Catas Altas pode se tornar referência mundial em astronomia

    Projeto de observatório começa a sair do papel em setembro e pretende transformar a região em polo educacional e de turismo Um projeto que começa a sair do papel a partir de setembro pode transformar o município de Catas Altas, no Circuito do Ouro, em uma das maiores referências em astronomia e astroturismo no mundo.

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    “Vai ser um observatório como não se tem igual na América Latina”, garante o astrônomo Renato Las Casas, ex-coordenador do grupo de astronomia da Universidade Federal de Minas Gerais (UMG) e um dos responsáveis pela concepção.

    O projeto do maior e mais moderno telescópio da América Latina prevê um complexo com duas cúpulas para observação de última geração, inclusive com acesso remoto pela internet, planetário, anfiteatro com capacidade para 300 pessoas, duas salas de aula multiúso para 50 alunos, hall para exposição, lanchonete, dormitórios, banheiros, lojinha e área de admnistração, além de um estacionamento com capacidade para cerca de 200 veículos. 

    Custo

    O investimento inicial é de R$ 12 milhões, com aporte de recursos da Vale, num total estimado em R$ 20 milhões. O investimento da Vale – resultado de um acordo firmado com a administração municipal para mitigar os impactos negativos gerados pela mineração – será utilizado para a execução do projeto executivo e a aquisição de equipamentos. Caberá à prefeitura de Catas Altas financiar o projeto arquitetônico e estrutural do observatório e encaminhá-lo para execução.

    A escolha de Catas Altas para instalação do observatório foi, segundo Renato Las Casas, por conta da qualidade do céu e da proximidade com a capital mineira e Ouro Preto, além de importantes centros universitários, como a UFMG e a Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop). Foi ainda levado em consideração a tendência do município ao astroturismo – um evento astronômico realizado nas praças da cidade em 2018 sinalizou para essa vocação natural.

    Chile

    Hoje, a referência mundial de astroturismo, um dos segmentos que mais crescem do turismo, é o deserto de Atacama, no Chile, um paraíso astronômico que mistura as condições ideais – altitude, céu limpo, clima seco e vasta área desabitada. “O céu no Hemisfério Sul é mais rico do que no Norte, o que faz do Brasil um país privilegiado”, afirma Las Casas. Mas o astroturismo ainda não mobiliza grande número de pessoas no país.

    No Brasil, a referência é Minas Gerais – o Estado tem dois grandes observatório: o de Pico dos Dias, em Brazópolis, no sul de Minas, administrado pelo Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA), ligado ao Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações, e Frei Rosário, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), na serra da Piedade, na área metropolitana da capital, ambos fechados à visitação desde o início da pandemia.

    Adiantado

    Em relação ao observatório de Catas Altas, o processo já está bem adiantado. Uma área pertencente à Cenibra, a 3 km do centro histórico, foi desapropriada, e os equipamentos, listados para compra. A próxima fase é a formatação do memorial descritivo para realização da licitação para contratar da empresa que criará o projeto estrutural. Segundo o prefeito de Catas Altas, Saulo Morais (Patriota), o projeto deve estar pronto em setembro.

    “Enxergamos nesse projeto a capacidade de intensificar a atividade turística da cidade aliada ao desenvolvimento educacional. O observatório atrairá mais turistas à cidade e também teremos a possibilidade de desenvolver melhor os conhecimentos sobre astrologia, física e química”, afirma o prefeito. A administração do complexo ficaria, a princípio, a cargo de um comitê gestor formado pelos professores idealizadores do projeto, administração pública, UFMG e Ufop.

    O Observatório de Catas Altas faz parte de um projeto muito maior, segundo Renato Las Casas, multidisciplinar e educacional que trará um grande impacto para a cidade, podendo inclusive criar uma nova fonte de renda para os moradores e o município. Para a universidade, a proposta é transformar o local em polo educacional. “Nosso interesse é difundir a ciência. E a melhor porta de entrada para ciência é a astronomia”, conclui. Fonte: O Tempo.