Abertura do Festival de teatro comunitário Festeco em Mariana é um sucesso

    Espetáculos continuam até 01 de outubro com apresentações no Cine Teatro, Praça Gomes Freire (Jardim), escolas da rede pública de ensino, no Instituto de Ciências Sociais Aplicadas (ICSA) e no Instituto de Ciências Humanas e Sociais (ICHS).
    A abertura do VII Festeco foi marcada por apresentação alternativa e apoio à luta antimanicomial : Peça combinou as clássicas obras “O Pequeno Príncipe” e “1984” para lembrar os horrores do antigo manicômio de Barbacena

    Por João B. N. Gonçalves

    Aconteceu na noite do último domingo, 24 de setembro de 2023, o início do VII Festival de Teatro Comunitário de Mariana (Festeco). A abertura foi marcada pela peça “Fora de Órbita”, que uniu os artistas do grupo Caminho do Sol e a plateia em cima de um único palco no Cine Teatro Municipal para uma apresentação alternativa e de crítica ao antigo manicômio “Colônia”, em Barbacena.

    Para a apresentação, o público foi guiado para o palco para que dividissem o espaço cenográfico. Durante a peça, os atores circulavam e interagiam com as pessoas da plateia, para partir de música e efeitos sonoros, a peça cria um clima de tensão, angústia, em referência às situações presenciadas em um hospital psiquiátrico.

    Segundo os atores, o roteiro da peça “Fora de Órbita” foi pensado para unir as narrativas e mensagens duas obras clássicas da literatura mundial: “O Pequeno Príncipe”, Antoine de Saint-Exupéry, e “1984”, de George Orwell. A produção adapta a narrativa dos livros para uma representação do manicômio “Colônia”, com o objetivo de chamar a atenção para a forma como os pacientes eram tratados e demonstrar apoio à luta antimanicomial, em defesa dos direitos das pessoas com sofrimento mental.

    O ator responsável por interpretar a “Rosa”, personagem que representa o amor que deve ser cultivado e cuidado na obra de Saint-Exupéry, destaca que objetivo da peça era passar uma mensagem antimanicomial. “Na peça, nós queríamos mostrar essa situação (dos manicômios) é algo bem pesado. Não tem como falar de pessoas sendo presas, colocadas em gaiolas, julgadas e massacradas, com leveza” diz.

    A organizadora do festival Juliana de Conti ressalta que a obra desenvolvida pelo grupo passa uma mensagem de preocupação com a nova geração. “São questões de controle, e principalmente em relação à grande quantidade de jovens que hoje tomam remédio. A grande resistência do ‘Pequeno Príncipe’ é reconhecer que está dentro de um sistema (o manicômio), e que evita o remédio”, afirma.

    Ela conclui explicando que a vida do jovem não pode se basear na utilização de celulares e na dependência de remédios. “Eu não ficava dopada de remédio e celular, eu vejo essa geração e penso: Vamos, gente, é tão gostoso viver, fazer teatro, viajar, conhecer pessoas novas. Vamos fazer arte”, declara.

    O VII Festeco continua até o dia 01 de outubro, com mais 25 espetáculos, produzidos por grupos teatrais locais, do Brasil, além de oficinas de outros países da América Latina.
    As apresentações irão acontecer em diversos espaços públicos da cidade, como o Cine Teatro, Praça Gomes Freire (Jardim), escolas da rede pública de ensino, no Instituto de Ciências Sociais Aplicadas (ICSA) e no Instituto de Ciências Humanas e Sociais (ICHS).