Não se combate invasão sem política pública de habitação popular

    Sr. Erenildo Euzebio líder do Movimento Popular de Habitação Popular
    de Mariana, falou ao O Espeto sobre a crise habitacional do município

    Por: João B. N. Gonçalves e Hynara Versiani

    Desde o rompimento da Barragem de Fundão em 2015, Mariana tem enfrentado problemas em relação à habitação, especialmente com o alto preço dos aluguéis devido ao aquecimento do mercado imobiliário e a falta de políticas públicas de habitação que não saem do papel.
    O líder do Movimento Popular de Habitação Popular de Mariana, Erenildo Euzebio, falou ao O Espeto sobre suas impressões sobre a crise habitacional do município e sobre a participação da população no enfrentamento desses problemas.O aluguel em Mariana está caro, chegando até a R$8.000,00 em imóveis considerados de alto padrão ou comerciais, com apartamentos e casas no centro girando em torno de R$1.500,00 ou mais. Os valores dos alugueis não são acessíveis para grande parte da população, diz Erenildo Euzebio. Ele afirma que os aluguéis não são a causa, mas representam o sintoma mais grave da crise habitacional no município.
    De acordo com ele, para melhorar essa questão, é preciso “atacar a causa do problema”. “O aluguel é gravíssimo, porque a maioria das empresas que vêm para cá momentaneamente para prestar serviços, estão com uma demanda de mão de obra enorme e trazem pessoas de fora, e precisam se alojar. Isso faz com que os proprietários e imobiliárias prefiram alugar para essas empresas, que aceitam pagar valores muito acima do razoável, disse.” O aluguel acima da média pago por essas empresas devido a grande demanda por casas gera uma inflação no mercado imobiliário, que impacta diretamente as famílias de trabalhadores da própria cidade. “(Essa situação) tem impacto negativo, muitas vezes, fazendo com que as pessoas tenham que deixar a cidade, mudando para cidades vizinhas e distritos”, destacou o líder do movimento habitacional.
    Erenildo Euzebio ainda destacou a importância da participação popular nestes movimentos. “Esses movimentos têm caráter permanente, há mais ou menos um ano, com a crescente nos aluguéis e o aperto cada vez maior nas pessoas, nós começamos a conversar e reivindicar porque o problema é muito grave. Nós temos pessoas ativas em dois grupos, em torno de 500 pessoas”. Invasões
    O líder do Movimento Popular de Habitação Popular de Mariana afirmou possuir uma postura muito clara em relação às invasões no município de Mariana.
    “As invasões são uma consequência da crise habitacional, os valores praticados no mercado imobiliário em Mariana são proibitivos e morar é uma necessidade, assim como beber, se agasalhar”, afirmou.
    Erenildo Euzebio afirma que considera a moradia como a política pública mais importante de uma cidade, pois ela é “mãe de outras necessidades”. Por não haver programas de financiamento no município, há pessoas que perdem a possibilidade de pagar o aluguel e que não têm a possibilidade de comprar um imóvel.Erenildo afirma que por conta dos altos valores de aluguéis e da impossibilidade de comprar a casa própria, as invasões se tornam uma opção para essas pessoas. “Aqui tem muito terreno desocupado. Então, as pessoas olham o terreno e olham para suas vidas, e acabam optando pela invasão. Assim como o aluguel caro, as invasões são consequência da desordem da cidade”, destacou o líder popular.Mariana também enfrenta problemas relacionados à presença de moradias em áreas consideradas de risco pela Defesa Civil.

    O Tenente Freitas destacou as ações relacionadas a essa atividade: “A Defesa Civil faz o trabalho de ir nas áreas de risco e avisar as pessoas e repassar um relatório à Secretaria de Obras, onde nós temos engenheiros que vão até o local e visitam realmente as residências para verificar se essas residências estão em risco mesmo. Feito isso, é realizado um trabalho em conjunto com a Secretaria de Desenvolvimento Social, onde é feito um levantamento, um relatório em que as pessoas que não têm condições financeiras e precisam sair de suas casas são encaminhadas para um programa de aluguel social para que deixem suas moradias, naquele período, pelo menos”.
    Porém outro problema é o baixa valor do aluguel social pago pela prefeitura de Mariana, em torno de R$ 300,00, o que é insuficiente para alugar uma casa, e assim o morador acaba inteirando o restante do próprio bolso. O jornal O Espeto também acompanha apreensões feita pela equipe de combate a invasões de retroescavadeiras e tratores abrindo estrada para dar acesso a locais para invasão, o que demonstra a ação de grileiros, pessoas que invadem, cercam e depois vendem lotes sem documento, apenas usando um contrato de compra e venda.
    O trabalho da equipe de combate a invasões, formada pela Guarda Municipal, Polícia Civel , Polícia Militar e Defesa Civil, será abordado numa futura reportagem.

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