Por: João B. N. Gonçalves e Hynara Versiani
Na última segunda-feira, 2 de setembro de 2024, a 26ª Reunião Ordinária da Câmara de Mariana foi marcada por uma série de reclamações dos moradores dos bairros Rosário, Fonte da Saudade e Marília de Dirceu em relação à constante falta d’água na região. O morador Rondineres Maia utilizou a tribuna livre para apresentar um abaixo-assinado com mais de 300 assinaturas, solicitando a entrega das obras de abastecimento de água e o fornecimento diário de água potável.
Segundo Rondineres, a inauguração da caixa d’água em 2022 sem a adutora estar pronta é um exemplo do descaso com que as obras de infraestrutura têm sido conduzidas. Na época, dois reservatórios, com capacidade de 500 mil litros, foram instalados no Rosário, com a promessa de resolver a falta d’água no bairro, porém, as estruturas ainda não funcionam.
Rondineres também ressaltou a falta de fiscalização dos vereadores em relação ao uso dos recursos públicos destinados ao abastecimento de água. “Os vereadores não sabem dos valores gastos com caminhão-pipa ou com as obras. Eles deveriam estar fiscalizando, mas não o fazem. A água é vida, é saúde, é um direito de todos, e nós vamos cobrar até o final para resolver esse problema”, declarou.
O vereador Juliano Duarte explicou as ações realizadas durante o seu mandato enquanto prefeito para resolver a falta d’água no bairro. Segundo ele, um estudo realizado em 2021 identificou que o bairro Rosário não possui córregos que possibilitem a captação de água suficiente para atender à demanda da população. “Identificamos uma região adequada próxima ao Gogô e determinamos o melhor ponto para a perfuração de poços artesianos e conseguimos uma vazão de 9,5 litros por segundo. No entanto, a execução do projeto foi marcada por erros”, disse.
De acordo com o parlamentar, a licitação para a obra foi iniciada ao final do seu mandato, e em acordo com a Samarco, R$ 2 milhões foram obtidos para a sua execução, porém não houve continuidade. O vereador criticou o Sistema Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) pela paralisação do projeto e destacou que a obra foi iniciada de maneira errada, com a instalação da estação de bombeamento em um brejo e o traçado da rede passando por propriedades privadas.
Ronaldo Bento, vereador e também morador do bairro Rosário, ampliou a discussão ao afirmar que o problema da falta d’água não se restringe apenas ao seu bairro, mas afeta toda a cidade: “Chamo atenção, porque sou morador do Rosário hoje, que a falta d’água não é lá. É em todos os lugares e distritos de Mariana, aqueles que não possuem nascente. Várias pessoas têm mandado mensagem falando que estão sem água há mais de 20 dias”.
O vereador Marcelo Macedo lembrou que há a pretensão de transformar Mariana em Patrimônio Mundial, tal como Ouro Preto, mas que não é possível fazer isso sem garantir o abastecimento de água para a população. “É um absurdo que não haja água tratada e de qualidade na torneira. Como ousamos querer transformar Mariana em um patrimônio da humanidade? Como podemos buscar isso sem água tratada? Mariana inteira, inclusive os distritos, estão sofrendo”, afirmou.
Frente ao momento de crise hídrica, o SAAE emitiu um comunicado em que afirma que medidas estão sendo tomadas para evitar o desabastecimento, incluindo o abastecimento por meio de caminhões-pipa. A autarquia também ressaltou que as queimadas que têm devastado Mariana também afetam a distribuição de água, pois áreas próximas às estruturas de saneamento básico foram incendiadas.
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