CEO do escritório inglês do Caso Mariana, Tom Goodhead faz reunião com envolvidos na ação

    Por João B. N. Gonçalves e Hynara Versiani
    Nesta quinta-feira, 5 de outubro de 2023, o escritório Pogust GoodHead, responsável por defender os atingidos pelo rompimento da barragem de Fundão no julgamento na Inglaterra, realizou uma reunião no Centro de Convenções, em Mariana, para apresentar o andamento do caso na corte inglesa.
    No total, mais de 700 mil pessoas, entre agricultores, quilombolas e indígenas ao longo de toda a Bacia do Rio Doce foram afetadas direta ou indiretamente pelo rompimento. O escritório busca um acordo com as mineradoras (Vale, BHP e Samarco) para chegar em um valor justo a ser repassado para os atingidos. O CEO do escritório, Tom Goodhead, diz que caso a negociação não seja possível, levará o caso a julgamento que será realizado em Londres, em 7 de outubro de 2024.

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    Ao longo dos últimos anos, o escritório coletou respostas detalhadas a questionários sobre os desafios enfrentados desde novembro de 2015. Com esses dados em mãos, uma análise foi conduzida em colaboração com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) e diversos economistas, o que resultou em uma tabela com os valores julgados justos pelo Pogust Goodhead a serem destinados aos atingidos. O valor estimado é de R$ 240 bilhões.


    Tom Goodhead relata que o escritório teve acesso a evidências, como emails e decisões executivas, que serão apresentadas no tribunal na Inglaterra: “Não há dúvidas que a BHP sabia dos riscos de colapso, foram avisados e não fizeram nada. Tomaram a decisão no alto escalão de destruir o ecossistema, colocando o lucro acima da vida das pessoas”. disse
    O CEO do Pogust Goodhead declara que buscará o acordo, mas caso necessário irá expor os erros das mineradoras no tribunal inglês. “Se tivermos que fazer isso (levar o julgamento adiante), vamos expor isso na corte, todas as pessoas envolvidas, vamos as expor no Brasil, na Inglaterra, na Austrália, nos Estados Unidos, no mundo inteiro, como os criminosos ambientais que são. Vai ser um dos julgamentos mais famosos de todos os tempos”.


    Para Tom Goodhead, ocorreram dois crimes em Mariana: o colapso da barragem e o atraso na compensação. “Deveriam ter feito a compensação logo depois do crime e fizeram tudo que podiam nos últimos 8 anos pra pagar o mínimo possível de compensação. Se eles tivessem feito o que era necessário em novembro de 2015, nada disso seria necessário”, afirmou durante a reunião.
    O escritório inglês informa que atualmente a tabela com os valores está em processo de elaboração, junto a uma matriz de danos. Através desse processo, será possível quantificar com precisão os danos sofridos, culminando em um documento público que estará disponível em aproximadamente duas semanas.
    Atingidos presentes na reunião fizeram questionamentos sobre o andamento do processo e as expectativas do escritório. Tom Goodhead sublinha a importância de pressionar os envolvidos nos tribunais, sendo para ele, a única maneira de obter resultados satisfatórios e justos na compensação.
    O escritório Pogust Goodhead, que representa as vítimas de Mariana na ação contra a BHP e Vale na Justiça inglesa, está promovendo entre os dias 4 e 10 de outubro, uma caravana pelas cidades atingidas pelo rompimento da barragem do Fundão. O objetivo é ouvir as vítimas atendidas pelo escritório e levar informações sobre o processo.
    A caravana começou em Belo Horizonte, e passou por Barra Longa antes de vir a Mariana. Na sequência, os representantes do Pogust Goodhead visitarão Governador Valadares e Resplendor, em Minas Gerais. Já no Espírito Santo, as cidades de Linhares e Baixo Guandu vão receber a visita dos advogados ingleses e brasileiros que atuam no caso.