Exposição “O que pode o corpo?” foi inaugurada na galeria de arte Nello Nuno
na última sexta-feira
Por: João B. N. Gonçalves e Hynara Versiani
Na última sexta-feira, 19 de janeiro de 2024, a Fundação de Arte de Ouro Preto (FAOP) estreou na galeria Nello Nuno a exposição “O que pode o corpo?”, com obras produzidas pelo artista plástico Caio Mateus, 30 anos. Caio Mateus é natural de Divinópolis e reside em Ouro Preto há dois anos. O artista foi diagnosticado com autismo aos 26 anos.
Com o objetivo de provocar reflexão sobre as possibilidades do corpo nas artes visuais, a mostra traz
oito pinturas e sete desenhos inspirados em fotografias sobre a formação embrionária inesperada e em anomalias de órgãos humanos.
A exposição, dividida em dois projetos distintos, “Antagonismo” (2021) e “O que pode o corpo?” (2023), revela a evolução artística de Caio ao longo dos anos.
Na primeira parte, “Antagonismo”, Caio explora 180 desenhos inspirados na reconstrução facial de soldados da Primeira Guerra Mundial. Em suas próprias palavras, ele descreve o trabalho como uma tentativa de “dialogar com o que pode ser o corpo”, destacando a representação visual das complexidades da reconstrução e enfrentamento de adversidades.
A segunda parte, “O que pode o corpo?”, concentra-se em oito pinturas e sete desenhos inspirados em fotografias do Hospital Sainte Justine, no Canadá, abordando formações embrionárias inesperadas e anomalias em órgãos humanos. Neste contexto, Caio explora a profundidade da condição humana, expressando-se através da pintura e da superfície da tela.
Caio Mateus explica a separação entre os dois momentos da exposição, destacando que ambos exploram a questão do corpo estranho, buscando dialogar sobre o que pode ser um corpo. Ele expressa a expectativa de fortalecer o diálogo entre o artista e a comunidade, tornando a exposição um ponto de conexão e construção de pesquisa. “Acredito que o diálogo do artista e da comunidade pode
ser mais aprofundado, ele pode ser um diálogo mais forte e ativo, e é isso que eu pretendo”, afirma Caio.
Zuleica Alves, mãe de Caio, compartilha: “Ele sempre na escola foi identificado como alguém que tivesse déficit de atenção. Ele fazia acompanhamento com psicóloga, mas sempre foi muito inteligente, especialmente para questões de arte”.
A descoberta do talento artístico de Caio foi um contraponto à sua jornada de diagnóstico tardio, revelando uma comunicação única e expressiva por meio da pintura e do desenho.
Zuleica destaca a importância da arte na vida de Caio: “A arte dele vem das entranhas da alma, de algo muito forte e difícil que ele experimentou na vida. Ele passa por isso pelos quadros; é uma sensação imensurável”. A exposição se torna, assim, mais do que uma simples exibição de obras de arte; é um mergulho na alma de Caio, na complexidade de sua jornada artística.
A exposição “O que pode o corpo?” tem o apoio do Governo de Minas, através da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo, e conta com o patrocínio da Gerdau, bem como com o amparo da Lei Estadual de Incentivo à Cultura. A exposição está aberta ao público até o dia 25 de fevereiro na galeria Nello Nuno,
localizada na rua Getúlio Vargas, 185, no bairro Rosário.
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