Mariana registra 379 casos de dengue em apenas três meses

Por: João B. N. Gonçalves e Hynara Versiani

Em apenas três meses de 2023, Mariana já registrou quase 20 vezes mais casos de dengue do que em todo o ano de 2022.
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De acordo com o último boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria Estadual de Saúde (SES), as cidades vizinhas (Ouro Preto e Itabirito) somam apenas sete casos de dengue no ano.
Segundo os dados, Minas Gerais é o terceiro estado com maior número de casos no país, foram contabilizados 105.439 casos prováveis, sendo que destes 35.678 casos foram confirmados, com 13 óbitos.

Em Mariana, a situação preocupa, considerando que apenas em janeiro, fevereiro e março, foram registrados 379 possíveis casos, contra apenas 22 casos durante todo o ano passado. O médico Dr. Rodrigo Miranda explica que os surtos da dengue são cíclicos, de modo que é comum haver anos em que o número de casos cresce exponencialmente. De acordo com o médico, isso ocorre pois após os surtos, o poder público e a própria população se atentam para os cuidados necessários, mas quando a situação se normaliza, a atenção diminui, fazendo com que os criadouros do mosquito transmissor voltem a proliferar.

Outra situação apontada pelo Dr. Rodrigo Miranda para o aumento de casos em Mariana é o volume de migrantes que passam pelo município. “São pessoas que vêm de regiões quentes, que assim como Mariana, possuem deficiência na coleta de lixo, com esgotos a céu aberto. Essas pessoas chegam contaminadas, os mosquitos (que em 90% dos casos nascem sem a doença) que estão aqui picam uma pessoa doente com o vírus circulante. Oito dias depois, ele já infectado pica outra pessoa”, diz.
Frente ao crescimento do número de casos de dengue, a Secretaria de Saúde de Mariana alerta para os cuidados no combate ao mosquito.

O município intensificou as ações em março. De acordo com o setor de zoonoses da prefeitura, foram retirados 58 caminhões de inservíveis, que podem acumular água parada, em toda a cidade de Mariana.
Estão sendo realizadas também limpezas em diversos bairros do município. Até o momento, 30 bairros já receberam os serviços de prevenção da doença. Buscando evitar o acúmulo de água parada e a proliferação da doença, esses mutirões de limpeza serão realizados regularmente para evitar o acúmulo de água parada e assim reduzir os riscos de proliferação da doença.

No combate ao mosquito, é importante que a população se atente para alguns cuidados, como não deixar água parada em garrafas, baldes e vasos de plantas; tampar caixas d’água e cisternas; descartar pneus, garrafas e latas em locais adequados; e para quem utilizar lonas para cobrir objetos, mantê-las esticadas para evitar formação de poças de água.

Para o tratamento das doenças transmitidas pelo aedes aegypti, o Dr. Rodrigo Miranda esclarece que a pessoa contaminada pode utilizar dois antitérmicos: dipirona e paracetamol; mas que é preciso evitar o uso de anti-inflamatórios, pois eles podem causar complicações no quadro, incluindo a possibilidade do paciente ter um caso de dengue hemorrágica. Além disso, o médico destaca ser necessário que o paciente consuma água, considerando que aqueles que não se hidratam bem costumam apresentar casos mais graves da doença.

Como forma de impedir que o vírus circule, o médico reitera que é preciso que o paciente tome determinados cuidados.
“A pessoa que está com dengue é um reservatório da doença. Assim que ela for picada, esse mosquito vai picar outra pessoa e vai passar a doença à diante. Essa pessoa precisa ser isolada do mosquito, ou seja, utilizar camisa e calça compridas, repelentes, utilizar mosquiteiros durante à noite”, explica.