No conturbado mundo político do Brasil recém independente de Portugal em sete de setembro de 1822, o Imperador Dom Pedro I enfrentava forças portuguesas e seus aliados numa guerra que durou mais de um ano culminando com a expulsão do general Madeira que comandava o exército leal a Portugal na Bahia.
Porém a guerra não terminara e o conflito se arrastara para os três anos seguintes com Portugal preparando sua grande frota naval e tropas para invadir o Brasil e retomar do controle político contando ainda com apoio da Inglaterra. Dom João VI sempre procurava protelar o envio de tropas buscando outra solução. Mas os portugueses não queriam perder a sua mais rica colônia!
Preocupado, sem aliados e sem armamento, contando com mercenários estrangeiros, com poucos canhões, poucos soldados, poucos navios, Dom Pedro I estava à frente de um grande risco que só a diplomacia poderia solucionar. Apenas os Estados Unidos reconheceram a independência do Brasil inicialmente.
Porém um acordo entre Brasil, Inglaterra e Portugal assinado em 15 de novembro de 1825 Portugal reconheceu o Brasil como país independente! Grande feito de Dom Pedro I que assim evitou uma guerra e mais derramamento de sangue.
O Acordo intermediado pela Inglaterra previa o pagamento pelo Brasil de um empréstimo feito por Portugal a Inglaterra de 1,4 bilhão de libras, mais 600 mil libras a Portugal como indenização de posses. Dom Pedro I pagou o total mesmo sob protestos daqueles que queriam desafiar a Inglaterra e Portugal numa guerra, armados apenas com a coragem e discursos inflamados.
Assim Portugal e a Inglaterra reconheceram a independência do Brasil em 15 de novembro de 1825, três anos após a declaração da independência. Uma grande vitória de Dom Pedro I !
Esse 15 de novembro de 1825 foi muito mais importante para nossa história do que o 15 de novembro de 1889, quando militares e seus aliados deram o golpe e tomaram para si o poder criando a República, instalando no Brasil a primeira ditadura, perseguindo monarquistas, calando a imprensa, fechando as câmaras municipais.
Entre as primeiras medidas do Governo Golpista de Marechal Deodoro, foi dobrado o salário dos militares, anulada a Constituição de 1824, fecharam o Congresso Nacional, as Câmaras, as Assembleias Estaduais, e foram indicados novos governadores.
O ministro da Fazenda, Rui Barbosa, autorizou a emissão de dinheiro sem lastro metálico. Viva a farra ! A medida gerou uma crise de especulação financeira, que resultou em alta inflação. A moeda brasileira perdeu valor e o Estado ficou empobrecido, enquanto os empresários enriqueciam, afinal foi para isso que deram o golpe em Dom Pedro II. A crise econômica se estendeu pelos três primeiros governos republicanos do Brasil.
Começou ai a mentalidade do “aproveitar enquanto podemos”, passando a política a servir para enriquecer os corruptos. Rui Barbosa, que logo se demitiu do seu cargo nesse desgoverno da República disse uma frase famosa que marca esse período : “ De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto.”
O Governo da República não queria fazer eleições e seu autoritarismo desagradou os republicanos e também muitos militares, chegando ao ponto da Marinha começar uma rebelião conhecida como Revolta da Armada, quando bombardearam a capital Rio de Janeiro.
Dái pra frente só pra trás. Muitos ficaram com saudades de Dom Pedro II, do imperador constitucionalista, que aceitava críticas, nunca mandou fechar um jornal como fizeram muitas vezes os republicanos. Os simpatizantes da Monarquia até queriam ir buscar Dom Pedro II em seu exílio na França. Acirrou-se a caça aos grupos monarquistas, até a destruição de tudo que lembrava a monarquia, como mudanças de nomes de ruas, praças, escolas, e até a ferrovia que se chamava Dona Leopoldina, virou Estrada de Ferro Central do Brasil.
Viva o 15 de novembro de 1825, esse sim temos motivos a comemorar.
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