Clínica Nefrológica pode passar para o domínio do Hospital Monsenhor Horta
Por: João B. N. Gonçalves e Hynara Versiani
Durante reunião realizada na Câmara Municipal de Mariana, na segunda-feira, 19 de agosto de 2024, os vereadores receberam pacientes do setor de nefrologia e hemodiálise que funciona no Hospital Monsenhor Horta. O objetivo do encontro foi escutar as demandas dos usuários, que estão preocupados com a possível transferência da administração da clínica.
Atualmente, o serviço é subsidiado pela Prefeitura de Mariana. Apesar da Clínica Nefrológica funcionar no espaço do Hospital Monsenhor Horta, o setor não é administrado pela Sociedade Beneficente São Camilo, controladora do hospital. A possibilidade de troca na administração para o hospital foi trazida pelos vereadores Ronaldo Bento e José Sales em reunião ordinária realizada no último dia 12 de agosto.
Participaram da reunião os vereadores Ronaldo Bento, José Sales, Ricardo Miranda, Marcelo Macedo e o presidente da Comissão de Saúde, vereador Zezinho Salete. Além deles, compareceram os pacientes Iranilda de Jesus e Vicente Braga, o ex-paciente Rozembergue Teixeira e a ex-técnica de enfermagem da Clínica Nefrológica, Vera Ferreira.
Ao longo da sessão, os pacientes apresentaram as preocupações em relação à mudança de direção da clínica e relataram as atuais condições do espaço hospitalar. Os relatos dos usuários estiveram relacionados ao receio de diminuição no quadro de enfermeiros e à contratação de profissionais sem experiência, além de reclamações sobre a falta de almoço.
Iranilda de Jesus, paciente que realiza hemodiálise há sete anos na clínica, expressa suas preocupações durante a reunião. Ela destaca que a notícia sobre a possível mudança para o Hospital Monsenhor Horta não foi formalmente comunicada, causando insegurança entre os pacientes. “Ficamos inseguros porque a clínica terá que mandar todos os funcionários embora para o hospital contratar. Mas eles não falam nada com os pacientes ou funcionários”, declara.
A paciente também alerta para a falta de tempo adequado para o treinamento dos novos técnicos que seriam contratados pelo hospital. Segundo ela, sete técnicos não pretendem continuar. “Sofremos sempre com duas agulhas em nossos braços durante quatro horas. Se a clínica realmente sair no final desse ano, o tempo de treinamento para quem está chegando agora não é o suficiente. Não tem como fazer isso agora, não dá para deixar os técnicos treinados”, relata.
Rozembergue Teixeira, ex-paciente da clínica, reforça a importância de manter o serviço de hemodiálise. Ele destaca que a cidade é referência nesse tratamento na região, uma vez que Ouro Preto não possui um serviço similar. “Mariana e todos os cidadãos precisam se lembrar que somos referência em hemodiálise. Não podemos perder o que temos aqui.” Ele também menciona os problemas psicológicos que muitos pacientes enfrentam pela incerteza sobre o futuro do tratamento.
Vicente Braga, outro paciente que participou da reunião, faz um apelo pela manutenção do serviço na região: “O que pedimos é socorro, infelizmente. Moro em Lavras Novas, faço hemodiálise há mais ou menos 28 anos. Saio de casa por volta de 4h da manhã e chego em casa por volta de 13h. Nunca houve isso em todo esse tempo e dessa vez estamos realmente com medo. Não sabemos onde recorrer”.
Vera Ferreira, ex-técnica de enfermagem da Clínica Nefrológica, compartilha suas preocupações em relação à sobrecarga de trabalho que os poucos técnicos remanescentes enfrentariam com a possível mudança. “Não tem como a mesma técnica atender mais de cinco pacientes, não temos funcionários o suficiente. Não está sendo viável isso, porque é preciso treinar outra pessoa, que precisa aprender a lidar com todo o processo da máquina, e com a própria vida”, declarou.
Em relação ao corte do almoço, os pacientes relatam que durante a pandemia de Covid-19, o serviço foi paralisado para evitar aglomerações no espaço hospitalar. Porém, mesmo após o retorno à normalidade das atividades, a refeição não voltou a ser servida. Segundo os usuários, atualmente, é fornecido apenas um lanche.
Ponderações dos vereadores
O vereador Ronaldo Bento critica a falta de planejamento e diálogo por parte do hospital e da Secretaria de Saúde, considerando a possível mudança como um retrocesso. “Acho um desrespeito tremendo do hospital e da nossa Secretaria de Saúde. Não podemos perder a qualidade do atendimento. Precisamos discutir de forma saudável e amigável para não perdermos esse benefício que é ter a hemodiálise aqui”, afirma.
O vereador Ricardo Miranda enfatiza a necessidade de atenção à saúde mental dos pacientes e profissionais da clínica. Ele destacou que a sobrecarga de trabalho pode afetar negativamente os profissionais, comprometendo o atendimento aos pacientes: “Além da questão da saúde mental dos pacientes, precisamos pensar também na saúde mental dos profissionais. Não podemos permitir que isso sobrecarregue o profissional”.
Uma nova reunião, marcada para a próxima quarta-feira, 28 de agosto, contará com a presença do secretário de Saúde e representantes do Hospital Monsenhor Horta e do Setor da Clínica Nefrológica. Conforme solicitado pela Câmara, os pacientes também participarão para apresentarem novamente as suas demandas e reclamações.
O vereador Marcelo Macedo também destacou a importância da participação dos pacientes no processo decisório e da qualificação dos profissionais que atuam na hemodiálise. “Só vocês sabem o que passam e só vocês podem trazer isso para essa casa. Precisamos de profissionais qualificados. Dentro de um entendimento e diálogo, veremos o que podemos fazer. Mas eu gostaria que vocês que deram esse depoimento estejam aqui no dia 28”.
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