Acessibilidade em Ouro Preto: um caminho possível?
    Construção de rampa e instalação de corrimão no Hospital dos Olhos – Bairro São Cristovão
    Foto: Isabela Ventura

    Por Juliana Rodrigues

    “Infelizmente, temos que passar pelo centro histórico, que não tem nada que facilite a vida do deficiente.” Júlio César Gonçalves – Presidente da Associação das Pessoas com Deficiência de Ouro Preto

              A cidade de Ouro Preto é marcada pela história, casarios imponentes, ladeiras e muitas características que tornam o município uma joia rara entre as montanhas.

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             A beleza da cidade também se mistura a desafios, especialmente para as pessoas com deficiência e/ou mobilidade reduzida.

    Armadilha : Passeio sem proteção na rua Paraná, centro – que pode causar acidentes. Foto Leandro H Santos

     “Se você vai ao centro histórico, começa pelas pessoas, que não têm respeito. As pessoas aglomeram em frente aos estabelecimentos comerciais e se tornam mais uma barreira”, explica o Presidente da Associação das Pessoas com Deficiência de Ouro Preto, Júlio César Gonçalves.

              Ele também pontua a dificuldade, mesmo se a pessoa com deficiência e/ou mobilidade reduzida estiver acompanhada:

     “Infelizmente, temos que passar pelo centro histórico, que não tem nada que facilite a vida do deficiente. As referências para o cego, por exemplo, entrar em alguns espaços não ajudam e as calçadas são irregulares”, ressalta.

    Corrimão no Bairro Bauxita : foto Isabela Ventura

    A Diretora de Projetos da Secretária de Obras de Ouro Preto, e Arquiteta e Urbanista, Isabela Márcia Barbosa Marques Ventura, destaca as ações em prol da acessibilidade universal, ou seja, garantir o direito de ir e vir de todos os cidadãos, incluindo aquelas com deficiências permanentes, além das pessoas com mobilidade reduzida ou ocasional, como no caso de idosos e gestantes. “Desde 2021, começamos a atender as demandas em sintonia com a acessibilidade universal, sendo uma obrigação legislativa para aprovação. Inclusive, vai além das rampas e adequações nos banheiros, contempla guarda-corpo, degrau padronizado, escada com largura mínima exigida, piso táctil entre outros requisitos”.

              A arquiteta reconhece que as edificações e mudanças em passeios e praças do município possuem complexidades maiores, devido ao tombamento patrimonial e pela própria topografia, somado ao risco de descaracterização. “Sempre analisamos como podemos intervir para que o uso do espaço seja universal, que é o nosso foco em todos os projetos”, conclui.