A despedida com amor

    Por: William Santos

    Naquele dia, percebi que nada estava seguindo o rumo correto; faltava uma luz. No mesmo dia, minha tia-avó teve um AVC, e isso mexeu muito comigo. Um AVC é um acidente vascular que ocorre quando os vasos sanguíneos que levam sangue ao cérebro entopem ou se rompem. Estava no trabalho, constantemente relembrando os momentos marcantes em que minha tia-avó esteve ao meu lado. Eu estava trabalhando na restauração do santuário de Nossa Senhora da Conceição, olhava para a imagem protegida e me perguntava por que nada estava acontecendo de forma corrente.

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    No dia anterior, a van me deixou perdido no município vizinho, e havia essa situação envolvendo minha tia-avó, que não estava sob meu controle, dado sua idade avançada. Ela sempre me tratava com respeito e tinha o hábito de oferecer um bolo, café ou uma fruta em sua casa. O verdadeiro recheio era o amor e carinho que ela compartilhava. Eu nunca entendia completamente por que meu pai amava tanto minha tia-avó Odete, mas sempre compreendi por que a amava.

    Naquele mesmo dia, já no final da tarde, estava saindo da van e, claro, não foi uma saída tranquila, mas foi muito significativa. Todos os dias eu usava esse meio de transporte para ir para a faculdade, mas naquele dia ainda estava me sentindo meio triste, pois havia algo importante acontecendo e eu não conseguia lidar com isso de uma maneira que considerasse coerente. Então, liguei para meu pai e, ao atender, ele me interrompeu dizendo: “Vamos visitar a minha tia Odete!?”. Eu respondi: “Vamos, sim!”.

    Chegando no hospital, minha tia estava deitada naquele leito. No início, ela olhou para mim sem lembrar, mas logo percebi que estava tentando. Pouco depois, ela recordou de mim e me olhou com um olhar cheio de amor e ternura. Sim, era como se eu fosse seu neto e ela minha avó, e começamos a conversar sobre televisão: Silvio Santos, Geraldo Luiz, Faustão. Também discutimos sobre a restauração e a faculdade. Matamos a saudade, nos reencontrando como sempre fizemos. Quando a médica perguntou se ela se lembrava de mim, ela respondeu alegremente, embora devagar, pois sempre foi tranquila para conversar com as pessoas.

    Chegada a hora da despedida, meu coração apertava e eu queria ficar ali com ela, mas meu pai disse que era hora de irmos embora. Olhei para minha tia-avó e nos despedimos com um “adeus”. Ela olhou para mim e disse: “William, nunca esquecerei de você”. Fiquei emocionado, especialmente porque meu tio-avô, que era casado com ela, raramente se lembrava de mim. Ela expressou que eu sempre seria importante para ela. Naquele dia, foi nosso último encontro, e essas foram suas últimas palavras para mim.

    Duas semanas depois, minha tia-avó partiu para encontrar Nossa Senhora e abraçá-la. Imagino que tenha sido assim o seu encontro no céu, pois ela sempre foi firme em suas orações, rezando o terço e acompanhando as celebrações pela televisão. Lá, ela reencontrou os anjos e seus familiares, compartilhando suas experiências terrenas. Sua jornada na Terra terminou, mas seu legado de amor e fé continuará vivo em nossos corações.

    Texto por William Santos, jornalista e assessor de imprensa.

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