Entre dois Mares

    Por Geraldo Gomes

    Quem visita o Estado de Israel como turista, sempre é levado pelos guias de viagem  a dois importantes pontos geográficos desse país, locais esses de grande relevância sob a ótica da indústria do turismo: refiro-me aos locais onde ficam o Mar Morto e o Mar da Galileia.

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    O   Mar  Morto é uma grande concentração de água  situada perto do Monte Massada, no Deserto da Judéia, ao lado da rodovia que leva ao Golfo de Eilat, no  sul de Israel. Chamam-no de mar, mas na realidade não se trata de um mar. Ele é um grande lago de água salgada, cuja concentração de sal alcança o teor de 33 por cento, um valor altíssimo em comparação com a análise das águas conhecidas dos nossos oceanos, que nos indica quase sempre um  percentual  de sal  variável entre 3 e 4 por cento. Por experiência própria, posso afirmar que nas águas do mar morto uma pessoa pode flutuar com facilidade, mesmo que não saiba nadar, porque a

    densidade dessas águas é maior que a densidade média do corpo humano. Densidade é um conceito da Física  de fácil entendimento.

    O comprimento desse lago é de  aproximadamente   60  quilômetros na direção norte-sul, e a sua largura média fica em torno de  10 quilômetros, no sentido transversal. Considera-se este o valor médio da largura porque esta medida é bastante variável, devido à condição orográfica da região.

     A linha limítrofe entre o território Israelense e as terras Jordanianas  passa no interior do lago no sentido longitudinal. Portanto, suas águas   pertencem aos dois países.

    Com o altíssimo teor de sal existente nas águas desse lago, a vida ali é, com raríssimas exceções,  inexistente.  Daí vem o seu nome: Mar Morto. Ele fica a 430 metros abaixo do nível do mar,  em uma depressão geológica que se estende por centenas de quilômetros, até a África. É o local mais baixo em todo globo terrestre. Os sais existentes no Mar Morto têm  origem nas  montanhas rochosas    vizinhas.   Esses sais são à base de enxofre,  sódio e potássio.

    Segundo as  Sagradas Escrituras, Sodoma e Gomorra ficavam na parte  sul desse  lago, onde se localizam algumas montanhas que contem diversos sais.  Essas duas cidades, por causa do pecado que ali se agigantou aos olhos de Deus, foram arrasadas com fogo e enxofre por castigo divino.  O capítulo 19 do livro de Gênesis, o primeiro livro da Bíblia  Sagrada, descreve o evento da destruição dessas duas cidades. Seriam essas rochas, que contém os sais, originadas daquela intervenção divina?… Diz a Bíblia que a mulher de  Ló virou uma estátua de sal quando olhou para trás, desconsiderando a orientação do anjo do Senhor que a instruiu para que assim não procedesse.

    Muitas pessoas que  creem  na Bíblia imaginam que a existência de grande  quantidade de sal na região do mar morto tem ligação com  esse acontecimento  narrado na Bíblia, ou seja a destruição de Sodoma e Gomorra, com fogo e enxofre. Dois são os argumentos que estribam esta forma de pensar: primeiro, devido ao fato  de o enxofre ser o elemento químico que dá origem a vários tipos de sais,  tais como: sulfatos, sulfitos e sulfetos; o outro motivo que leva os estudiosos da Bíblia a  ligarem o relato bíblico com as rochas de sal vizinhas do Mar Morto, é que não existe nenhuma formação geológica com as características químicas semelhantes, por centenas de quilômetros de distância daquela região. Ao derredor do Mar Morto, por muitos quilômetros,  as rochas são silicosas areníticas ou siltíticas, típicas do deserto. Portanto, são rochas formadas por minerais oxidados, dos quais não se originam sais. Não existem, em todo país de Israel,  outros jazimentos de rochas das quais se podem extrair sais, confirmando os argumentos acima apresentados.

    O segundo ponto geográfico visitado pelos turistas é onde fica o Mar da Galileia, que está aproximadamente a 140 quilômetros ao norte do Mar Morto. Semelhantemente a este, o Mar da Galileia, também não é um mar. Trata-se de um grande volume de água doce, cercado de terras por todos os lados, formando um enorme lago com 21 quilômetros de comprimento por 13 quilômetros de largura, chegando a ter uma profundidade máxima  de 43 metros. Tem esse nome por se localizar na região da  Baixa Galileia. Está  em uma posição de 230 metros abaixo do nível do Mar Mediterrâneo. É também denominado de Mar de Tiberíades, devido à cidade de Tiberíades que fica em sua margem. Também é chamado Mar de Genezaré. Os israelenses  o chamam de Lago de Kineret, devido ao formato de seu contorno, que é semelhante a um violino, kineret, em hebraico.

