Representantes de diferentes religiões e de movimentos sociais debateram sobre justiça social e direitos humanos na 20ª edição do Festival da Vida.
Por: João B. N. Gonçalves, Hynara Versiani e Leandro H Santos
Na tarde de sábado, 4 de maio de 2024, aconteceu a abertura da 20ª edição do Festival da Vida. Com uma mesa redonda formada por lideranças de diversas religiões e de representantes da comunidade, foram debatidos temas como justiça social, direitos humanos, sustentabilidade, inclusão, papel da UFOP na região, representatividade e reflexão sobre o papel da religião. Também abordaram assuntos o racismo religioso, e o racismo acadêmico.
O Padre Marcelo lembrou que há 20 anos foram iniciadas as iniciativas para o Festival da Vida, que se chamaria “Festiva da Fé”, porém o bispo de Mariana na época, saudoso Dom Luciano argumentou que o termo “Festival da Vida” seria mais abrangente pois poderia realizar um encontro ecumênico de diferentes culturas, povos, ideais, que ao conviver dariam exemplo para todos de amor e respeito a vida do outro, respeitando sua história, tradições, religião e cultura. Enfim, enxergar no outro o irmão e irmã que todos somos ! Portanto o nome “Festival da Vida” pegou, ganhou parcerias, e hoje está na sua 20ª edição.
A mesa de discussão foi formada pelo Padre Júlio Lancelotti; pelo Monge Ryosen, do Tempo Zen de Ouro Preto; da presidente do Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial de Mariana, Sra. Aida Anacleto; o Cacique Danilo Kren- Borum; o Pastor Davi Roque de Melo; Tatiana Quites pedagoga, e o Sacerdote de Umbanda Diego Fernandes.
O pároco da Paróquia Sagrado Coração de Jesus, Padre Marcelo Santiago, conduziu o debate.
Padre Marcelo Santiago destaca a importância da pluralidade de vozes e religiões presentes no encontro, como desejou Dom Luciano: “Aqui teremos representantes de diversas religiões, e gente também que tem uma larga experiência de inclusão social, com tantos trabalhos. Essa partilha é rica porque nos coloca nessa perspectiva de vencer os ódios, de buscar realmente caminhos de mais integração social, de mais atenção e cuidado com a vida”, declara.
O Cacique Danilo Borum-Kren, que é estudante de História no ICHS, UFOP, ressalta a possibilidade da mesa redonda apresentar ao público a diversidade que existe em Mariana e região: “Estar nessa mesa hoje para nós é muito importante, pelo fato de mostrarmos que essa região é diversa, de várias cosmogonias e cosmovisões diferentes. Eu, como indígena, cacique do povo Borum-Kren, que é originário dessa região, mostrar que também fazemos parte de toda essa história, de toda essa diversidade, que é a nossa riqueza”. Ele disse que faz questão de ir para aula com seu cocar de penas coloridas reafirmando sua cultura.
A presidente do Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial de Mariana, Profa. Aida Anacleto, trouxe à tona os desafios enfrentados pela população negra de Mariana. “Falar dos problemas sociais enfrentados por nós, pelo povo preto, não é difícil, pois essa é a realidade desde que nascemos. Estamos na segunda região mais preta do país e hoje, nos preocupa muito a mineração, e suas consequências e mazelas. É muito difícil o momento, fazendo com que as políticas públicas, que deveriam ser disponibilizadas para todos, se desgastem”. Em outro momento Ainda disse que a Biblía está sendo usada de forma equivocada, afastando muitos e muitas deste lugar de pertencimento, pois cada um tem seu Deus e pode acreditar em suas crenças. Devemos lutar para que o Estado continue laico.”
As reflexões foram enriquecidas com as palavras do Padre Júlio Lancelotti, presente de modo remoto via vídeo conferência, ressaltou a luta contra a desigualdade social e a destruição ambiental. “Estar do lado dos discriminados, seja racial, de gênero, religiosa, política, econômica, em um momento em que a desigualdade social é tão violenta, é algo bastante conflitivo. Sentimos nas ações pastorais esse conflito. Como é conflitivo em Mariana lutar contra um povo que destrói a ecologia integral, a vida como um todo”, afirma.
O Padre Júlio Lancelotti também ressaltou a importância do quarto arcebispo de Mariana, Dom Luciano Mendes de Almeida para a comunidade. “É impossível falar para quem está em Mariana sem citar Dom Luciano, que morreu como arcebispo de Mariana. Esperamos que logo sua santidade seja reconhecida de maneira oficial. Eu acredito que até a figura de Dom Luciano é muito emblemática na questão do descarte da indiferença”. Dom Luciano Pedro Mendes de Almeida faleceu em 2006, tendo sido um nome importante para a religiosidade e a cultura marianense.
A Pedagoga Tatiana Kites usou a frase: “ Nada de nós sem nós ”, para exemplificar situações onde a comunidade precisa participar e não apenas ser ouvida. “ Ano passado participei de um seminário que era sobre mulheres na música e eu fiquei indignada que as mulheres musicistas sofrem muito preconceito. As cantoras famosas, a banda inteira é masculina, como as bandas de Ivente Sangalo, Claudia Leite, que eu fui para ver, não tinha uma mulher.” Não existe pertencimento sem participação. “Nada de nós sem nós”, sábias palavras ditas pela Tatiana.
