Secretário de Saúde de Mariana Germano Zanforlim disse que “Saúde mental ainda é nosso maior desafio” durante reunião em acompanhamento das ações da Fundação Renova
Por: Hynara Versiani e João B. N. Gonçalves
Na última terça-feira, 18 de junho de 2024, ocorreu na Câmara Municipal de Mariana a reunião dando prosseguimento ao requerimento n.º 324/2023, de autoria do vereador Zezinho Salete. Os encontros semanais acompanham as ações da Fundação Renova relacionadas ao rompimento da Barragem de Fundão e são presididas pelo vereador Marcelo Macedo.
Foram convocados para a reunião o secretário de Governo, sr. Danilo Brito, e o secretário de Saúde, sr. Germano Zanforlim. Também estiveram presentes funcionários da Fundação Renova e membros da Comissão de Atingidos de Bento Rodrigues e Paracatu de Baixo, acompanhados de representantes da zona rural.
Com foco na saúde dos atingidos, a reunião passou por tópicos como os possíveis danos às famílias que consomem produtos cultivados no rejeito, o monitoramento das famílias expostas ao risco, entre outros. Também foi apresentado o resultado dos estudos de contaminação feitos nas áreas atingidas.
A gerente geral socioambiental da Fundação Renova, srª. Juliana Bedoya, afirma que o município no qual a Renova mais fez investimentos em saúde é Mariana. “De um total de R$ 48 milhões em repasses para a Secretaria de Saúde, já foram investidos aproximadamente R$ 24 milhões. Esse recurso tem sido investido, por exemplo, na disponibilização de profissionais de saúde, sejam eles médicos, psicólogos, assistentes sociais… ou seja, aumentar a equipe de saúde do município”, conta.
A gerente explica que o recurso é repassado para a prefeitura como uma suplementação ao sistema de saúde do município em função do rompimento: “O rompimento resultou em um aumento da demanda de saúde no município, então, fazemos esse aporte adicional. Fazemos o repasse para a Secretaria de Saúde, ela executa e presta contas periodicamente sobre o que está sendo feito. Nisso, liberamos mais uma parcela”.
O secretário de Saúde, sr. Germano Zanforlim, expressa sua visão sobre a situação. “Saúde mental ainda é nosso maior desafio, pois Mariana enfrentou múltiplos eventos. Não é só por falta de psicólogo e psiquiatra, mas precisamos também ter um trabalho de mobilização social”, esclarece. Para o secretário, o processo de reconstrução de Bento e Paracatu de Baixo talvez tenha sido mais impactante do ponto de vista social do que o próprio rompimento da barragem.
Durante a sessão, Juliana também trouxe o que já foi feito em relação ao rejeito, principalmente na região de Mariana, afetada pelo rompimento. As primeiras obras feitas, já em 2015, foram estruturas relacionadas à contenção: foram construídos quatro diques para diminuir a velocidade da água e favorecer a retomada da sua qualidade. Além disso, essas estruturas têm a função de conter qualquer rejeito que sair da construção.
“É possível ver o efeito da implantação dessas estruturas na qualidade da água. Já é possível ver uma retomada da vegetação, e muito já foi feito em relação às estruturas de drenagem e contenção das margens”, diz Juliana. “O monitoramento é feito mensalmente. Os coletores vão aos pontos de coleta e mandam os dados para o laboratório.”
Há um site no qual as informações de monitoramento são disponibilizadas assim que o laboratório emite o laudo. Dados de hora em hora alimentam o site, e estão disponíveis para toda a população a qualquer hora. Eles são colocados no site da mesma forma que chegam ao laboratório, sem alteração.
Também foram discutidas as consequências de eventuais ações de reparação. De acordo com Juliana, “o remédio não pode ser mais danoso que a própria doença, então, uma das questões foi onde dispor do rejeito que foi retirado das lagoas”. Foi feita a remoção dos rejeitos e a posterior revegetação, porém, alguns moradores se mostraram insatisfeitos com o processo.
Integrante da Comissão da Zona Rural, Maria do Carmo comenta sobre o rejeito colocado perto de Águas Claras: “Eu uso filtro de barro, antes, a vela ficava em uma tonalidade clara, como argila, e eu lavava uma vez por semana. Hoje, lavo duas, e a vela está vermelha. É óbvio que esse rejeito está descendo na minha nascente, e não precisa de nenhum especialista para isso”.
Para Maria, rejeitos estarem sendo colocados onde não havia nada antes afeta a saúde de todos que por ali vivem. “Olha a situação que vocês criaram. Não faz sentido pegar rejeito de um lugar e colocar em outro, que não havia rejeito. Afeta nosso dia a dia”, lamenta. A integrante pede que olhem a cor da água do rio, e alega que as imagens mostradas no relatório não são a realidade: “Vocês medem quando a água está limpa, mas quando eu passo lá, parece um mingau”.
Um dos membros da Comissão dos Atingidos, sr. Marino D’Angelo, reforça a necessidade de transparência na análise de contaminação. “Conforme o método usado para fazer a análise, o resultado é modificado. Teria que utilizar uma metodologia única para se alcançar um resultado. É complicado provar que está contaminado assim”, diz, também preocupado com a saúde dos moradores.
O vereador Marcelo Macedo concordou em concluir a apresentação na semana que vem. “Germano terá disponibilidade para vir na próxima terça, e daremos continuidade à pauta. Isso já foi acordado aqui”, afirma. No próximo encontro, estarão presentes representantes do Sistema Autônomo de Água e Esgoto (SAAE), e após a reunião com eles, será retomada a pauta da Fundação Renova.
Para receber notícias no seu WhatsApp clique aqui
E para receber notícias da nossa página no Facebook
Se inscreva no nosso canal do you tube para receber nossas reportagens, clique aqui
SAL : Serviço de atendimento ao leitor – para enviar mensagem, informar erro, elogiar, solicitar cobertura jornalística ou indicar pauta, entre em contato com o Serviço de atendimento ao leitor, via whatsapp, clique aqui