Cristiane Cäsar – Analista Vale e Dra. em comportamento animal – Diretoria de Reparação de Brumadinho.
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A reabilitação animal é definida como o tratamento e cuidado temporário de animais feridos, doentes ou mantidos em cativeiro por determinado período, seguido pela soltura em seus ambientes naturais. O processo de reabilitação envolve o uso de diferentes técnicas de manejo e enriquecimento ambiental para propiciar a recuperação física e comportamental desses animais. Ou seja, a reabilitação serve para que os animais adquiram ou readquiram suas habilidades, capacidades e comportamentos naturais essenciais à sua sobrevivência antes de serem soltos ou reintroduzidos na natureza.
Após o rompimento da barragem B1 em Brumadinho, foram iniciadas ações emergenciais e contínuas com o objetivo de reabilitar e reintroduzir animais impactados, resgatados ou apreendidos na área de influência do rompimento. Um dos maiores desafios do processo é garantir que o animal adquira as habilidades necessárias para encontrar alimento, abrigo ou identificar um predador, por exemplo. Por isso, um plano de trabalho específico para cada indivíduo é elaborado.
Dependendo do caso, os procedimentos podem envolver a necessidade de se formar um grupo social saudável, onde todos os indivíduos serão reabilitados e soltos ao mesmo tempo. Isso acontece com as maritacas, rolinhas-roxas, tico-ticos e canários da terra que foram reabilitados pela Vale e instituições parceiras. Esse estímulo à interação entre indivíduos da mesma espécie favorece, especialmente, animais resgatados ainda filhotes, e que de outra forma não teriam como aprender comportamentos essenciais à sua sobrevivência. Certos animais, incluindo os resgatados em situação de cativeiro irregular, apresentam deficiências físicas, como por exemplo ausência de penas devido à corte e/ou brigas, ou algum membro quebrado. Nestes casos, pode ser necessário um reforço alimentar ou até mesmo um procedimento cirúrgico para que o animal readquira as condições físicas necessárias à sua sobrevivência e bem-estar.
A realização de treinamentos que avaliem e confirmem os comportamentos aprendidos são essenciais para comprovar as habilidades sociais, anatômicas e funcionais. E, antes da soltura, os animais ainda passam por exames sanitários a fim de garantir sua saúde e impedir a introdução de patologias no ambiente de soltura. Por fim, após a soltura, é recomendado que esses animais sejam monitorados para avaliar sua sobrevivência e bem-estar no ambiente natural.
Ao todo, entre 2019 e 2022, mais de 100 animais silvestres impactados pelo rompimento, encontrados em áreas de obras ou que estavam em situação de risco nas comunidades foram reintegrados à natureza.
A realização de todos esses procedimentos é a melhor maneira para garantir que o processo de reabilitação e reintrodução animal seja desenvolvido de maneira segura, adequada e comprometida com a manutenção de um ambiente saudável e equilibrado.