Mineradora Cidreira e JLX Mineração promoveram reunião com comunidade de Morro Santana, Camargos, Vila Maquiné e São Cristóvão para apresentar empreendimento que tem objetivo de produção de 300 mil toneladas de minério de ferro por ano. A Coordenadora de Meio Ambiente da Mineração Cidreira, Lorena Diniz, explica que a mineradora Cidreira não faz uso de barragens de rejeitos ou explosivos. O local da mina será próximo a fazenda da Palha em Camargos.
Por: Hynara Versiani, João B. N. Gonçalves e Leandro H. Santos
Na última quarta-feira, 16 de outubro de 2024, ocorreu próximo à Rodovia do Canela uma reunião realizada pela empresa Mineração Cidreira, contando com a presença de moradores do Morro Santana, da Vila Maquiné, Camargos e do São Cristóvão.
Estiveram presentes no evento cerca de 100 pessoas da comunidade, representantes da associação de Moradores do Gogo, a coordenadora de Meio Ambiente da Mineração Cidreira, Lorena Diniz e vereadores José Sales, Marcelo Macedo, Pedrinho Salete, e o vereador eleito Magelinha.
O objetivo do encontro foi apresentar o Diagnóstico Socioambiental Participativo (DSP), realizado junto à comunidade situada na Área de Abrangência da Educação Ambiental (Abea) do empreendimento Mineração Cidreira.
O objetivo principal do empreendimento é a lavra a céu aberto, alcançando a produção bruta de 300 mil toneladas de minério de ferro por ano, posicionando o empreendimento como classe 2. Ele também desenvolverá atividades acessórias, como uma pilha de rejeitos estéril e uma unidade de tratamento de minérios, para produção de 300 mil toneladas por ano, ambos também de classe 2.
A expectativa é que o empreendimento seja instalado próximo a Fazenda da Palha, no entorno do distrito de Camargos, há 15 Km de Mariana.
Sobre a classificação da mina, há uma tabela de acordo com a produção. Se a lavra é de 0 a 100 mil toneladas de minério de ferro por ano, o empreendimento é classe 1; se é de 100 a 500 mil, é classe 2; e se é acima de 500 mil, é classe 3. Conforme vai aumentando a produção, são exigidos estudos mais completos sobre o que está sendo feito.
A Coordenadora de Meio Ambiente da Mineração Cidreira, Lorena Diniz, explica que o empreendimento não faz uso de barragens de rejeitos ou explosivos. O motivo disso é que o material na área onde a empresa pretende se situar é friável, ou seja, de fácil retirada. “Só uma escavadeira já será capaz de retirar, não será necessária a utilização de explosivos, o que é um grande ganho ambiental. Também não teremos barragens, que é uma das maiores preocupações atualmente”, conta.
As vantagens citadas por Lorena foram uma operação mais simples e segura, a redução das etapas de produção e do impacto socioambiental na região e a utilização de menos equipamentos. Com isso, haverá redução do consumo de água, da emissão de efluentes líquidos e uma menor degradação ambiental e do risco de acidentes. Passada a devolutiva do DSP, o processo está na fase de levantamentos in loco. Foram coletadas informações com a população e estão em andamento estudos dos meios físico, biótico e socioeconômico, além da descrição do processo operacional.
“Na fase de perfil do público, que é a devolutiva do que foi questionado e passado para nós, pegamos as reclamações da população. Toda essa parte é feita antes do empreendimento estar operando, antes do licenciamento ambiental. Depois disso, vem a execução dos programas e atividades”, diz Lorena.
Nessa fase, é feita a aplicação de um questionário amostral, que foi aplicado também na comunidade de Camargos e sua devolutiva foi realizada em 2023. A Gerente de Projetos da Mineração Cidreira, Karen Castro, explica que o atraso na devolutiva atual se deu pela falta de autorização da Prefeitura.
No questionário aplicado na região do Morro Santana, 74% das pessoas responderam que residem na região há mais de dez anos; 15%, entre cinco e dez anos; 8%, entre dois e cinco anos; e 3%, há um ano. 62% responderam que sabem o que é um Programa de Educação Ambiental (PEA), e 38% responderam que não. 78% responderam que não participam de nenhum Programa de Educação Ambiental, e apenas 22% responderam que participam.
Por fim, quando questionados se sabiam que a empresa Mineração Cidreira iria instalar um empreendimento de mineração na região, 93% respondeu que não.
Presente na reunião, o vereador eleito Ítalo de Magelinha expressa sua preocupação: “Queremos contrapartidas reais. É legal ter um parquinho, como costumam nos prometer, mas isso é o mínimo do mínimo. Vocês estão interessados em só cumprir os requisitos legais ou realmente resolver as demandas da comunidade?”, questiona. Ele diz que a população não tem visto um real interesse das empresas em resolver os problemas. Tenho certeza que não é culpa de vocês, mas isso impacta diretamente a comunidade que está do lado”, afirma.
Vereador Pedrinho Salete disse que gostaria de saber sobre os impactos da mineração, sobre a quantidade de caminhões e dados técnicos da mineração que podem impactar a comunidade do entorno.
A presidente da Associação de Moradores do Morro Santana, Marcela Barreto, disse : “Qual é o status desse licenciamento? Precisamos saber em qual passo estamos. Com a Cedro, quando a Prefeitura chegou, o projeto já havia sido aprovado. Não tivemos nem a chance de participar de uma audiência pública, apenas recebemos a notícia”, reclama.
Respondendo os questionamentos, Lorena explica que o objetivo da reunião é apresentar o Programa de Educação Ambiental que está sendo elaborado. “Pelos estudos que já elaborei, entendo que o objetivo da empresa não é ser mais uma empresa para degradar o meio-ambiente de Mariana”, garante.
Ela também relembra que a audiência pública é um direito da população. Karen ressalta que a postura da empresa é diferente a partir do momento que não estão “vendendo sonhos e falando sobre construir parquinhos”, mas dispostos a ouvir os problemas, as reclamações e o posicionamento da comunidade.
Ao receber outras reclamações dos moradores presentes que não estavam relacionadas ao tema, Lorena esclareceu muitas dúvidas, mas disse que a intenção do encontro era divulgar o Programa de Educação Ambiental. Moradores cobraram outra reunião com mais informações sobre outros temas.