Museu Casa Alphonsus de Guimaraens celebra 37 anos de fundação com peça teatral


    Celebração contou uma peça de teatro que relembrou a visita do poeta Mário de Andrade a Mariana e visita dos alunos da Escola Estadual Dom Silvério


    Por: João B. N. Gonçalves e Hynara Versiani


    Inaugurado em 1987, o Museu Casa Alphonsus de Guimaraens, localizado na Rua Direita, completa 37 anos de fundação. O aniversário foi celebrado nesta quinta-feira, 7 de março de 2024, com uma intervenção cênica intitulada “A visita”, que relembrou a vinda de Mário de Andrade a Mariana em 1919, seguida de um passeio guiado pelo espaço com os alunos da Escola Estadual Dom Silvério.


    A apresentação teatral foi inspirada no poema de mesmo nome de Carlos Drummond de Andrade, representando um diálogo entre o poeta Alphonsus de Guimaraens e o também escritor Mário de Andrade, interpretados por Eduardo Dias e Alex Carvalho. Durante a peça, os atores interagiram com o público presente e declamaram poemas clássicos do autor.


    A coordenadora do Museu Casa Alphonsus de Guimaraens, Ana Cláudia Rôla, compartilha sua alegria pelo 37º aniversário do museu. Para ela, esse marco representa uma conquista significativa, destacando a importância do museu para a cidade de Mariana e suas escolas. “Para nós, que estamos envolvidos, é uma grande alegria ter um museu aberto por tanto tempo. Poder comemorar esse aniversário recebendo alunos de escolas locais é algo muito positivo”, afirma.


    A coordenadora explica que a encenação foi cuidadosamente planejada, utilizando, além do poema “A visita”, documentos que narram a história do museu. A intenção era relembrar a importância do museu não apenas para a comunidade local, mas também para a preservação da literatura, conectando passado e presente de maneira única.


    Em relação aos desafios, Ana Cláudia aponta para a localização em um centro histórico com prédios tombados, tornando as questões físicas mais complexas. “Qualquer reparo mínimo demanda um grande esforço, considerando a preservação do patrimônio. Além disso, há o desafio de envolver a comunidade, pois ainda há quem não se sinta parte do museu. A manutenção do espaço e a democratização do acesso são constantes desafios”, ressalta a coordenadora.


    Alex Carvalho e Eduardo Dias, os atores que interpretaram Mário de Andrade e Alphonsus de Guimaraens respectivamente, trabalham com teatro desde o início dos anos 2000. Ambos ressaltam esse ofício como coletivo. “As pessoas têm curiosidade em relação ao teatro, e ele tem esse papel poderoso de atrair o público. O teatro não se faz sem ele”, diz Eduardo.
    Para o ator, o teatro em espaços não convencionais é interessante de se trabalhar: “As pessoas pensam só naquela caixa cênica, italiana. Quando você tem o espaço de uma casa e faz uma intervenção, que vira teatro, isso faz com que o espaço se transforme. As pessoas olham para esse espaço de maneira diferente.”


    Alex ressalta que Mário de Andrade foi embranquecido pela história, e conta que repensar o personagem faz parte do teatro. “Sou um ator negro de pele clara. Estar fazendo o papel de uma figura tão importante e que sofreu esse processo, me fez tentar entender bem como era sua presença nos espaços”, revela. Os dois atores destacaram que tentaram fugir um pouco do sombrio ao interpretar seus personagens, adaptando a história à audiência.


    Quanto às perspectivas para o futuro, a coordenadora destaca a intenção de manter as portas do museu sempre abertas, tornando-o um espaço público verdadeiramente democrático no acesso à cultura. O compromisso é continuar servindo à comunidade de Mariana e preservar o patrimônio cultural, assegurando que o museu seja um local acolhedor para todos, independentemente de quem seja o visitante.

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