Nuances do analfabetismo

    Por: Geraldo Gomes

    ‘Não há nada de errado com aqueles que não gostam de política,
    simplesmente serão governados por aqueles que gostam’
    PLATÃO

    Contam-nos os historiadores que no Antigo Egito as bibliotecas eram denominadas “Tesouro dos Remédios da Alma”, pois diziam os egípcios que nas bibliotecas curava-se da ignorância, a pior de todas as enfermidades e origem de todas as outras.

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    Essa informação nos faz pensar filosoficamente sobre a questão da ignorância, mas corolariamente, sobre o analfabetismo, pois se não são irmãos, são parentes próximos. O analfabeto de pai e mãe (expressão bastante conhecida) é aquele que só consegue assinar apertando o polegar com tinta de carimbo em uma folha de papel, como seus genitores sempre fizeram. Esse possui a condição necessária para ser um ignorante, pois não lhe adiantará visitar mil bibliotecas: sairá como entrou. O semianalfabeto consegue desenhar com dificuldade seu nome, quando necessário, em um documento; o semialfabetizado consegue ler um texto pequeno, sem levar em conta as pontuações e as vírgulas, às vezes trocando algumas palavras. No final, nada entende do que leu.
    Para cidadão atento existem outros tipos de analfabetos que são muito presentes em nosso meio: Em primeiro lugar pode-se destacar o analfabeto funcional. Este consegue ler um texto completo de um artigo jornalístico, de um documento, ou de algo similar, mas não consegue entender tudo que o redator do texto diz. Não sabe interpretar o sentido das palavras e das frases. Esse tipo de analfabeto está muito presente no meio político hodierno. Nas câmaras legislativas, nos três níveis, é muito fácil ser encontrado!… Há analfabetos funcionais também em todos os três poderes. Isso é muito preocupante para a sociedade, pois se um destes precisar redigir, interpretar ou executar uma lei ou um decreto, não saberá fazê-lo corretamente, o que poderá incorrer em sérios prejuízos para toda sociedade. São facilmente manipuláveis pelos mais espertos. Esse analfabetos, como vimos, são perniciosos para toda a nação. Porém, esses não são os principais culpados pelos danos que eventualmente causam. Os eleitores que não votam conscientemente são os verdadeiros culpados. Esses são os que podemos chamar de analfabetos políticos. Só um analfabeto político vota em político analfabeto. Coisa que acontece muito em nossos pleitos eleitorais. Uma simples observação dos fatos nos faz ver pessoas com títulos de professores universitários, bem como estudantes que já preferíamos ver esclarecidos, advogando ideologias de candidatos analfabetos e neles votando. A história recente de nosso país é testemunha destas barbaridades.
    Para se conhecer um analfabeto político é muito fácil. Normalmente ele sabe toda a escalação do seu time. Sabe o nome do Técnico e seu salário. Sabe também os dias de jogos e quanto foi a renda da última partida de futebol, mas não sabe os nomes dos vereadores de sua cidade, não sabe quem é o presidente da câmara de vereadores, nem seu salários. Não sabe em que dia os vereadores se reúnem para discutir assuntos de interesse de todos, e ainda não tem a mínima ideia de quanto é a renda do seu município, com a qual o prefeito pode trabalhar. A maioria dos analfabetos políticos nem se lembra em qual candidato votou no último pleito. Esta é uma realidade triste que precisamos mudar em nosso país. Enquanto houver analfabetos políticos votando em analfabetos funcionais e em políticos corruptos, inexoravelmente, a sociedade vai sofrer desvios de conduta de seus mandatários.
    Uma outra maneira de conhecermos o analfabeto político é sempre ouvi-lo dizer que não gosta de política. Ele não tem consciência de que, ao nascer, já era um ser político. Convém aqui lembrarmos o que disse o sábio Platão, que vivera aproximadamente 350 aC: “ Não há nada de errado com aqueles que não gostam de política, simplesmente serão governados por aqueles que gostam”. Aí, cabe um complemento: O maior problema ainda, é ser governado por aqueles que gostam de política e são corruptos inveterados. Transportadores de malas cheias de dinheiro roubado dos cofres públicos.
    Para não me alongar mais no término deste texto, gostaria de incentivar todos os leitores a se interessarem mais pelos destinos políticos de nossa nação. Ao votar, que cada eleitor o faça conscientemente. O leitor consciente sabe que votar não é um dever, mas sim, um direito. Não seja um analfabeto político, participe conscientemente!… exerça o seu direito do voto, após uma análise acurada de todos as consequências que dele podem advir…