Em resposta ao Jornal O Espeto o Sr. Evaristo Bellini, superintendente da Saneouro informou que entre janeiro e agosto de deste ano foram feitos 2.726 cortes de água em Ouro Preto. A Saneouro informou que oferece programas atrativos de quitação dessas dívidas. E que o corte só acontece quando todas as tentativas de negociação tiverem se esgotado.
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Veja entrevista do Sr. Evaristo Bellini, superintendente da Saneouro ao jornal O Espeto:
Por João Bendito Gonçalves e Hynara Versiani
Jornal O ESPETO: Qual a taxa de cobertura de água fornecida pela Saneouro? Em quantas casas a água fornecida pela Saneouro chega?
Sr. Evaristo Bellini : Atualmente, 97,66% da área urbana de Ouro Preto, levando-se em consideração sede e distritos, é atendida pela água fornecida pela Saneouro. É importante ressaltar que o contrato de concessão entre a Saneouro e a Prefeitura Municipal de Ouro Preto é para atendimento às áreas urbanas do município.
O ESPETO: Ao longo do último ano, a Administração Pública de Ouro Preto realizou reuniões para debater o corte de água. De quantas casas a Saneouro precisou cortar o fornecimento de água? Quais as razões para a empresa adotar essa medida?
Sr. Evaristo Bellini: O corte de água é a última medida adotada pela Saneouro após negociação com os clientes para que paguem seus débitos com a companhia. Nós temos o programa Fique em Dia, que oferece condições atrativas de quitação de dívidas, de forma parcelada. O motivo do corte é a falta do pagamento pelo produto recebido, como acontece com outros serviços. A água que sai na torneira de nossas casas, ao contrário do que muitos pensam, não é a água que vemos em um rio, córrego ou cachoeira. É uma água que foi captada nessas fontes naturais e que depois da captação passa por um longo processo, que envolve tratamento que a torne potável, armazenamento e distribuição até os imóveis. É por todo este serviço, que exige investimentos em todas as suas etapas, que se paga.
Entre janeiro e agosto de 2023, a Saneouro fez 2.726 cortes de água no município. A Saneouro sabe que houve um movimento em Ouro Preto de estímulo para que as pessoas não pagassem as contas de água. Isso gerou um endividamento da população com a companhia, mas reitero que oferecemos programas atrativos de quitação dessas dívidas. E que o corte só acontece quando todas as tentativas de negociação tiverem se esgotado.
O ESPETO : A Saneouro sofreu críticas e protestos da população por conta da instalação dos hidrômetros, essa questão foi superada?
Sr. Evaristo Bellini : A instalação de hidrômetros é uma ação nova para os ouro-pretanos e, portanto, é uma quebra de cultura local. A Saneouro lidou com naturalidade em relação às críticas. A necessidade de hidrometração, inclusive, já era prevista no Plano Municipal de Saneamento Básico, construído em 2013 pela Prefeitura Municipal de Ouro Preto. É preciso que a população entenda que a hidrometração é a única forma de medição de consumo de água de um imóvel. É, portanto, uma questão de justiça social, já que com eles cada imóvel paga apenas pela água que consumiu.
Ou seja, quem consome menos água, paga menos. E é também um instrumento importante para estimular o consumo consciente da água, que é um recurso finito. Atualmente, 92% dos imóveis da sede e dos 12 distritos já estão hidrometrados e a Saneouro vai seguir o trabalho de instalação dos aparelhos até que atinja o índice de 100%.
O ESPETO : Quantas ações de reparo em rede de esgoto e abastecimento de água a Saneouro já realizou? Quais os reparos mais frequentes? E por quê?
Sr. Evaristo Bellini : De janeiro de 2020 até hoje, a Saneouro já executou 33.042 serviços na sede e nos distritos de Ouro Preto. Os mais recorrentes foram verificação de falta de água e manutenção de redes de água.
O ESPETO: Do ponto de vista da Saneouro, qual o balanço das ações desenvolvidas em Ouro Preto desde janeiro de 2020?
Sr. Evaristo Bellini : Estes primeiros anos foram de arrumar a casa, afinal assumimos um sistema que era totalmente carente de investimentos e trabalhamos ativamente em várias melhorias necessárias. Desde janeiro de 2020, já investimos cerca de R$ 50 milhões em obras e melhorias que beneficiaram tanto a sede quanto cada um dos 12 distritos do município. Implantamos ou melhoramos mais de 61 quilômetros de redes de abastecimento de água, revitalizamos as quatro Estações de Tratamento de Água (ETA) e a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) do distrito de São Bartolomeu, reformamos 14 elevatórias, ampliamos e recuperamos 17 poços artesianos e construímos e entregamos outros dois poços, localizados nos distritos de Antônio Pereira e de Santa Rita de Ouro Preto.
