A prefeitura de Mariana promove “Bate-papo sobre o Transtorno do Espectro Autista” esclarece tema para público marianense. A Secretária Municipal de Educação, Cláudia Arantes, expressa sua felicidade: “Hoje é um dia emocionante. Tudo isso começou no início do governo Celso Cota, quando ele falou da necessidade de acolhimento com cada família e educador na questão do autismo. Esse incentivo foi um ponto de partida para a Secretaria de Educação”,
Por: Hynara Versiani e João B. N. Gonçalves
Na última terça-feira, 25 de junho de 2024, o Cine Teatro recebeu a palestra “Autismo na Visão de um Autista”, com o escritor, músico, produtor de conteúdo digital e autista Marcos Petry.
O evento, promovido pela Secretaria Municipal de Educação, abordou o Transtorno do Espectro Autista (TEA) e a perspectiva de quem vive com ele, com o objetivo de clarificar o tema para o público.
Marcos compartilha diversas experiências pessoais, desde o diagnóstico na infância até os desafios e as conquistas da vida adulta. Ele aborda temas como a neurodiversidade, a importância da inclusão social e a necessidade de romper com os estereótipos em torno do autismo. “Temos muitas mentes aqui para trocar ideias, e que essas ideias fluam muito, com um olhar aberto para a inclusão”, pede.
O palestrante explica o uso do símbolo do infinito: “A palavra ‘espectro’ não está aqui por acaso. Um espectro são variações de luz, onde cada pequeno detalhe é importante, desde que o observador capte essa luz e entenda ela como tal”. Marcos esclarece que o primeiro olhar necessário é o de que o autismo não é uma doença. “Se fosse, eu deixaria de ser autista. Não é o caso, porque esse cérebro sempre será diferente”, diz.
Marcos acredita que seja cruel cobrar do autista 100% de autonomia, sendo que ninguém é totalmente autônomo. “Se você sabe sair dos problemas, você não é 100% autônomo, mas sabe buscar uma solução. Você não aprende a pilotar um avião quando precisa voar para algum lugar, você vai a um aeroporto e o piloto te leva”, exemplifica.
Para Marcos a caminhada no espectro é possível: “O importante é avançar, amadurecer, compreender os comportamentos, para que eu possa pedir apoio quando eu mais precisar”. O palestrante busca conscientizar empresas, pois muitas delas não estão preparadas para recrutar autistas. “Muito mais que uma cota, nós somos profissionais, somos indivíduos”, afirma.
Marcos ressalta a importância de seus pais ao longo de sua caminhada: “Foi construída toda uma estrutura que acreditou no Marcos antes dele se descobrir autista, e poder estar aqui, papeando com vocês. Somos hoje um tripé. Se tira um, se um deixa de acreditar nas potencialidades que a vida oferece, esse tripé cai”.
Os pais de Marcos, Arlete e Orlando Petry, também foram chamados para participar. Arlete conta a história de superação da família desde o diagnóstico do filho, destacando a importância da aceitação, do amor e do apoio incondicional. “O diagnóstico não é uma sentença, é um instrumento, uma ferramenta”, diz, destacando que “autistas são autênticos”.
Arlete relembra que, após complicações no parto, Marcos precisou ser tratado por conta de problemas cardíacos. Ao completar três meses de idade, ele não estava se desenvolvendo como esperado, e recebeu um ano de expectativa de vida. “Ficamos muito tempo reclamando e culpando a todos. Mas precisávamos pensar no nosso filho. Marcos tinha direito de viver, nem que fosse por um ano”, afirma.
Depois da cirurgia aos 11 meses, Marcos apresentou melhoras, e então, seus pais trataram de seus aspectos neurológicos. “Orlando recebeu o apelido de MacGyver, pois teve que montar todo um circuito neurológico para trabalhar a cabeça do Marcos. Nossa sala ganhou um escorregador, um quadro de luzes, tudo para estimular as inteligências”, conta. “Não esperem para estimular seus filhos.”
Presente no evento, a Secretária Municipal de Educação, Cláudia Arantes, expressa sua felicidade: “Hoje é um dia emocionante. Tudo isso começou no início do governo Celso Cota, quando ele falou da necessidade de acolhimento com cada família e educador na questão do autismo. Esse incentivo foi um ponto de partida para a Secretaria de Educação”, lembra.
Também presente, o prefeito Celso Cota reforça o compromisso da administração municipal com a inclusão das pessoas com autismo. “Falar de autismo é falar da sociedade como um todo. Precisamos ser inclusivos em toda a sociedade, não só na educação”, disse.
O prefeito saúda a equipe da educação por seus trabalhos, e afirma que os responsáveis por políticas públicas de inclusão, precisam perceber aqueles que demandam esse tipo de política: “O autista pode estar onde ele quiser estar, mas a porta precisa se abrir, e para isso, o poder público precisa cumprir seu papel. Aqui fica nosso amor por essa causa tão importante”.
Ao fim do encontro, muitos ouvintes tiraram fotos com Marcos. Um dos presentes, Túlio Campos, também autista, fez um desenho do palestrante ao longo do evento e o entregou. Marcos fechou sua apresentação com diversos números musicais, incluindo músicas em várias línguas e uma música autoral.
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