9 % da população de Ouro Preto vive em áreas de risco

    6.500 pessoas estão vivendo em 313 áreas de risco ou próximas a elas, sujeitas a deslizamentos e rolamentos de rochas levando a cidade de Ouro Preto ser campeã nacional em número de áreas de risco. Prova disso é que entre 2021 e 2022, mais de 5.000 ocorrências foram feitas pela Defesa Civil de Ouro Preto, segundo o Geólogo da Defesa Civil, Sr. Charles Murta.

    “Devido à falta de planejamento e programas habitacionais no passado, as famílias de baixa renda foram se alojar nessas áreas de risco” disse o Vereador Kuruzu, militante pela habitação popular.

    Foto acima : Rua Alberto Barbosa, Ouro Preto.

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    Deslizamento de terra interditou estrada Real, trecho entre Ouro Preto e distrito de Santa Rita.

    Por Pedro Henrique de Souza e Leandro H Santos

    Segundo o Serviço Geológico do Brasil (SGB), Ouro Preto tem 6.500 pessoas vivendo em áreas de risco. 

    De acordo com o último Censo realizado pelo IBGE, Ouro Preto tem 74.824 habitantes, sendo assim, aproximadamente 9% da população vivem nessas áreas.

    Vereador de Ouro Preto, Wanderley Kuruzu (PT), é militante na busca de melhores moradias na cidade. Exercendo seu terceiro mandato em Ouro Preto, ele destaca a luta de se buscar uma moradia digna na cidade:


    “A moradia é um dos assuntos mais importantes para Ouro Preto. Essa demanda de moradia é forte em qualquer lugar, mas aqui em Ouro Preto principalmente”


    Com recursos federais recebidos desde 2007, ele relata que por muitos anos este recurso ficou parado para ser usado pela cidade, mas não foi totalmente utilizado. O passado histórico da habitação no município para ele, influencia as ocupações em áreas perigosas:


    “Devido à falta de planejamento e programas habitacionais no passado, as famílias de baixa renda foram se alojar nessas áreas de risco”


    Bairros como São Cristóvão, Alto da Cruz, Morro Santana, Piedade e São Francisco apresentam os maiores riscos no levantamento feito pelo SGB em 2016. No total, são 313 setores de riscos, onde as pessoas residem, ou convivem, ou são obrigados a transitar, levando a cidade a ser o local com mais áreas de risco do país.


    Sra. Maria do Carmo, moradora de área de risco geológico no bairro Taquaral, se sente insegura por estar nessa situação. Quando se aproxima o período de chuvas, o sentimento que toma conta da moradora é de medo:
    “Eu fico com muito medo. Durmo preocupada se vou perder alguns dos meus bens e principalmente a vida dos meus filhos”.
    Com um filho cadeirante, ela conta que já teve que sair de casa pelo risco.
    Questionada se mudaria de bairro, ela foi enfática:


    “Moraria em qualquer outro lugar se sentisse segura. Precisamos de paz e segurança no dia a dia. Quando chega a chuva, essa segurança acaba”


    Geólogo da Defesa Civil, Sr. Charles Murta explica sobre o relevo da cidade:

    “A ocupação urbana não altera a questão geológica da região, ela altera o relevo. A constituição geológica da cidade é peculiar, ela favorece esses deslizamentos”.

    Principalmente na época de chuvas, o trabalho da Defesa Civil de Ouro Preto é redobrado. Entre 2021 e 2022, mais de 5.000 ocorrências foram feitas para o órgão, no período mais crítico em mais de 60 anos, por decorrência das chuvas.

    Mesmo em épocas de secas, o trabalho da Defesa Civil é feito para a preparação dessa época:
    “Quando nós não estamos atuando no socorro durante o período de chuva, estamos atuando na preparação para esses momentos.

    A Defesa Civil não para”. Mais de 90 milhões seriam gastos para reparar e diminuir estes setores de riscos segundo Charles.

    Deslizamento na Barra, no início do Morro do Gambá, em cima da linha de trem


    O canal de atendimento da Defesa Civil é o número 199. Para conversar com o órgão, o número 3559-3121 pode ser utilizado, tanto em ligação quanto no whatsapp. Em sistemas Android, o aplicativo da Defesa Civil está disponível, alertando níveis de chuvas e áreas de risco no município.

    Equipe da Defesa Civil na rua Maestro Joaquim Aniceto, próximo a rua Treze de Maio em fevereiro de 2022, onde surgiu uma cavidade de aproximadamente 14 metros em frente a uma casa. Na verdade a casa foi construída em cima de uma antiga mina de ouro, que depois de exaurida foi abandonada. Ou seja, o perigo por vir de todos os lados, até baixo. Nesse caso não foi necessário interditar a casa, que estava sob uma rocha mais firme segundo informações no facebook da Defesa Civil de Ouro Preto.

    Veja abaixo filmagem de deslizamento de terra do Morro da Forca que destruiu um casarão no bairro Barra em Ouro Preto: