Ouro Preto lança primeiro estudo sobre a saúde da população negra do Brasil

    Estiveram presentes no evento, o prefeito Angelo Oswaldo, a secretária adjunta de Cultura e Turismo, Margareth Monteiro, o secretário de Desenvolvimento Social e Cidadania, Edvaldo Rocha, os vereadores Alex Brito e Renato Zoroastro, além do coordenador técnico da pesquisa, Aisllan de Assis, a epidemiologista Ana Paula Nunes e o presidente do Conselho Municipal de Promoção de Igualdade Racial, Luiz Carlos Teixeira.

    O prefeito Ângelo Oswaldo destaca a singularidade do estudo, lembrando o pioneirismo da proposta e a participação de especialistas em saúde da UFOP e outras universidades do Estado. O vereador Alex Brito expressou sua alegria ao saber que Ouro Preto, uma cidade onde 70% da população se reconhece como preta ou parda, está na vanguarda desse estudo.

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    Por: João B. N. Gonçalves e Hynara Versiani

    Nesta terça-feira, 20 de novembro, Dia Nacional da Consciência Negra, ocorreu o lançamento do “Estudo Saúde da População Negra de Ouro Preto”, organizado pela Casa de Cultura Negra junto à Diretoria da Promoção da Igualdade Racial da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo.

    O lançamento fez parte da programação do Novembro Negro, em Ouro Preto, contando com a presença de professores e pesquisadores que participam da pesquisa, além de autoridades locais.

    O estudo foi possibilitado por um edital de emenda parlamentar da deputada federal Áurea Carolina, lançado em 2022, que destinou R$ 480 mil para o desenvolvimento da análise da saúde da população negra.

    Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população negra representa 70% dos 74 mil habitantes do município. De acordo com o coordenador técnico do estudo e professor de Saúde Coletiva da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Aisllan de Assis, o objetivo da pesquisa é promover, em 24 meses, um diagnóstico da saúde dessa população.

    Para Aisllan, o estudo é inédito, pois será o primeiro no país com base territorial, que avalia as condições de vida e território das comunidades, bairros e distritos da cidade. “A originalidade deste estudo está em ser o primeiro no Brasil que tem como base o próprio território de vida das pessoas. Existem outros estudos, mas sempre muito recortados em comunidades ou grupos e com base em dados secundários”, diz.

    O prefeito Ângelo Oswaldo destaca a singularidade do estudo, lembrando o pioneirismo da proposta e a participação de especialistas em saúde da UFOP e outras universidades do Estado, como a Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM). O prefeito salienta que a pesquisa para se entender os fatores relacionados às doenças que atingem a população negra de Ouro Preto.

    O diretor de Promoção da Igualdade Racial de Ouro Preto, Kedison Guimarães, ressalta a importância da pesquisa para o desenvolvimento de políticas públicas voltadas para a população negra. “O estudo será voltado para entendermos quais são as carências e as necessidades da população negra para que assim possamos traçar metas, políticas públicas para a população negra do município”, afirma.

    O vereador Alex Brito esteve presente na cerimônia e destaca o pioneirismo de ouro Preto com o estudo. O vereador expressou sua alegria ao saber que Ouro Preto, uma cidade onde 70% da população se reconhece como preta ou parda, está na vanguarda desse estudo, reforçando a ideia de que a cidade é um ponto de partida significativo para iniciativas dessa natureza.

    O projeto ainda inclui a inauguração da Sankofa, uma plataforma de pesquisa sobre saúde e cultura da população negra na Casa de Cultura Negra de Ouro Preto.

    A partir do estudo, a equipe pretende que o espaço seja uma unidade de pesquisa e produção de reconhecimentos para a comunidade negra local, proporcionando um ambiente de compartilhamento de conhecimentos sobre saúde e servindo como modelo de metodologia de pesquisa para pesquisadores e universidades.

    Durante o evento, foi feito o anúncio de mais um novo projeto, o “Capoeira nas escolas”, que terá início a partir do ano que vem e que tem como objetivo oferecer aulas gratuitas de capoeira para os alunos, onde os jovens irão se aproximar das raízes brasileiras.

    Para o secretário de Cultura e Turismo, Flávio Malta, a pesquisa é a base para um novo futuro, onde a inclusão e oportunidades serão destaques. “Será com base neste documento que o nosso município irá eliminar percepções arcaicas, bem como o racismo estrutural”, finalizou.

    Nossa região é reconhecida pelo apoio e preservação das manifestações culturais, como, por exemplo o Congado. É por isso que, para o diretor de Promoção da Igualdade Racial de Ouro Preto e responsável pela direção executiva da pesquisa, Kedison Guimarães, é urgente o fortalecimento e implantação de políticas públicas direcionadas aos cuidados com a saúde e qualidade de vida das pessoas negras, possibilitando um avanço importante na área da saúde.

    “A importância do estudo é o fortalecimento de políticas de saúde e qualidade de vida da população negra do nosso município. Vamos avaliar as condições de vida e territoriais das comunidades, bairros e distritos da cidade e elaborar um modelo de análise epidemiológica e saúde coletiva da população negra”, destaca.

    O prefeito Ângelo Oswaldo participou do evento e definiu o momento como histórico, uma vez que Ouro Preto protagoniza o cuidado para a saúde da população afrodescendente, garantindo o acesso ao tratamento adequado precocemente.

    “Essa era uma pauta antiga e sempre debatida, pois precisamos compreender as causas que levam o adoecimento da pessoa negra. Nós sempre acompanhamos nossa população de perto e com esse trabalho será possível compreender as motivações de diversas doenças, inclusive as cardíacas que causam muitos óbitos entre as pessoas negras”, frisou.

    Os pesquisadores também irão analisar aspectos predominantes e exclusivos do negro e negra como por exemplo, o reconhecimento da saúde mental, a qualidade do ambiente nos territórios e distritos, a saúde das mulheres, adolescentes e crianças, a saúde dos idosos e idosas, dos homens e dos trabalhadores.