Qualidade da água em Mariana e a incidência de doenças.
Texto por Beatriz Granha e Leandro Henrique dos Santos
De acordo com a diretoria do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) de Mariana, toda a água distribuída passa por tratamento e a autarquia respeita as normas e é regulada pela agência ARIS, de Viçosa.
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A direção do SAAE explica que as Estações de Tratamento de Água (ETAs) são abastecidas com água captada dos mananciais e transportada por adutoras. Na ETA, a água passa, pelas etapas de floculação, decantação, filtração, desinfecção e fluoretação, e somente após o tratamento é bombeada para os reservatórios e colocada nas redes de distribuição.
No caso da distribuição feita pelos caminhões-pipa, o SAAE explica que a água é clorada com pastilhas.
Um morador de Passagem de Mariana veio ao jornal O Espeto reclamar que a água do caminhão pipa que foi abastecer sua casa estava com cor amarelada ! “Que água potável ou tratada é essa ?” Disse ele.
Sr. João Luiz Aranha, biólogo da Secretaria Municipal de Saúde, esclarece que a utilização do cloro é essencial, e que é importante estar atento à concentração correta do cloro para ter uma ação eficaz.
“Além de usar o cloro, deve-se monitorar sua concentração. Além disso, dependendo do manancial, é necessário filtrar a água também. Não podemos esquecer que o cloro é somente um dos parâmetros que levamos em consideração. Existem outros parâmetros, como turbidez, cor aparente e metais pesados. Portanto, é igualmente importante estudar a água no ponto de captação para termos certeza de que os demais parâmetros (além do cloro) estejam dentro dos valores preconizados por lei”, diz o biólogo.
O SAAE afirma que a qualidade da água em Mariana não foi afetada pelo rompimento da barragem que ocorreu em 2015.
João Aranha explica que desde 2018 o Comitê Interfederativo (CIF), que trata de diversas questões relacionadas ao rompimento da barragem de Fundão, através da Câmara Técnica de Saúde (CT-Saúde), realiza o Plano de Monitoramento da Qualidade da Água para Consumo Humano (PMQACH) e que a Secretaria de Saúde de Mariana participa da CT-Saúde acompanha o trabalho desde seu estabelecimento. Ele explica que, em Mariana, o PMQACH contempla as regiões de Pedras, Borba, Ponte do Gama, Paracatu de Baixo e Camargos. “Vale mencionar que todas as formas de abastecimento são monitoradas, isto é, as soluções alternativas individuais (SAI), soluções alternativas coletivas (SAC) e os sistemas de abastecimento de água (SAA).
A Vigilância em Saúde de Mariana participa das coletas de água (do PMQACH) mensalmente, e todos os resultados obtidos são, então, estudados juntamente com o Estado e União, sendo inseridos, posteriormente, em uma plataforma do Ministério da Saúde. Todos os possíveis resultados em desacordo com os valores estipulados por lei são detectados e, a partir daí, as medidas cabíveis são tomadas”, esclarece João Aranha.
De acordo com o biólogo Sr. João Aranha, é assegurado ao consumidor, de acordo com o Decreto n.º 5.440 de 4 de maio de 2005, receber do prestador de serviço de distribuição de água informações sobre a qualidade da água para consumo humano nas contas mensais. O biólogo explica que o prestador de serviço também pode utilizar de outros meios como informações eletrônicas ou jornais de circulação local para a divulgação das informações.
“Quem exerce a fiscalização da qualidade da água para consumo humano é a
Secretaria Municipal de Saúde, através da Vigilância em Saúde. Todos os resultados
obtidos na fiscalização feita pela Vigilância em Saúde podem ser disponibilizados à
população para consulta pública.” afirma João Aranha.
SEM TRATAMENTO DE ESGOTO
Atualmente a cidade de Mariana não possui tratamento de esgoto. De acordo com o SAAE, já está em andamento a maior obra de saneamento básico do município, com o lançamento das redes coletoras que vão interligar às demais redes do município.
Na sequência será construída uma ETE (Estação de Tratamento de Esgoto, onde todo o esgoto será tratado.
O médico Rodrigo Miranda afirma que a falta de tratamento de esgoto na cidade pode estar relacionada a incidência de doenças como parasitoses intestinais. “Em algum local ao longo de um rio ou curso d’água que está recebendo esgoto não tratado, pode-se captar a mesma para consumo e adoecer”. Dessa forma, a população de comunidades sem acesso à água tratada está mais suscetível à essas doenças.
O biólogo João Luiz explica que a falta de tratamento de esgoto traz prejuízo para a população que vive em áreas de esgoto a céu aberto e/ou que fazem qualquer tipo de uso de água contaminada, com a incidência de doenças como as gastroenterites, leptospirose, hepatite e esquistossomose, dentre outras, e também prejuízo ambiental, como, por exemplo, a poluição de rios e solos. Ele destaca que as crianças são as mais vulneráveis.
De acordo com o médico Dr. Rodrigo Miranda, as medidas que podem ser tomadas pelo poder público para a melhoria da qualidade da água são, por exemplo, a proteção dos mananciais mais além da área de captação.
“Além disso, divulgar, as análises de qualidade da água para toda a população de maneira acessível, clara, objetiva e contínua, onde possamos avaliar se realmente há o tratamento da água que é dito”, diz Rodrigo Miranda.
Nota da Redação :
Infelizmente o que vemos é em Mariana é : falta água em época de seca e também em época de chuva ! E a água existe já que ela vai de caminhão pipa para as casas.
O que não pode, por ventura acontecer, é pagar por água potável e levar para a casa do consumidor água sem tratamento. Pagar por uma coisa e entregar outra ?