Por Júlio César Vasconcelos, Mestre em Ciências da Educação, Professor, Coach e Consultor Organizacional. Sócio-Proprietário da Cesarius gestão de Pessoas.
“Para a política o homem é um meio; para a moral é um fim. A revolução do futuro será o triunfo da moral sobre a política”. (Ernest Renan)
Novembro está próximo e as eleições estão chegando por aí. De uma forma geral, os pré-candidatos ao cargo do Poder Executivo Municipal, acusando-se mutuamente e fazendo promessas na maioria das vezes não cumpridas, pipocam com suas propagandas de governo pelos jornais, pelas rádios, pela intermináveis Lives e pelas mídias em geral. No meio de tantos candidatos e tanta propaganda, afinal fica no ar uma pergunta que não quer se calar: qual seria o perfil do candidato ideal?
Como seres humanos que somos e, portanto, sujeito a falhas, podemos afirmar com certeza que não existe, nunca existiu e nem vai existir o candidato perfeito, mas é perfeitamente possível delinear algumas virtudes que formariam os pilares básicos de uma gestão pública sustentável. Vejamos algumas delas.
A primeira e mais importante de todas, segundo Platão (428-347 a.C), em seu clássico “A República”, onde ele forma as bases da Kallipolis ou Cidade Bela, é a prática da justiça. Ser justo para Platão significa buscar, de forma absoluta, única e exclusiva a prática do bem comum, excluindo radicalmente todo e qualquer interesse de caráter pessoal, político, econômico-financeiro, social ou profissional. Sendo assim, o cargo de Chefe do Executivo não poderia de forma alguma ser utilizado para a projeção pessoal, política ou social e muito menos para solução de problemas financeiros ou profissionais. “Aquele que exerce sua arte com probidade nunca faz nem ordena de acordo com ela o melhor para si mesmo e sim para os governados”, pregava Platão para seus discípulos.
Se considerarmos este pilar fundamental, vários outros, de forma natural e consequente, poderão surgir nesta mesma linha. O candidato ideal, com a prática do bem comum em sua essência, nunca se utilizaria da compra de votos, com promessas de empregos na máquina pública após a conquista das urnas, inflando desnecessariamente o quadro de pessoal com um bando de puxa-sacos e politiqueiros incompetentes. Não faria uso do patrimonialismo com a utilização velada ou descarada de máquinas, equipamentos, veículos e de diversos outros recursos públicos como se fossem de sua propriedade para atender interesse pessoais, de parentes ou de apaniguados do poder.
O candidato ideal, após eleito, enxugaria drasticamente a máquina pública de forma racional e estratégica, fazendo muito mais com menos, colocando a quantidade de pessoas certas, de forma adequada nos lugares certos, disponibilizando para a comunidade um serviço de forma cortês, atenciosa e produtiva.
O candidato ideal seria altamente competente e maduro, com um currículo exemplar, uma formação acadêmica sólida e um elevado nível de experiência. Com o poder nas mãos, não admitiria qualquer tipo de propina, falcatrua, sonegação ou suborno tanto partindo de si mesmo quanto de qualquer outro membro que fizesse parte de sua gestão. A Legalidade, a Impessoalidade, a Moralidade, a Publicidade e a Eficiência, o famoso LIMPE do Artigo 37 da Constituição Federal estaria estampado em todos os quadros e impregnado na mente e no coração de seus liderados, sendo ele o primeiro a dar o bom exemplo.
O candidato ideal, à frente da Gestão Pública não desperdiçaria verbas públicas com a construção de obras faraônicas que aparecem muito mas não geram sustentabilidade. Não deixaria obras inacabadas, sendo depredadas no dia a dia, jogando o dinheiro público pelo ralo, coisas que infelizmente se vê muito por aí.
O candidato ideal teria uma visão sustentável de futuro, enxergando com clareza a importância do desenvolvimento econômico para a região, investindo de forma estratégica e permanente no fomento ao turismo e na diversificação econômica do município. Ele colocaria como meta a geração de empregos, a melhoria do saneamento básico, a disponibilização de uma infraestrutura de alto nível, a valorização da segurança pública, da saúde, da educação e do esporte e da preservação do meio ambiente. Investiria no reconhecimento e capacitação dos servidores, oferecendo condições dignas e seguras de trabalho e reconhecimento.
Finalmente, surge no ar mais uma pergunta que não quer se calar: será que os nossos pré-candidatos podem ser enquadrados como portadores de todas estas virtudes? Qual deles mais se aproxima delas?
A resposta está dentro de cada um de nós. Se escolhermos bem, poderemos ter um lugar melhor para se viver. Se escolhermos mal, certamente teremos que aguentar as penosas consequências no futuro.
Quem tem ouvidos que ouça!