A Câmara de Mariana, Fundação Renova, Cáritas e representantes dos atingidos da barragem da Samarco debateram dia 02 de julho de 2024 ações do Programa de Memória Histórica, Cultural e Artística da Fundação Renova.
Sr. Marino D’Angelo, membro da Comissão de Atingidos pela Barragem da Samarco, ressalta a invisibilidade dessas ações em relação a Paracatu. Essa ausência de programas de reparação da Fundação Renova do Programa de Memória, voltados para essas comunidades, está ligada a falta de divulgação local dos editais localmente.
Ações de conservação e preservação buscam uma retomada econômica e cultural das localidades
Por: Hynara Versiani e João B. N. Gonçalves
Na última terça-feira, 2 de julho de 2024, ocorreu na Câmara Municipal de Mariana a reunião atendendo ao requerimento nº 324/2023, de autoria do vereador José Antunes Vieira (Zezinho Salete). O tema foi a aplicação das ações do Programa de Memória Histórica, Cultural e Artística da Fundação Renova (PG12) para todas as comunidades atingidas que fazem parte da Zona Rural de Mariana.
Durante a reunião, foi discutida a continuação das tradições culturais das comunidades rurais atingidas, como suas práticas religiosas e festivas. Isso seria um incentivo para a preservação de sua cultura e bens imateriais, reativando o turismo local. Além disso, foram debatidas ações para preservação dos acervos culturais das comunidades, seus templos religiosos e construções de relevância cultural.
A reunião foi presidida pelo vereador Marcelo Macedo, e foram convocados o secretário de Governo, Sr. Danilo Brito, e o secretário de Cultura, Sr. Gustavo Leite. Também foram convidadas a Fundação Renova e a Comissão de Atingidos de Bento Rodrigues e Paracatu de Baixo, acompanhadas dos representantes da Zona Rural.
A assessora técnica do Cáritas, Srª. Ana Carolina Porto, revela que foram feitos levantamentos com os representantes das comunidades da zona rural sobre os problemas enfrentados por eles. De modo geral, há uma ausência de programas de reparação da Fundação Renova voltados para essas comunidades que contemplem a temática de cultura, patrimônio, história, turismo, esporte e lazer.
De acordo com a assessora, há editais muito isolados de concorrência. “O que deveria ser de amplo acesso, sem precisar passar por esse crivo, não é feito. Nenhuma das comunidades trouxe informações de que haveria programas e projetos da fundação nesse sentido em andamento”, diz.
Ana Carolina traz questões específicas de certos locais, como a Comunidade de Campinas, relativa à perda da recriação do rio e à impossibilidade de pescar. “A comunidade perdeu a possibilidade de lazer do rio e o modo de fazer tradicional, que incluía a utilização da areia do rio para a construção de suas casas. E a comunidade entende que não foi reparada ou compensada por essa perda”, alega.
A assessora aponta uma invisibilidade das comunidades da zona rural, e diz que Mariana tem responsabilidades na criação de políticas públicas para essa população. “A gente precisa de vontade política, proposição de leis, para mudar essa realidade.” O membro da Comissão de Atingidos pela Barragem de Fundão, Sr. Marino D’Angelo, ressalta essa invisibilidade ao notar que o subdistrito de Paracatu de Cima não é citado no PG12.
Outro assessor técnico da Cáritas, Sr. Gilmar Nunes, afirma que não há propostas de fomento às festas e atividades culturais dessas comunidades: “Tanto para a zona rural quanto para os reassentamentos, não há nada concreto”. As comunidades apresentaram algumas propostas para reativação econômica, valorização cultural e capacitação a longo prazo.
As propostas são programas de reparação específicos para as comunidades rurais; a inclusão delas nos programas que a Fundação Renova já possui; a criação de programas específicos que visem a reparação das comunidades e que sejam de amplo acesso de todos; e políticas públicas voltadas para a preservação de patrimônio, cultura, história, turismo, esporte e lazer das comunidades.
A coordenadora de Educação, Cultura e Turismo da Fundação Renova, Maria Cristina Aires, entende que o edital tenta ser democrático no acesso a recursos. “A ideia é que capacitemos esses grupos para que elaborem seus próprios projetos mais à frente, seja para desenvolver dentro da comunidade ou captar recursos em outras possibilidades”, explica, pensando em quando a Fundação Renova não estiver mais na comunidade.
Para Maria Cristina, a comunidade precisa de mais divulgação dos editais, além de um acompanhamento mais próximo, para inscreverem seus projetos culturais com menos dificuldades. Sua proposta é apresentar os projetos já aprovados para orientar as pessoas da zona rural a saberem como prosseguir, e terem acesso aos recursos da Renova.
Outra possibilidade apresentada é fazer oficinas de capacitação de projetos nos territórios, incentivando projetos que pensem na valorização da cultura deles. “Temos desde 2020 uma parceria com a UNESCO, que pegou nossos diagnósticos de 2018 e 2019 e nos ajudou a preparar um plano de reparação. Temos uma série de atividades que visam promover essa recuperação das práticas culturais”, afirma.
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