Reativação do Concentrador 2 marca nova etapa para a Samarco que dobra produtividade

    Empresa dobra capacidade produtiva instalada e avança com operação eficiente e sustentável

    Por: João B. N. Gonçalves

    A Samarco deu mais um passo na sua retomada operacional com a reativação do Concentrador 2 e a inauguração de uma nova planta de filtragem de rejeitos no Complexo de Germano, em Mariana e Ouro Preto, nesta segunda-feira, 16 de dezembro de 2024.

    Com a operação, a empresa dobra sua capacidade produtiva instalada, estimando atingir 15 milhões de toneladas de pelotas e finos de minério de ferro em 2025, o dobro do registrado desde a retomada em 2020.

    Segundo o presidente da Samarco, Rodrigo Vilela, o retorno do Concentrador 2 é um marco relevante para a mineração moderna. “Essa retomada é muito significativa para nós, pois nos permite alcançar 60% da nossa capacidade de produção, recolocando a Samarco entre as maiores produtoras de pelotas do mercado transoceânico”, destacou Vilela. Além disso, ele assegurou que a operação é feita sem barragens de rejeitos, utilizando filtragem a seco e processos tecnologicamente avançados.

    A reativação do Concentrador 2 é parte de um plano gradual de retomada das atividades, que prevê atingir 100% da capacidade produtiva até 2028. Esse avanço inclui o retorno do Concentrador 1, em Germano, e das Usinas de Pelotização 1 e 2, no Espírito Santo. A empresa investiu cerca de R$ 1,6 bilhão em tecnologias de ponta para garantir eficiência, segurança e respeito ao meio ambiente.

    Para a ampliação, foram mobilizadas aproximadamente 3 mil pessoas, entre empregados próprios e contratados, com destaque para a contratação de mão de obra local. De acordo com o presidente, a Samarco priorizou a contratação da mão de obra local, principalmente de comunidades como Antônio Pereira, Santa Rita Durão, Camargos. No total, 85% dessas contratações são de trabalhadores de Mariana e Ouro Preto.

    Novo acordo de repactuação

    Outro ponto discutido pelo presidente Rodrigo Vilela é o novo acordo de repactuação dos danos do rompimento da barragem de Fundão. Assinado em outubro, ele devolve à empresa a liderança das atividades de reparação. “Esse é um acordo justo, definitivo e abrangente. Trabalhamos para que ele seja efetivo e reconhecido pela sociedade, garantindo acesso claro e objetivo às indenizações, reassentamentos e reparações ambientais”, afirmou.

    No entanto, autoridades locais aproveitaram a ocasião para criticar o novo acordo de repactuação, homologado em novembro. O prefeito eleito de Mariana, Juliano Duarte, destacou a importância econômica da Samarco, mas fez ressalvas ao acordo que considera injusto. “Mariana foi a cidade mais impactada, mas entre os municípios ficou com apenas 4% dos recursos”.

    O prefeito eleito também criticou o prazo de pagamento: “Foram nove anos para a repactuação acontecer e, ao todo, serão 29 anos para que Mariana receba os recursos necessários. Precisamos diminuir esse tempo, pois nossa cidade tem problemas urgentes a serem resolvidos, principalmente em áreas como mobilidade, abastecimento de água, saúde e educação”.

    O prefeito de Ouro Preto, Angelo Oswaldo, reforçou a insatisfação com o processo de repactuação, destacando a exclusão histórica do município. Para ele, a cidade de Ouro Preto foi “ignorada” na reparação dos danos, apesar de sofrer impactos da mineração. Angelo também criticou a atuação da Fundação Renova, que classificou como “um grande equívoco”, e pediu uma postura mais solidária das mineradoras com as comunidades atingidas.

    O atual prefeito de Mariana, Celso Cota, ressaltou o papel da Samarco na transformação socioeconômica da região ao longo das décadas, mas apontou os desafios enfrentados desde o rompimento da barragem de Fundão, em 2015 e que se estendem até hoje.

    “O impacto foi devastador. Perdemos arrecadação, enfrentamos problemas sociais, e a cidade empobreceu. Mariana continua sendo o epicentro do desastre. Hoje, falamos de uma nova página, mas não podemos esquecer as lições do passado. Precisamos de investimentos para mobilidade urbana, educação e saneamento, como a alça viária e a expansão da Estação de Tratamento (ETA) Sul, para garantir um desenvolvimento ordenado e sustentável”.

    Presentes no evento Vereador Luiz do Morro, Vereador Zé do Binga e Flávio Andrade.

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