Por Hynara Versiani e João B. N. Gonçalves
No último sábado, dia 21/01/2023, ocorreu a Oficina Dança dos Orixás no Sindicato Metabase de Mariana. Reunindo crianças, adultos e idosos, o evento contou com diversas oficinas voltadas à arte e à cultura afro-brasileira. Após um aquecimento corporal, houve a percussão com toques afro, como Ijexá, e em seguida, os membros participaram da dança de Oxum e da dança de Xangô.
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Aluísio Augusto, que é Mestre de Congado e leciona capoeira no Sindicato semanalmente, disse que a oficina representa uma luta já presente na comunidade.
“A gente tem que fazer a nossa parte, não podemos deixar só nas mãos do poder público. E esse é meu objetivo, e é também por isso que nós abrimos as portas para outras pessoas”, conta.
Envolvido na causa há muitos anos, o Mestre de Capoeira diz se sentir em casa quando aborda essas questões: “Trabalhar com benzições e com toda a cultura afro é o que eu gosto, e também contribuir com as pessoas para ver se a gente ganha mais membros aqui, é muito bom”, comentou.
Os participantes da oficina também aproveitaram muito, ela acabou se estendendo além do horário previsto e alguns deles estão pedindo mais eventos como esse. De acordo com Aluísio, uma professora de história da rede municipal pegou muitos dos ensinamentos para usar em seu dia a dia na sala de aula, e já pedindo uma continuidade.
Levando em conta os pedidos para que esse seja um evento recorrente, o Mestre de Capoeira planeja que, todo último sábado de cada mês, haja reuniões que abordem temas afro-brasileiros. Aluísio conta que elas servirão para educar e reeducar as pessoas, além de afastar o preconceito. “Vamos fazer trabalhos de dança, falar sobre rezas, sobre benzeções… muita informação sobre cultura, sobre musicalidade, sobre conhecimento de orixás… é um leque de conhecimento.”
O Mestre de Congado comentou sobre um aluno que acreditava que não podia cantar uma certa música, por ela ser de Candomblé. “Nas reuniões, nós debatemos muito sobre isso, e concordamos que é preciso fazer um trabalho de conquista. A gente não pode chegar e impor”, declara.
Aluísio conta que, apesar de algumas pessoas demonstrarem preconceito contra as práticas, ele espera esse tipo de reação, e não a vê como uma dificuldade. “Eu faço aquele trabalho de conquista, e no dia a dia, ao longo do tempo, aparecem as pessoas certas. A cada dia, plantamos mais uma semente.”
De acordo com Aluísio, o evento reuniu aproximadamente 15 pessoas. O Mestre de Capoeira esperava um pouco mais, mas apesar disso, disse já possuir planos para eventos futuros. “Primeiro, o nosso projeto agora é um bloco de Carnaval, voltado à cultura afro também. Depois, a gente vai fazer mensalmente algumas reuniões, uma delas vai ser sobre batuque e culinária afro. Mas primeiro, vai ser o bloco”, revelou.