Mariana em Alerta: Desafios ambientais urgentes da cidade

          Nos dias quentes de Mariana, quando o sol parece querer redefinir a palavra “calor”, emerge um inconveniente tão persistente quanto a própria temperatura: o insuportável cheiro que paira sobre os córregos urbanos. Não é só um detalhe desagradável; é um alerta olfativo para um conjunto complexo de desafios ambientais muitas vezes relegados ao segundo plano.

          Pelos cantos da cidade, não é difícil encontrar sacolas de lixo reviradas por ratos destemidos, um espetáculo que, além do desconforto visual, revela uma realidade mais sombria. A presença de cães abandonados e maltratados é um testemunho da desconsideração humana, e cada rua se torna um palco onde a negligência e a vida selvagem urbana dançam um triste dueto.

          No entanto, o ambiente de Mariana não é apenas a soma de seus cheiros e desordens. Da atual epidemia de Dengue, que avança como um silencioso inimigo, até a lembrança dolorosa do rompimento da barragem, tudo é meio ambiente. É um conjunto de fatores que, embora menos exótico do que a vastidão da Amazônia ou o derretimento dos polos, clama por atenção e soluções tão urgentes quanto.

          Para resolver o que parece ser uma dança caótica entre calor, cheiros desagradáveis, e desafios ambientais, é imperativo traçar propostas eficazes. Para combater a poluição dos rios, investir em sistemas de saneamento básico e tratamento de esgoto é o primeiro passo. O lixo nas ruas exige não apenas uma coleta eficiente, mas uma mudança cultural, onde cada cidadão compreenda a importância de seu papel na preservação ambiental. Quanto ao abandono de animais, programas de castração e conscientização sobre a responsabilidade de ter um pet são fundamentais. Abordar o problema não é apenas uma questão de cuidado aos animais, mas também um reflexo do nosso compromisso em construir uma cidade que respeita todas as formas de vida.

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          Defender a necessidade de uma política ambiental a nível municipal não é um apelo utópico, ou algum tipo de capricho; é uma demanda realista, objetiva e urgente, para alcançarmos qualidade de vida plena em nossa cidade, não há outra saída. Uma política que transcenda discursos vazios e se traduza em ações práticas. É hora de reconhecer que, assim como a Amazônia e os polos, Mariana tem suas próprias urgências ambientais, merecendo atenção dedicada e soluções específicas. Afinal, cuidar do ambiente local é tão crucial quanto preservar as maravilhas distantes que muitas vezes eclipsam nossas realidades cotidianas.

Autor: Erenildo Euzebio, 36 anos, Coordenador do Movimento por moradia Nossa Casa, ativista pelo direito à cidade.