Caminhão Museu da UFMG traz exposição sobre Independência para Ouro Preto, Mariana e Belo Horizonte

    A atração faz parte do Festival de História (fHist), que em sua sétima edição, acontece em Mariana, Ouro Preto e Belo Horizonte, entre os dias 13 e 29 de abril.

    Hynara Versiani e João B. N. Gonçalves

    Foi iniciada dia 13 de abril de 2023, a exposição “Itinerários da Independência”, na Praça Tiradentes em Ouro Preto.

    A mostra foi desenvolvida pelo Projeto República, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e o caminhão-museu que a hospeda ficará em Ouro Preto até as 17h de sábado, dia 15.

    O caminhão-museu e sua apresentação são uma parceria da universidade com o Senado Federal, e têm o intuito de comemorar o bicentenário da independência, marco atingido no ano passado.

    A historiadora e produtora do caminhão-museu Isabella Caroline, conta que a exposição não foca na história tradicional / oficial da independência.

     “Nós contamos sobre as mulheres que participaram desse processo, como foram as guerras nas províncias, quem de fato estava lutando nessas guerras, como foi a participação popular, entre outras coisas menos comentadas”, explica.

    O caminhão é dividido em cinco espaços: os painéis das guerras, a biblioteca, a sala de cinema, a sala de realidade ampliada e os painéis das mulheres. 

    Francis Duarte,  pesquisador do Projeto República, diz que todas as áreas foram pensadas de forma dinâmica, pois o foco da exposição não é  acadêmico:

    “É claro que tudo foi feito com rigor acadêmico, mas muitas pessoas , inclusive crianças, vêm ao museu. Queríamos fazer tudo de forma a não perder a atenção delas”, detalha.

    Os painéis das guerras são grandes quadros de ilustrações que representam diversos conflitos relacionados à independência, como a Revolução Haitiana e a Independência dos Estados Unidos. A biblioteca é um espaço com diversos assentos e possui livros sobre muitos temas, não apenas a independência, além de computadores nos quais é possível ouvir podcasts sobre o assunto.

    Na sala de cinema, é mostrada uma vídeo-animação chamada “Sonho Republicano”, narrada por Chico Buarque. “É uma produção do caminhão mesmo, não tem ela em nenhuma plataforma”, revela Isabella. Na sala de realidade ampliada, são mostradas imagens de momentos importantes da independência, com uma tela verde. As pessoas dentro da sala são projetadas na imagem, de forma que parecem fazer parte daquele momento histórico, e é tirada uma fotografia, que é posteriormente enviada aos participantes por e-mail.

    Os painéis das mulheres são quadros interativos que contam a história de oito brasileiras que participaram do processo de independência do país. Isabella acrescenta que essas personalidades protagonizam o livro “Independência do Brasil: as mulheres que estavam lá”, produzido pela escritora Antonia Pellegrino e pela professora Heloisa Starling, do Departamento de História da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich) da UFMG.

    Cada uma das mulheres é um capítulo: Hipólita Jacinta, Bárbara de Alencar, Urânia Valério, Maria Felipa de Oliveira, Maria Quitéria de Jesus, Maria Leopoldina e Ana Maria José Lins.

    A única mulher que está na exposição, mas não no livro, é uma baiana de, à época, 13 anos, que durante a guerra escrevia panfletos e poesia sobre o que estava acontecendo e os distribuía nas ruas, chamando as pessoas para lutarem pela independência do Brasil.

    No dia 29 de abril, quando o fHist retorna de Belo Horizonte, a mineira Hipólita Jacinta será, após mais de 200 anos, incluída no Panteão dos Inconfidentes, no Museu da Inconfidência. “Até 2022, Hipólita era praticamente desconhecida, mas sua história ganhou visibilidade com nossa exposição e nosso livro”, esclarece Isabella. O evento contará com a presença da ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), e com homenagens à Hipólita.