Além disso, investimos em tecnologias que nos ajudam a assegurar a disponibilidade e a qualidade da água. Um exemplo disso é a instalação da telemetria – que faz o monitoramento e o controle de forma remota, em tempo real, e permite que controlemos o nível de água dos reservatórios, ligando e desligando o bombeamento. Isso evita as perdas de água com transbordamento. Os distritos de Santa Rita de Ouro Preto e Antônio Pereira já contam com sistema de telemetria, assim como o bairro Bauxita, na sede. Também instalamos o Centro de Controle Operacional na ETA Itacolomi. Com ele, monitoramos à distância as principais estações de bombeamento responsáveis pelo abastecimento de água e nossos técnicos conseguem identificar possíveis falhas decorrentes de interrupção de energia e panes de equipamentos nas unidades.
O ESPETO: Qual a expectativa da Saneouro para a sua atuação nos próximos anos em Ouro Preto?
Nossas expectativas são as melhores possíveis. A Saneouro se orgulha enormemente de ser a responsável pelos serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário de uma cidade como Ouro Preto, que é patrimônio mundial da humanidade. As pessoas precisam entender que saneamento é um trabalho de resultados de longo prazo e por este motivo é uma concessão de serviço longa, de 35 anos de duração. Ainda temos 32 anos de trabalho pela frente em Ouro Preto. E vamos entregar à cidade a universalização dos serviços de abastecimento de água e de esgotamento sanitário, como exige o Marco Legal do Saneamento no Brasil.
Aprovado em 2020, o Marco estabelece que até 2033 99% da população brasileira deverá ser atendida com tratamento de água e 90% com serviços de esgotamento sanitário Ouro Preto atingirá esses índices porque a Saneouro tem as condições necessárias de investimento e de disponibilização de tecnologia para viabilizar. Foi exatamente o Marco Legal que aumentou a participação das empresas privadas nos serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário no Brasil.
Neste mês de agosto, a Associação e Sindicato Nacional das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água Esgoto divulgou estudo que mostra que hoje 51 milhões de pessoas em 850 municípios brasileiros são atendidas por concessionárias privadas, como a Saneouro. Isso representa um aumento de 292% da participação privada nos últimos 10 anos. A explicação é muito simples: as prefeituras, que na maioria das vezes ficavam responsáveis por este serviço em cidades de pequeno e médio portes, não têm receita e, portanto, não têm capacidade de investimento neste setor.
Falando dos projetos da Saneouro no curto prazo, temos entregas importantes a fazer nos próximos meses. Outros três poços já estão em implantação e vão aumentar a disponibilidade e a qualidade da água distribuída aos moradores de Ouro Preto. O maior deles é o Vila Alegre, que terá capacidade para atender cerca de 9.000 pessoas em Cachoeira do Campo, Santo Antônio do Leite, Glaura e Amarantina. Deve ser inaugurado em abril de 2024.
Em Amarantina, o poço Riacho vai produzir 3.820 mil litros de água por hora. A previsão é que seja concluído nas próximas semanas. Já na sede, a Saneouro deve finalizar em maio de 2024 o poço Água Limpa, que abastecerá toda a região Norte da cidade, alcançando 3.000 pessoas. No médio prazo, temos uma obra que vai mudar a realidade do saneamento básico em Ouro Preto. Trata-se da Estação de Produção de Água de Reuso (Epar) Osso de Boi. Em sua primeira fase, ela terá capacidade de tratar 40% do esgoto do município. Os primeiros equipamentos para implantação da Epar chegaram a Ouro Preto em maio de 2022. Nós aguardamos desde dezembro de 2021 a aprovação do licenciamento ambiental pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento para iniciar as obras, que têm previsão de duração de 18 meses. Hoje, apenas 0,67% do esgoto produzido no município é tratado, na Estação de Tratamento de Esgoto de São Bartolomeu. A Epar vai mudar esta realidade. Além da Epar, vamos instalar projetos de tratamento nos diferentes distritos.
Por fim, gostaria de reiterar que nosso trabalho de saneamento básico resulta em mais qualidade de vida e saúde para a população atendida. Segundo números da Organização Mundial de Saúde (OMS), a cada R$ 1,00 investido em saneamento básico evita-se o gasto de R$ 9,00 em saúde pública, com internações e tratamentos decorrentes de veiculação hídrica.