Publicação única do século XVIII influenciou grandes
mestres da arquitetura e da talha de Minas Gerais
Por: João B. N. Gonçalves
Em cerimônia realizada no auditório do Anexo do Museu da Inconfidência, iniciada às 16 horas da última sexta-feira, 29, o Museu da Inconfidência, em Ouro Preto, recebeu a doação do Perspectiva Pictorum et Architectorum, ou Tratado de Arte e Arquitetura, do jesuíta Andrea Pozzo, falecido em 1709. A cerimônia contou com a participação do diretor do museu, professor Alex Calheiros, do prefeito Angelo Oswaldo, do arquiteto André Dangelo, do empresário Carlos Eduardo Araújo e um dos dirigentes da Associação, Davi Guimarães Cosenza.
Durante a cerimônia, o arquiteto André Dangelo falou sobre a importância de receber o tratado de Pozzo para a cultura mineira, segundo ele não existiu arte no século XVIII sem o Perspectiva Pictorum et Architectorum. “Eu acho que essa é uma peça fundamental para o Museu da Inconfidência hoje poder ter. Para quem estuda essa área, esse tratado é um ganho fundamental”, afirmou o arquiteto Dangelo.
De acordo com o prefeito de Ouro Preto, Sr. Angelo Oswaldo, o Perspectiva Pictorum et Architectorum foi encontrado pelo arquiteto André Dangelo, e foi trazido para o Museu da Inconfidência pelo empresário Carlos Eduardo Araújo. O tratado foi adquirido de um colecionador particular na Itália e, segundo a Prefeitura Municipal de Ouro Preto, o desejo do colecionador italiano era de que o manuscrito fosse exposto em uma instituição pública, sediada no estado de Minas Gerais.
Segundo o poder público municipal, a aquisição ocorreu por meio de um recurso de fundo internacional, captado através da Associação de Apoio ao Patrimônio Cultural e Ambiental Brasileiro.
O doador, por sua vez, impôs uma restrição ao Museu da Inconfidência: o documento deve ficar guardado na sede do Museu da Inconfidência, sem a possibilidade de ser abrigado em outro estado. A única exceção se dá para eventuais saídas para restauração.
Ao longo de sua apresentação na cerimônia de doação, o arquiteto André Dangelo afirmou que o Tratado de Arte e Arquitetura foi publicado pelo jesuíta Andrea Pozzo entre os anos de 1693 e 1700, e expõe técnicas de perspectiva para a arquitetura e pintura sacra. Por isso, foi muito utilizado por artistas barrocos ao longo do século XVIII, tendo influenciado artistas e arquitetos que atuavam nas vilas do ouro, como Ouro Preto e Mariana, naquele período.A obtenção da obra foi tratada pelos presentes na cerimônia como um grande ganho para a cidade de Ouro Preto e para o Museu da Inconfidência, que de acordo com o prefeito de Ouro Preto, Sr. Angelo Oswaldo, tem liderado os índices de visitação do país na retomada após as paralisações por conta da pandemia de COVID-19. Segundo o prefeito ouropretano, o Museu da Inconfidência registrou 30 mil visitantes no último mês, sendo o museu mais visitado do Brasil.
A obtenção do Tratado de Arte e Arquitetura foi considerado um êxito da gestão do professor Alex Medeiros no Museu da Inconfidência, conceituado como um local estável para receber a obra. “O Museu da Inconfidência hoje é bastante importante, com uma visitação expressiva, mas também com um acervo que preserva a história do Brasil colonial, de modo ímpar. Nós temos um acervo grandioso, e que agora guarda um documento tão importante”, afirmou Alex Medeiros ao falar sobre a capacidade do museu de receber o Perspectiva Pictorum et Architectorum.
Historiadores da UFMG e de outras universidades mineiras acreditam que o tratado produzido por Pozzo tenha influenciado a obra de arquitetura e talha de alguns artistas do passado mineiro, como Antônio Francisco Lisboa, mais conhecido como Aleijadinho. No Brasil, há uma cópia impressa do Perspectiva Pictorum et Architectorum disponível para consulta pública e manuseio, apenas na Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro.
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