Nova Lima tem a maior média salarial do Brasil para cidades com até 50 mil habitantes
Por João B. N. Gonçalves
O ‘Mapa da Riqueza’ divulgado neste ano pelo Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (FGV Social), indica que Ouro Branco, São João Del Rei, Itabirito, Ouro Preto e Mariana estão entre os municípios com as maiores rendas médias por habitante na região.
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Diogo de Vasconcelos, por outro lado, aparece como o menor valor mensal (R$ 178,34).
A avaliação para a pesquisa foi feita em 2020, sendo usada a combinação dos dados do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF), gerados pela Receita Federal, e de pesquisas domiciliares usados em estudos sobre pobreza e desigualdade.
O cálculo é feito sobre a renda total acumulada do município em relação ao número de habitantes.
Enquanto outro município mineiro, Nova Lima, na Grande BH, aparece como a maior renda média do Brasil em municípios com mais de 50 mil habitantes, atingindo R$ 8.897 por habitante.
Em nossa região somente Ouro Branco tem renda por pessoa superior ao salário mínimo atual (R$ 1.320,00). Ouro Branco está no ranking de Minas na posição 16º em 854 cidades. Nada mal.
Confira o ranking completo.
Este estudo mapeia fluxos de renda e estoques de ativos dos brasileiros a partir do último IRPF disponível.
Esta análise é útil para desenho de reformas nas políticas de impostos sobre a renda e sobre o patrimônio.
Metodologia da Fundação Getúlio Vargas é baseada nos dados do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) gerados pela Receita Federal do Brasil (RFB) que permitem captar os valores da renda dos brasileiros, de melhor forma do que dados de pesquisas domiciliares tradicionalmente usados em estudos sobre pobreza e desigualdade.
Assim, pode-se pensar os critérios para declaração do imposto de renda como uma linha que permite identificar os residentes no país com maior poder de compra.
O professor do curso de Administração do Instituto Federal de Ouro Preto (IFMG) Sebastião Nepomuceno, afirma que a comparação da renda geral da população pode não ser a melhor alternativa para realizar os estudos.
“Acho complicado comparar renda média geral de cidades tão distintas, quando se considera as oportunidades (que cada uma oferece). Por exemplo comparar Ouro Preto com Acaiaca, por exemplo, é economicamente impossível”, diz.
Os dados da FGV não desconsideram a população inativa, nem mesmo aqueles que têm empregos informais, quando se considera somente os trabalhadores ativos os dados são um pouco diferentes.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2020, a média mensal dos trabalhadores formais de Ouro Preto é de 3,1 salários mínimos.
Esse aumento relativo em relação aos anos anteriores também aparece em outros municípios da região, como Mariana e Itabirito, com 2,4 salários em média. Veja gráfico sobre renda salarial.
Valores conforme o salário mínimo vigente em 2020.
Prof. Sebastião Nepomuceno explica que a diferença entre as rendas médias dos municípios pode ser compreendida a partir de alguns fatores, entre eles o isolamento geográfico.
“O primeiro é o isolacionismo geográfico dessas cidades com renda menor. São cidades que se localizam longe dos maiores centros econômicos. Ouro Preto está mais próxima de Belo Horizonte se comparada com Acaiaca, por exemplo.”
O especialista em Administração ressalta que fatores de produção também influenciam na condição econômica dos municípios:
“População, recursos naturais e capital. Se compararmos Ouro Preto e Mariana com outros municípios, elas se destacam. Ouro Preto tem aproximadamente 1200 km² de território e Mariana fica próximo disso. Além disso, estamos localizados no quadrilátero ferrífero que possui grandes reservas de minerais. Em Itabirito destaca-se a fonte de água, que inclusive abriga a fábrica da Coca-Cola. Por isso, temos muitos recursos naturais a serem explorados”, explica.
Ele alerta que apesar de Mariana, Ouro Preto e Itabirito possuírem uma renda por habitante maior, há problemas de desigualdade graves, principalmente nos distritos.
“Temos uma população média, mas isso também traz problemas de desigualdade na distribuição de renda. Há muitos distritos que se localizam a grande distância da sede do município, e que sofrem com o isolamento. Portanto, são atingidos pela falta de oportunidade de trabalho, o que impede, muitas vezes, melhorar a renda per-capita familiar”, declara.
Nota da Redação:
Os dados revelam matematicamente as desigualdades e as oportunidades entre as cidades e regiões.
Representam então um Brasil de desigualdades onde uma cidade ou mesmo um distrito possam ter resultados econômicos tão diferentes, mesmo na mesma cidade com excelente economia, distritos sem infraestrutura alguma !
As consequências naturais disso vemos no inchaço das cidades, e da precarização dos serviços públicos que não acompanha o aumento populacional.
Podemos dizer que vivemos em cidade ricas porém a população em uma considerável parte não tem oportunidades para aproveitar essas oportunidades.
O isolamento sofrido pelos distritos com péssimas estradas muitas vezes, instabilidade de rede elétrica, falta de internet, faz com que os jovens principalmente busquem alternativas nos centros urbanos. A desigualdade desnudada não aceita maquiagem.