em tempo rezam suas crenças na igreja, sinagoga ou terreiro,
    e libertarão seus peões de suas sinas ou degredos.

    Ao fim do jogo, retiramos as vendas e voltamos a ver,
    Mas já em xeque, nos damos contas de que há uma nova verdade:
    Os peões venceram à realidade,
    E os que antes venciam sem jogar, agora não sabem mais vencer.

    Ao fim: as peças toscas, mas bem torneadas, deste jogo de xadrez
    Não mais se deitam por vontade própria em sua antiga caixa.
    Ato simbólico sinalizando de que a regra velha, hoje, não mais se encaixa
    e de que quem não joga, está cada vez mais perto de ganhar de vez!

    Xeque-mate!
    Ao gosto de chá mate com limão,
    bebidos em copos sujos pela vida afora, ao gosto da ocasião,
    chá coado pelo povo, feito ao sabor novo e popular das igualdades!

    Damas Negras vencendo os reis brancos…

    Mariana, 22 de junho de 2021

    Homero Flávio Peixoto Gonçalves.