Estrada imortalizada na canção “Ponta de Areia” foi tema de reunião de comissão da ALMG, em Nanuque
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“Para a ferrovia sair do papel, temos alguns obstáculos, mas estamos trabalhando no Marco Zero, no Porto de Caravelas”. Com essa afirmação, o diretor da Multimodal Caravelas, Fernando Viana Cabral, informou à população de Nanuque (Norte), nesta sexta-feira (10/6/22), a situação atual das negociações para uma possível retomada da Ferrovia Bahia-Minas.
Cabral participou de audiência pública da Comissão Extraordinária Pró-Ferrovias da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) na cidade. O objetivo da reunião foi debater o retorno da Ferrovia Bahia-Minas. Imortalizada na canção “Ponta de Areia”, de Milton Nascimento e Fernando Brant, a Estrada de Ferro Bahia e Minas era uma linha ferroviária que ligava o Arraial de Ponta de Areia, próximo à cidade de Caravelas, no litoral Sul da Bahia, à cidade mineira de Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha, numa extensão de 578 quilômetros. A estrada foi criada em 1881 em parceria entre os dois estados e desativada em 1966.
De acordo com o diretor da Multimodal, os 400 mil metros quadrados do Porto de Caravelas, que ficaram praticamente abandonados por muitos anos, estão com dados e papelada mais adiantados, mas com relação à ferrovia, é preciso aprovar o projeto estratégico, as diretrizes e o plano ambiental, para que as empresas queiram investir.
“Não vai poder passar exatamente por onde passava. Temos uma faixa de 24 quilômetros da massa falida do Banco Crédito Real. Em muitas áreas foram construídas casas e muitas outras coisas. E precisamos torcer para o trajeto não ter tantos problemas com a área ambiental”, disse Cabral.
O superintendente de Política Minerária, Energética e Logística da Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Minas (Sede), Pedro Oliveira de Sena Batista, afirmou que o Plano Estratégico Ferroviário de Minas Gerais contempla a Ferrovia Bahia-Minas, com um trajeto bastante parecido com o original.
“Ao todo, serão 411 quilômetros. Somos maiores que a França, temos mais municípios. Minas Gerais é um estado estratégico para o país. E o Plano Estratégico ferroviário tem 60 propostas, agrupadas por áreas temáticas. Acreditamos muito no potencial da retomada das ferrovias no estado”, declarou.
O presidente da Comissão Pró-Ferrovias, deputado João Leite (PSDB), afirmou que atualmente Minas Gerais possui apenas cinco terminais de carga ferroviários, enquanto São Paulo, que tem acesso ao mar, possui 27.
“O transporte rodoviário custa 15 vezes mais que o ferroviário. Não tem cabimento continuarmos contando com rodovias cheias de buracos para transportar nosso minério, nossos alimentos e nossa população. Carga de ferro tem de andar em cima de ferro, em cima de ferrovia. E um dia o minério acabará, mas a comida continuará. Um vagão representa menos cinco carretas nas rodovias”, ressaltou João Leite.
Já o deputado Carlos Pimenta (PDT), autor do requerimento da audiência em Nanuque, afirmou que, por meio da Emenda à Constituição 105, de 2020, a ALMG contribuiu para que se estabelecessem os marcos legais que possibilitam que o Estado explore, mediante concessão ou diretamente, o transporte ferroviário nos limites de seu território.
“Mudamos a Constituição para trazer de volta esse transporte. E vimos que é possível. Temos um novo eixo ferroviário em Conceição do Mato Dentro, já está bem adiantado. Não dá mais para falar de desenvolvimento com essas estradas que temos. O transporte ferroviário é a única alternativa para transportarmos nossa riqueza e nossa população”, destacou Carlos Pimenta.
O prefeito de Nanuque, Gilson Coleta Barbosa, e o vice-prefeito de Serra dos Aimorés, Luciano Loyola, manifestaram satisfação pelo empenho de todos os envolvidos em resgatar a Ferrovia Bahia-Minas. “Felizmente, os deputados olharam para nossa região. Estamos unidos por uma causa só, pelo bem da cidade”, ressaltou o prefeito.