Movimento “Muda Ouro Preto” debate revisão do Plano Diretor

    Durante o encontro, foram apresentados dados relacionados à realidade socioeconômica do município

    Por: João B. N. Gonçalves e Hynara Versiani

    Na noite da última terça-feira, 18 de junho de 2024, o movimento “Muda Ouro Preto” realizou uma reunião para debater a revisão do Plano Diretor junto à comunidade. O encontro aconteceu no clube XV de Novembro e abordou temas como combate à desigualdade social, má distribuição de renda, saneamento básico e moradia.


    Integrante da comissão de acompanhamento do Plano Diretor e pré-candidato a prefeito pelo PSOL, o engenheiro Eduardo Evangelista (Du) apresentou dados do diagnóstico produzido pela Fundação Gorceix que trazem informações sobre a realidade socioeconômica de Ouro Preto. O debate conduzido pelo movimento “Muda Ouro Preto” teve como principal assunto a necessidade do Plano Diretor trabalhar para reduzir a desigualdade social no município. Os dados mostram que o PIB per capita do município é elevado, chegando a R$ 127 mil em 2021.


    O pré-candidato Eduardo Evangelista ressaltou que, apesar do índice elevado, o salário alto não é a realidade de todo o município. “Ouro Preto tem o Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG) e a Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), com salários altos que puxam a média salarial para cima. Para o grosso da população, a realidade não é essa”, afirmou.Ele também destacou que Ouro Preto é uma cidade rica, com um orçamento de R$ 758 milhões previsto para 2024, mas que tem uma má distribuição das riquezas. “Ouro Preto é um município rico, com uma população pobre, que passa por vulnerabilidade socioeconômica. É muito dinheiro na mão de poucas pessoas. Distribuir renda é fundamental e precisa estar no Plano Diretor”, declarou.


    Outro dado relacionado à realidade socioeconômica do município é o número de famílias ouropretanas inseridas no Cadastro Único (CadÚnico). São 12.571 famílias, totalizando 28.499 pessoas em situação de vulnerabilidade socioeconômica. De acordo com os dados, 75% dessas pessoas são negras.
    O economista Ricardo Reis, também presente no evento, reforçou que a questão da desigualdade deve estar indicada no Plano Diretor: “Temos hoje 28 mil pessoas no CadÚnico, precisamos saber onde essas pessoas estão morando. A maioria delas são mulheres e pessoas pretas, e isso indica desafios para as políticas públicas na nossa região”.


    Outro tema abordado foi o saneamento básico no município. Os dados da Fundação Gorceix mostram que o esgotamento sanitário, a coleta seletiva e a drenagem pluvial apresentam baixos índices de atendimento à população. Segundo o diagnóstico, são 22 sistemas de abastecimento de água, com 14 sem indicação de tratamento.


    Também integrante da comissão de acompanhamento, a arquiteta Sandra Sanches alertou para a necessidade da revisão do diagnóstico entregue pela Fundação Gorceix, pois é necessária a identificação das causas dos problemas apontados. “O diagnóstico deve apresentar os dados coletados, mas também a origem deles, onde e quando foram coletados e o que causou essa informação que foi recebida”, disse.Por conta da necessidade de revisões no diagnóstico, o movimento “Muda Ouro Preto” pede pelo adiamento da entrega do Plano Diretor para votação na Câmara Municipal. O prazo atual é o final do mês de agosto, mas a sugestão do grupo é que a entrega seja transferida para o próximo ano, após as eleições municipais.

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