Número de casos de infecções sexualmente transmissíveis cresce em Mariana

    Por: Beatriz Granha

    Ginecologista Dra. Olivia Ferreira Sec. de Saúde de Mariana Dr. Leandro Ferreira

    O número de casos de infecções sexualmente transmissíveis (IST’s) vem crescendo consideravelmente no estado de Minas Gerais, e especialmente na cidade de Mariana. De acordo com dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), os casos de sífilis adquiridas, ou seja, transmitidas de uma pessoa para outra, passaram de 712 em 2011 para 16.017 em 2021, o que significa aumento de 2.149%. Já as confirmações de HIV também subiram de 734, em 2011, para 3943 em 2022: crescimento de 437,2%. Em Mariana, como confirmam os dados do Boletim Epidemiológico do Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis (DCCI), o número de casos de AIDS teve aumento de 90% de 2012 a 2022 comparado aos dez anos anteriores. Já em Ouro Preto, houve queda: diminuição de 25% no mesmo período.

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    Ainda hoje existe um tabu de que as infecções sexualmente transmissíveis, antigamente chamadas de DST’s atingem mais certas camadas da população. O Ministério da Saúde quebra esse mito e por meio do Departamento de HIV/AIDS, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis afirma: “Quem tem relação sexual desprotegida pode contrair uma IST. Não importa idade, estado civil, classe social, identidade de gênero, orientação sexual, credo ou religião. A pessoa pode estar aparentemente saudável, mas pode estar infectada por uma IST.”

    Foto e arte por: Rozembergue Teixeira

    A ginecologista Drª Olivia Ferreira explica que o aumento de parcerias sexuais sem uso de preservativo contribui diretamente para isso. Ela reforça que o preservativo deve ser utilizado em toda relação sexual, seja heterossexual ou homossexual, inclusive no sexo oral, e que essa é a melhor forma de se proteger das IST’s.


    A quantidade de casas de prostituição na cidade aumentou nos últimos anos, atualmente são seis. Olivia explica que isso não necessariamente é uma causa para o aumento dos casos de doenças, já que muitos desses profissionais exigem o uso de preservativo, mas que essas pessoas estão sim mais suscetíveis a contraí-las por possuírem um número maior de parceiros sexuais. Porém, a ginecologista afirma que apenas uma relação desprotegida é suficiente para contrair a grande maioria das IST’s: “ Gosto muito de falar que quem vê cara não vê IST, então não podemos afirmar que quem não se prostitui tem chances menores de contrair infecções”, e reforça a necessidade do uso do preservativo em toda relação.


    O Ministério da Saúde indica a Prevenção Combinada como forma ideal de prevenção às doenças, associando o uso do preservativo a outros métodos, como a testagem regular para o HIV, que pode ser realizada gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS), a prevenção da transmissão vertical (quando o vírus é transmitido para o bebê durante a gravidez, parto ou durante a amamentação), o tratamento das infecções sexualmente transmissíveis, imunização para HPV e as hepatites A e B, programas de redução de danos para usuários de álcool e outras substâncias, profilaxia pré-exposição (PrEP), profilaxia pós-exposição (PEP) e tratamento de pessoas que vivem com HIV (PVHIV).

    A Dra. Olivia explica que um dos pontos mais importantes para a mudança desse cenário seria a implementação da educação sexual desde a base, desde a adolescência, por exemplo. “Educação sexual é muito importante para que esses jovens cresçam entendendo os riscos. Vejo que isso é muito difícil de ocorrer porque vivemos num país bastante conservador e ainda consideram tabu falar sobre sexo, principalmente com jovens já que pensam ser um estímulo para começar a vida sexual”.

    O Secretário de Saúde de Mariana Dr. Leandro Ferreira explica que a Secretaria juntamente com o Programa de Saúde na Escola e Equidade de Saúde está em trabalho para implementar ações contínuas, e que em 2023 foram executadas ações isoladas de acordo com a solicitação das escolas.


    Segundo a assessora de comunicação Marília Mesquita, a Prefeitura de Mariana, através da Secretaria de Saúde, faz campanhas de conscientização, prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças sexualmente transmissíveis durante todo o ano. Elas acontecem por meio do setor de Epidemiologia e, também, dentro das Unidades Básicas de Saúde (UBS’s).


    “As UBS’s possuem testes disponíveis para livre demanda. Além disso, estimula o debate por meio de ações como Outubro Verde e Dezembro Vermelho. A Prefeitura também busca os diagnósticos e, consequentemente, o tratamento de pacientes em campanhas pontuais, com testagem. Como as realizadas em feiras e praças”, esclarece Marília.


    O Secretário de Saúde de Mariana Leandro Ferreira explica que o município possui dois infectologistas que atendem pacientes em tratamento de todas as IST’s e também casos novos. “Além das ações ao longo do ano, no período de Carnaval fazemos trabalho de promoção e prevenção da saúde, através da distribuição de panfletagem, divulgação nas redes sociais e distribuição de preservativos em livre demanda. Neste ano fizemos uma campanha com barraquinhas com a distribuição desses materiais, e no ano que vem manteremos a mesma ação, e com as novas orientações do Ministério da Saúde e da Secretaria de Saúde do Estado”.