O pastor Davi destacou que há aqueles em todas religiões que se aproveitam da fragilidade de muitas pessoas para influenciar negativamente nas pessoas e incutir ideias que não estão de acordo com ensinamentos bíblicos, com a palavra de Deus, que pregam amor. “ A questão do discurso de ódio, que infelizmente alguns continuam alimento isso, alimentando preconceitos, e uma das formas de combater isso é por exemplo estar aqui hoje, falando para o público, que todos nos temos que estar envolvidos na construção de uma sociedade de bem, pacífica. Embora somos diferentes em muitos sentidos nós achamos unidade naquilo que é de bem comum para todos.” Encerando suas palavras o pastor David disse que a religião, as suas lideranças, aqueles que estão no púlpito, que ajudem a promover a dignidade humana e a formar seres humanos melhores. “Antes de pregar o evangelho, temos que viver o evangelho”, disse.
O Sacerdote de Umbanda Diego Fernandes falou entre outras coisas, sobre o racismo, mas sobre o racismo acadêmico que segundo ele tenta menosprezar iniciativas que estejam fora das Universidades e o racismo religioso que tenta menosprezar as religiões.
Esta edição do Festival da Vida terá atrações em Mariana, e também nos distritos de Barroca, Cachoeira do Brumado, Santa Rita, Morro Santana Gogo, entre outros.
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Veja a programação abaixo:
Domingo – 5 de maio
9h às 13h : Bandas Festejam a Vida : mostra de bandas tradicionais de Mariana – 6 bandas.
Local : Jardins – Praça Gomes Freire
14h: Cortejo do Zé Pereira
Festa da Caridade
13h às 16h: Rua Brincante, Baú Recontando e Oficina de Bolha de Sabão
16h: Show do Grupo Sorriso
17h: Anderson Alves
Local: Complexo CRIA
6 a 10 de maio – 2oficinas nas escolas públicas de Mariana com a temática da Campanha da Fraternidade.
Oficinas de linguagens de sinais para escolas públicas com Tatiana Quites: vice-diretora de Politicas para Pessoas com Deficiências de Belo Horizonte
Crianças de 06 a 10 anos:
Contação de Histórias
2 oficinas para educadores: a importância das acessibilidades em prol de uma cidade e para todos. Tema: Estratégias pedagógicas inclusivas para crianças, com Tatiana Quites.
1 oficina para monitores e professores
6 a 10 de maio – 6 contadores de casos nas escolas de ensino público.
Ações nas escolas de ensino público municipais de Mariana, com contador de caso e violeiro contando histórias da cultura e do folclore da região. A peça irá abordar a Campanha da Fraternidade.
Tema da peça: Chico Mineiro – Um causo de amizade que atravessou o tempo
Escolas e distritos alcançados : Camargos, Santa Rita Durão, Morro de Santana, Serra do Carmo, Águas Claras, Goiabeiras, Barroca, Barro Branco, Cláudio Manoel, Campinas e
Cachoeira do Brumado.
6 a 10 de maio – concurso de redações e desenhos nas escolas de ensino público;
Concurso de redação proposta para a rede pública de ensino local com o Tema: ”Fraternidade e Amizade Social”
Os alunos após recebimento das oficinas e contadores de caso serão convidados a escrever um conto ou fazer um desenho relacionado à Campanha da Fraternidade. Essas redações e desenhos serão analisados por uma banca e os 3 primeiros lugares serão premiados.
Distritos alcançados : Camargos, Santa Rita Durão, Mainart, Morro de Santana, Serra do Carmo, Águas Claras, Goiabeiras, Barroca, Barro Branco, Cláudio Manoel e Campinas .
Segunda-feira – 6 de maio
9h: Teatro Infantil. Chico Mineiro – Um causo de amizade que atravessou o tempo
Local: CAPS
Terça-feira – 7 de maio
19h30: oficina de Libras para crianças em Morro de Santana e Escola Municipal Cônego Paulo
Quarta-feira – 8 de maio
19h30: Palestra/oficina – temática da Campanha da Fraternidade
Oficina: Forja e tambor – Diego Samba
Local: Cine Teatro Municipal
Quinta-feira – 9 de maio
9h e 14h : Estratégias pedagógicas inclusivas para coordenadores da rede pública com Tatiana Quites.
19h: Apresentação Nicolinas
19h30: Palestra sobre ”Fraternidade e Amizade Social” – Padre Marcelo Santiago
Local: Cine Teatro Municipal
19h às 23h: Feira de Arte e Culinária – 7 expositores de Santa Rita Durão, Morro d’Água Quente e Antônio Pereira
20h: Show – Bartucada convida Percussão do Cria
21h30: Show The Voice: Ivan Barreto e Luana Camarah
Local: Centro Histórico
Término: 23h30
Sexta-feira – 10 de maio
10h: peça teatral Lar Santa Maria.
1 peça teatral em asilo de Mariana.
19h às 23h: Feira de Arte e Culinária – expositores de Santa Rita Durão, Morro d’Água Quente e Antônio Pereira
20h: Inconfidentes Jazy
20h30: Dunga – Projeto Cantando a Vida
21h30: Padre Fábio de Melo
Local: Centro Histórico
Término: 00h00
Sábado – 11 de maio
9h : Estratégias pedagógicas inclusivas para coordenadores da rede pública com Tatiana Quites.
Local: Teatro Municipal
14h: Fanfarra Vila do Sucesso de Santa Rita Durão
14h às 17h: Rua Brincante Baú Recontando e Oficina de Bolha
15h: Teatro infantil Baú Recontando
17h: Fernando Primo e Banda
Local: Santa Rita Durão – Distrito de Mariana
17h: Teatro infantil com Circo volante – “Bestetú”
Local: Praça Gomes Freire
19h às 23h: Feira de Arte e Culinária