Por: William Santos
À medida que o ano chega ao fim, não podemos deixar de refletir sobre a morte de Silvio Santos, uma das figuras mais icônicas da televisão brasileira. Ele faleceu em 17 de agosto de 2024, aos 93 anos, em São Paulo, vítima de broncopneumonia causada por uma infecção de influenza A (H1N1). Dez meses após sua partida, sua ausência continua a pesar, como se uma parte da nossa história tivesse partido com ele.
Nos domingos, minha tia-avó Odete, Angelito e eu costumávamos assistir à televisão, e o programa tinha uma música característica que todos conheciam: “Silvio Santos vem aí! Olê! Olê! Olá!”. Essa música indicava que o domingo estava completo, e muitas vezes Silvio dividia o palco com grandes artistas como Gugu Liberato, Eliana e Celso Portiolli. Como esquecer Silvio Santos, o rei da TV brasileira?
Silvio Santos, nascido Senor Abravanel em 12 de dezembro de 1930, no Rio de Janeiro, era filho de imigrantes judeus sefarditas. Vindo de uma família de classe média com ascendência grega e turca, ele descendia de Judah Abravanel, um dos fundadores do Império Otomano, e de Don Isaac Abravanel, que administrou a economia espanhola. Desde jovem, Silvio mostrou talento para o empreendedorismo. Aos 14 anos, iniciou sua carreira vendendo capinhas plásticas para título de eleitor nas ruas durante as eleições de 1946, ao lado de seu irmão Leon. Esse empreendimento marcou o início de sua notável trajetória no mundo dos negócios.
Silvio Santos, com sua voz marcante de vendedor ambulante, conseguiu um teste na Rádio Guanabara, mas os baixos salários não o permitiram abandonar a vida de camelô. Aos 18 anos, iniciou um serviço de alto-falante nas barcas de Niterói. Aos 20, mudou-se para São Paulo para apresentar espetáculos e sorteios e, na Rádio Nacional, conheceu Manoel de Nóbrega, que enfrentava dificuldades com o ‘Baú da Felicidade’. Silvio assumiu o empreendimento, que em 1962 se transformou no Grupo Silvio Santos, expandindo de brinquedos para eletrodomésticos, carros e casas. Em 1969, o grupo criou o Banco PanAmericano.
Silvio Santos, o “Rei da TV brasileira”, consolidou o SBT como uma das principais redes de televisão do país. Em 1975, ele assumiu o controle do Grupo Silvio Santos, fundado em 1945, e expandiu seus negócios com a criação do SBT em 1981, a partir de concessões da antiga Rede Tupi. A emissora, que começou como TVS no Rio de Janeiro, tornou-se nacional, disputando com a Record o posto de segunda maior emissora de TV aberta no Brasil. Além de seu sucesso na televisão, ele lançou a Tele Sena, um título de capitalização amplamente anunciado nos programas e intervalos comerciais do SBT.
Além da Tele Sena e do SBT, Silvio Santos diversificou seus negócios com a Sisan Empreendimentos Imobiliários, que gerenciava seus investimentos no setor imobiliário. Ele também possuía a TV Alphaville, uma empresa de televisão por assinatura em São Paulo, vendida à Brasil TecPar em 2023. O Grupo Silvio Santos também detém o Sofitel Jequitimar Guarujá, um hotel de luxo inaugurado em 2006, com 301 quartos e 22 suítes.
Silvio Santos, além de sua icônica voz para a televisão e administração, também se destacou no universo musical. O jingle “Silvio Santos vem aí”, criado em 1965 por Archimedes Messina a pedido do próprio apresentador, atravessou seis décadas na memória popular. Silvio lançou quatro álbuns, incluindo Silvio Santos e suas Colegas de Trabalho (1974) e Silvio Santos (1994), e gravou singles infantis. Ele também participou de álbuns como 15 Anos de Sucessos Carnavalescos (1981), destacando-se com marchas como “A Pipa do Vovô” e “Transplante do Corintiano”.
Não há como falar de Silvio Santos sem mencionar a marca registrada de seu programa: a presença feminina constante no auditório. Em 2 de junho de 1963, os domingos ganharam um rosto, um nome e uma voz com a estreia do Programa Silvio Santos. Desde então, o apresentador e empresário tornou-se uma das figuras mais marcantes da televisão brasileira. Seu programa passou por diversas emissoras — Rede Globo, TV Tupi, TV Paulista, Rede Record e, mais tarde, sua própria emissora, o SBT. Silvio Santos é amplamente elogiado, não apenas por sua habilidade empresarial, mas também por transformar a concorrência em um aliado, em vez de um inimigo.
A televisão brasileira entrou em luto com a morte de Silvio Santos, que faleceu aos 93 anos no sábado, 17 de agosto de 2024, em São Paulo, devido a uma broncopneumonia causada por uma infecção de influenza A (H1N1). A broncopneumonia é uma inflamação que afeta os alvéolos pulmonares, essenciais para a troca de oxigênio com o sangue. O corpo do apresentador e empresário foi sepultado em cerimônia judaica e sem velório, conforme seu desejo, no cemitério israelita do Butantã, em São Paulo, na manhã de domingo, 18 de agosto de 2024.
No final de semana de sua morte, diversas homenagens a Silvio Santos foram exibidas na televisão, mas nenhuma delas será capaz de preencher o vazio deixado pelo maior comunicador da televisão brasileira. É estranho pensar que nunca mais veremos o apresentador com seu sorriso contagiante aos domingos. Restam agora as lembranças daqueles momentos compartilhados em família, como os domingos ao lado de minha tia-avó Odete e Angelito, assistindo ao programa que se tornou parte de nossas vidas. Silvio Santos não era apenas um apresentador; ele era parte da história e da cultura de tantas gerações. Sua ausência será profundamente sentida, mas seu legado permanecerá vivo em nossas memórias e na história da TV brasileira.
Estamos chegando ao final de mais um ano, mas como não comentar a morte de Silvio Santos, uma das figuras mais icônicas da televisão brasileira? Dez meses após sua partida e próximos do seu aniversário, que ele comemoraria em 12 de dezembro, caso estivesse vivo, completando 94 anos. Então, só resta cantar este trecho que marcou gerações em frente à telinha:
Lá! Lá! Lará! Hey! Lá! Lá! Lará! Hey! Lá! Lá! Lará! Lá! Lá! Lará! Lará! Silvio Santos vem aí! Olê! Olê! Olá! Silvio Santos vem aí! Olê! Olê! Olá! Silvio Santos vem aí! Olê! Até o programa acabar!
Texto e arte por William Santos, jornalista e assessor de imprensa.
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