Mutirão para cirurgias de reconstrução mamária devolve autoestima a pacientes do Hospital Alberto Cavalcanti

    Ação ocorreu no hospital da Rede Fhemig, em Belo Horizonte, e beneficiou pacientes com idades entre 40 e 60 anos

    Seis mulheres atendidas pelo Hospital Alberto Cavalcanti, do Complexo de Especialidades da Rede da Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig), referência estadual em oncologia, foram submetidas a cirurgias plásticas reconstrutoras das mamas nesse sábado (21/10), durante mutirão realizado pela equipe de cirurgiões plásticos da unidade. A ação integra o Outubro Rosa – mês de conscientização sobre o câncer de mama.

    As próteses beneficiaram pacientes com idades entre 40 e 60 anos que tiveram um dos seios, ou parte de um deles, retirado durante o tratamento e que aguardavam pelo procedimento reconstrutor. São mulheres casadas ou divorciadas, que têm filhos e vivem em Belo Horizonte ou na região metropolitana.

    O cirurgião plástico e coordenador do setor de Cirurgia Plástica do HAC, Guilherme Greco, ressalta que a reconstrução é importante para a autoestima e a reintegração social dessas pessoas. “As mamas são um símbolo de feminilidade. Sua mutilação compromete a auto-imagem e prejudica as relações interpessoais e profissionais das mulheres”, afirma o médico.

    “Nesses casos, é fundamental o acompanhamento multidisciplinar com psicólogos e terapeutas, além de mastologistas, oncologistas e cirurgiões plásticos. A readaptação, geralmente, é tranquila e lenta, com a retomada das atividades entre 15 e 30 dias”, explica.

    Presente da medicina

    A vendedora Flávia Silene Rabelo, 52 anos, divorciada e mãe de dois filhos, mora em Belo Horizonte. Ela fez a cirurgia para a retirada da mama direita em abril deste ano e desde então aguardava pela reconstrução. Diagnosticada com câncer de mama em julho de 2022, após um acidente de carro em que o cinto de segurança pressionou seus seios, Flávia iniciou o tratamento no Hospital Alberto Cavalcanti em setembro do mesmo ano.

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    “Fiz quimioterapia e radioterapia. Perdi todo o cabelo durante a quimioterapia e não conseguia usar peruca. Então, optei pelos lenços. A reconstrução da mama vai permitir que eu me sinta uma mulher completa novamente. Não gosto de ver faltando a parte do meu corpo que acho mais bonita. Agradeço a Deus por estar respirando e ao SUS (Sistema Único de Saúde) pela oportunidade. A reconstrução é um presente da medicina”, sublinha.

    Flávia conta que está ansiosa para voltar a usar os sutiãs que estavam guardados. Ela também quer comprar uma peça nova e se olhar no espelho. Segundo a vendedora, sua autoestima ficou fragilizada com a tripla perda: peso, cabelos e mama. “Me sentia feia e não gostava de ficar sem lenços, a careca me incomodava, mas me mantive confiante na cura. A retirada do seio foi um choque. Mas, após a mastectomia, percebi que não era o fim do mundo e fui me aceitando”, revela.

    Outro aspecto importante para o seu processo de cura foi poder contar com o amor das pessoas que a cercam. “Tive total apoio da minha família e amigos. A vida é um flash. Viva o hoje, faça tudo o que deseja, pois o amanhã é incerto. Tenha fé, a tempestade passa. Deus existe. Seja positiva e acredite que tudo depende de você querer viver”, ensina.

    Oportunidade

    Também divorciada e mãe de dois filhos, a agente comunitária de saúde Marcilene Rosa Batista, 41 anos, mora em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). Ao contrário das outras cinco mulheres que participaram do mutirão, ela não teve a retirada total do seio, embora também tenha sido submetida à reconstrução. No seu caso, foi realizada a setorectomia – retirada de parte da mama, indicada nos casos em que o tumor apresenta até 20% de extensão.

    “Fiquei muito feliz e ansiosa com a notícia do mutirão. Depois do câncer, eu estava muito desanimada e acredito que a cirurgia vai levantar minha autoestima. Quero voltar a me sentir bem ao olhar no espelho e ver que minhas mamas estão iguais”, relata. Assim como Flávia, Marcilene planeja comprar novos sutiãs.

    Paciente do HAC desde seu diagnóstico em novembro de 2020, ela passou pela radioterapia, sem a necessidade de quimioterapia. “Foi um período muito difícil. Eu fazia radioterapia às 7h, chegava em casa às 10h e dormia o resto do dia. Não me levantava nem para comer, porque me sentia muito fraca. Chorei no dia do diagnóstico e encarei a doença como uma oportunidade para lutar pela minha vida, porque muitas pessoas não têm essa chance”, recorda.

    Marcilene lembra que conheceu o atual noivo um mês antes do diagnóstico do câncer de mama e que contou com sua companhia e apoio durante todo o tratamento, como também com o amor de toda a sua família e amigos. “Tenha fé e mantenha o pensamento positivo, é muito importante ter a mente sadia. Deus está te dando a oportunidade de lutar pela sua vida, então lute”, recomenda.