Assista ao vídeo-Moradia: Invasão ainda é a única opção em Mariana

    “Os últimos bairros em Mariana foram criados em 1996, e a partir daí a cidade começou a inchar” afirma Marcos Antônio, participante da Associação Nossa Casa

    Por: João B. N. Gonçalves e Hynara Versiani

    O tema “moradia digna” tem sido amplamente discutido em Mariana nos últimos anos, com moradores reclamando dos valores dos aluguéis, da baixa disponibilidade de imóveis e da inexistência de políticas habitacionais. O membro da Associação Nossa Casa, Marcos Antônio, falou ao Jornal O Espeto sobre como vê a situação da moradia no município.


    Marcos Antônio tem 49 anos, nascido e criado em Mariana, é funcionário da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Ele explica que a razão para a criação da Associação Nossa Casa é organizar a luta por moradia no município: “Como sociedade civil, estamos nos organizando para dar partida nas nossas iniciativas para sanar, pelo menos um pouco, a questão habitacional da cidade.”


    Por ser um polo minerário, centro de atuação de grandes empresas como a Vale S/A, Samarco e Cedro, Mariana recebe mão de obra vinda de outros Estados do Brasil. Muitas vezes, essas empresas são responsáveis por arcar com os custos habitacionais de seus empregados, e de acordo com o membro da Associação Nossa Casa, isso resulta em aluguéis mais caros, pois as imobiliárias e proprietários elevam os seus preços.
    Marcos Antônio pontua que a situação da moradia em Mariana pode ser considerada humilhante para muitas pessoas, pois não podem competir com os valores pagos pelas empresas minerárias.
    “Observamos hoje famílias inteiras sendo despejadas de forma humilhante porque não têm condições de pagar esses aluguéis abusivos, que as empresas pagam”, diz Marco Antônio.A principal consequência apontada por Marcos para a falta de moradia digna no município é o surgimento das chamadas invasões. “Ironicamente é uma opção resultante da falta de opção. (Na maioria das vezes), é a necessidade do cidadão pobre, que sem nenhuma condição de adquirir um imóvel ou pagar esse aluguel abusivo, vai lá, ocupa, faz seu barraco, muda-se com sua família”, afirma.Marcos Antônio ainda faz uma crítica ao rumo que as ocupações tomaram em Mariana.

    “O que começou como um movimento popular de política habitacional se transformou, em grande parte, numa máfia envolvendo desde empresários locais a agentes públicos, que invadem, compram, vendem, constroem e alugam casas e apartamentos nesses locais”.


    Ele jamais presenciou uma situação tão grave em relação à questão habitacional. “Moro aqui desde que nasci e digo que nunca estivemos numa situação tão péssima quanto está agora.
    Os últimos bairros criados em Mariana datam de 1996, a partir daí a cidade começou a inchar com a chegada de novos cidadãos somada ao crescimento natural da população”.


    Para Marcos, esse movimento gerou um aumento na demanda por imóveis, o que inflou os valores dos aluguéis, dificultando a aquisição pela população mais pobre. Ele ainda afirma que os problemas habitacionais são urgentes, mas que devem ser pensados a longo prazo.Segundo Sr. Erenildo um dos envolvidos na construção da Associação Nossa Casa, seu estatuto foi formalizado no dia 29 de abril e pretende-se adquirir de forma coletiva um terreno para possibilitar um loteamento popular.

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