Evolução dos casos de Aids em Mariana e Ouro Preto

    Casos identificados de AIDS crescem em Mariana nos últimos dez anos, mas em Ouro Preto, o número cai. Dados mostram que pessoas entre 20 e 34 anos tem sido mais afetadas.

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    O médico Dr. Luis Ernesto Chiriboga foi o primeiro a identificar um caso de AIDS em Mariana. Para ele, o fato de Mariana atrair um fluxo de trabalhadores de vários estados do país, pode explicar o aumento no número de casos identificados nos últimos dez anos.

    Por João B. N. Gonçalves e Hynara Versiani

              Cresce o número de casos identificados da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) no município de Mariana nos últimos dez anos, enquanto na cidade  vizinha, Ouro Preto, houve queda.

    Os dados são do Boletim Epidemiológico do Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis (DCCI). Os  adultos de 20 a 34 anos são os mais afetados pelo vírus da AIDS.

    De acordo com os dados do DCCI, em Mariana, o número de casos teve aumento de 90% de 2012 a junho de 2022 comparado aos dez anos anteriores.

    Já  em Ouro Preto, a queda no mesmo período foi de 25%.

    Na pesquisa citada foram contabilizados 57 casos de AIDS em Mariana nos últimos dez anos, contra 30 casos identificados nos anos 2001-2011.

    Já em Ouro Preto, o número é um pouco maior: foram 66 casos, contra 88 nos anos 2000. Houve uma diminuição nos últimos dez anos.

    Dr. Luis Ernesto Chiriboga

    O médico Dr. Luis Ernesto Chiriboga foi o primeiro a identificar um caso de AIDS em Mariana. Para ele, o fato da cidade ser um ponto de convergência de mineradoras, e atrair um fluxo de trabalhadores de vários estados do país, pode explicar o aumento no número de casos identificados nos últimos dez anos.

              A faixa etária mais afetada são aqueles que possuem entre 20 e 34 anos. Somando as duas cidades mineiras, foram 48 casos, sendo 28 deles em Ouro Preto e 20 em Mariana. O médico aponta as razões pelas quais acredita que seja essa a faixa de idade com mais pessoas infectadas:

     “É a população de maior atividade, trabalho, independência econômica, lazer e vida sexual ativa”, disse Dr. Luis Ernesto Chiriboga.

    O vírus da AIDS assombrou o Brasil nas décadas de 1980 e 1990, matando mais de 115 mil pessoas no período. Segundo dados do Boletim Epidemiológico HIV/AIDS, do Ministério da Saúde, nos últimos 32 anos, foram diagnosticados mais de 1 milhão de casos da doença em todo o Brasil.

    O crescimento do número de diagnósticos em Mariana não é um caso isolado, principalmente em relação aos jovens. De acordo com o Ministério da Saúde, mais de 52 mil jovens entre 15 e 24 anos foram infectados pelo vírus no Brasil. Em Mariana, os jovens também são aqueles com o maior índice de incidência da doença.

    Para quem porta o vírus, o diagnóstico precoce junto ao tratamento antirretroviral são as formas mais eficazes de se conviver com a doença. Dr. Chiriboga destaca que a medicação de grupo de antivirais deve se estender por toda a vida e lembra a necessidade de distinguir o paciente portador do vírus HIV, de quem possui a doença, visto que a pessoa pode portar o vírus por anos sem apresentar sintomas.

    A principal forma de transmissão do vírus HIV, causador da AIDS, é por meio de relações sexuais sem proteção, mas é possível contraí-lo de outros modos, como o compartilhamento de seringas e objetos cortantes de uso pessoal, como alicates de cutículas. Em relação à prevenção, o médico diz que “o mais importante é a prevenção, campanhas da Secretaria de Saúde, principalmente para os grupos mais expostos: adolescentes, trabalhadores, pessoal de saúde, casas de sexo, universitários”.