Ouro Preto, 14 de setembro de 2021 – Canvas, modelo de negócios, pitch, aceleração, geração de valor. Até pouco tempo, esses termos não faziam parte do dia a dia do grupo de empreendedores Coumeia. Isso porque o projeto nasceu em um ambiente acadêmico, na Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), sem contato tão próximo com o mercado. Mas recentemente o Coumeia, que tem objetivo de profissionalizar a atuação dos apicultores de Antônio Pereira, distrito de Ouro Preto (MG), expandiu muito mais que seu vocabulário, mudou também seu modelo de negócios, estendendo seu alcance para toda a cadeia produtiva apícola da região.
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Isso foi possível graças ao Projeto Horizonte, iniciativa da Vale em parceria com a empresa de educação empreendedora Semente Negócios que busca estimular a criação e desenvolvimento de negócios inovadores. Para isso, as empresas convidam empreendedores das regiões de Itabirito, Barão de Cocais, Macacos, Antônio Pereira, Engenheiro Correia e Santa Bárbara para encontrarem soluções inovadoras aos problemas enfrentados pelos moradores locais.
No caso do Coumeia – sigla para Centro de Orientação ao Uso do Mel e dos Produtos Apícolas -, a ideia inicial era incentivar pequenos produtores de Antônio Pereira a confeccionarem e venderem bioembalagens feitas de cera de abelha. Após participarem das capacitações do Projeto Horizonte descobriram que podem atuar em quatro outras áreas e ampliar os benefícios do projeto, gerando renda para ainda mais famílias de Antônio Pereira. “Tínhamos o ouro nas mãos, mas não sabíamos dar valor pois ele estava em pedra bruta”, conta Sandra Moura, coordenadora do Coumeia.
Benefícios para toda a comunidade
Reformulado, o Coumeia irá oferecer cursos on-line para capacitação dos apicultores de Antônio Pereira em cinco eixos: cera de abelha, mel, própolis, pólen e geleia real. “Faltava informação, eles cobravam muito pouco pelos produtos. Com os cursos, os produtores exploram melhor os recursos disponíveis e movimentam toda a cadeia, formando os arranjos produtivos locais”, explica Sandra, que também é professora do curso de Engenharia Ambiental da Ufop. Um dos exemplos é o aproveitamento dos retalhos das produções das costureiras locais, que agora poderão ser transformadas nos panos encerados, com cera de abelha que também era descartada. As quitandeiras da região também vão se beneficiar do mel produzido com ainda mais qualidade.
“Nosso objetivo, ao financiar o Projeto Horizonte, é gerar oportunidades de melhoria das condições de vida dessas populações. Entendemos que na medida em que se capacitam, poderão gerar mais negócios, renda para suas famílias e ampliar o mercado de trabalho de suas comunidades”, analisa Flávia Soares, gerente de fomento econômico da Vale.
Da ideia à prática
A primeira etapa do Projeto Horizonte, a Maratona Empreendedora, capacitou mais de 1.200 pessoas, direta e indiretamente, com negócios em quatro frentes: Soluções para Cidades Sustentáveis e Economia Circular, Desenvolvimento rural e turismo ecológico, Inclusão digital, educação e infraestrutura e Saúde comunitária e tecnologias para o bem-estar. Todos passaram por oficinas, bate papos com empreendedores, sessões para tirar dúvidas e outras atividades em temas relativos ao empreendedorismo e à inovação. Como resultado, puderam criar ou adaptar seus empreendimentos para um modelo de negócio com propósito.
Atualmente, 78 projetos, escolhidos entre os 105 concluintes da Maratona Empreendedora estão na fase de pré-aceleração, e contam com assessoria técnica, oficinas quinzenais e mentorias para testar e validar seus negócios. No final dessa etapa, serão selecionados os 39 projetos com mais destaque para a fase de aceleração, que acontece de outubro de 2021 a outubro de 2022. “Antes do Projeto Horizonte, o Coumeia o estava só na ideia. Precisávamos desse olhar empreendedor, já que temos o olhar mais científico dentro da academia. É um ganho imenso o que que já conseguimos agregar de conhecimento para equipe”, comemora Sandra Moura.