    O Mar da Galileia  é alimentado pelas águas fluviais  e pelas águas do Rio Jordão que desce do norte de Israel. Esse rio é formado pelas  águas  provenientes do degelo das neves do Monte Hermon, o Monte Sagrado como é chamado pelos judeus, que por sua vez é um conglomerado de montanhas localizadas  na tríplice divisa entre Israel, Líbano e Síria. O Monte Hermon  permanece nevando quase o ano todo. As águas que descem das Montanhas de Golã se juntam  a essas primeiras, a outras  de pequenos córregos afluentes do Rio Jordão e alimentam constantemente esse grande lago. Este,  por sua vez,  é fonte de água potável para toda população que vive às suas margens, chegando a abastecer 25 por cento de toda a nação de Israel, em suas necessidades domésticas, bem como para irrigação por gotejamento,  técnica usada na agricultura abundante em suas proximidades. A região do Mar da Galileia tem pujante economia  e é cheia de vida, tanto animal como vegetal. Isto pode ser observado com facilidade por quem visita o local, em contraste com a região do Mar Morto, cujas águas salobras não permitem o progresso econômico regional, nem o desenvolvimento seres viventes nas suas proximidades ou em seu interior.

    A vida pública do Senhor Jesus Cristo  esteve muito ligada ao Mar da Galileia. Dos três anos por Ele vividos, desde a sua saída aos trinta anos de idade da casa de seus pais, em Nazaré na alta Galileia,  até a sua crucificação em Jerusalém, Jesus residiu por dezoito meses, na casa de Pedro,  em Cafarnaun, aldeia de pescadores que fica na margem norte desse lago. Ele saia com seus discípulos a peregrinar pelas cidades vizinhas para levar as Boas Novas do Evangelho, mas voltava sempre a Cafarnaun, onde fez a  base para a sua pregação. Ali Ele curou a sogra de Pedro acometida com grande febre,  e fez muitos milagres. Juntavam-se multidões das cidades próximas para ouvir os seus ensinamentos e para serem curados. Ensinava aos  sábados na Sinagoga ali existente. Foi em uma pequena  elevação do terreno, ao lado do Mar da Galileia,  que Jesus  proferiu o  Sermão do Monte e fez o milagre da multiplicação dos pães. Sobre suas águas Ele andou em um dia de tempestade, e acalmou-a. Ali aconteceu também o evento da pesca milagrosa, e muitos outros sinais descritos nos evangelhos.

    O Mar da Galileia, além de ser um promotor da vida para todos os seres viventes da região onde se encontra, através de suas  límpidas e piscosas águas,  foi palco de relevante importância  na disseminação do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, o autor da vida e fonte de Água Viva, como diz a Bíblia.

    O Rio Jordão continua seu  trajeto abaixo do Mar da Galileia, pois toda água que dele transborda  (  over flow ),  desce por gravidade por muitos quilômetros até chegar ao Mar Morto.  Nesse trajeto ele fornece água potável  para várias cidades que o margeiam, a exemplo de Jericó que fica em suas proximidades. Ao chegar ao Mar Morto,  esse rio desaparece na imensidão desse lago que nunca enche, devido a alta taxa de evaporação da água em sua extensa  superfície. O Rio Jordão,  piscoso como é e  cheio de  vida,  chegando ao Mar Morto, “morre”,  e com ele toda vida que ele traz também desaparece. É uma cena muito triste de se ver…

     Podemos, com facilidade, estabelecer uma visão alegórica entre a existência desses dois  mares de Israel e  as duas parcelas em que se divide a sociedade global. É visível o contraste entre esquerda e direita, em que a sociedade está dividida política e economicamente. Pertencem à ala da direita todos os   cidadãos e cidadãs de bem que defendem a família, os princípios judaico-cristãos, a propriedade privada, a liberdade individual para empreender seguindo os princípios  da economia de livre mercado ensinados por Adam Smith,  pai da economia moderna. Defendem ainda a liberdade de ir e vir, a liberdade de expressão,  a liberdade religiosa, etc.   Ao grupo  de esquerda pertencem aqueles que são contra todo tipo de liberdade, contra a propriedade privada,  querem destruir as religiões,  são contra a família e entendem que um governo central deve comandar a vida particular de todas as pessoas.  É  assim nos países comunistas. O esquerdismo teve origem com os escritos de Karl Marx no século XIX,  e embora hoje seja identificado por vários nomes  eufemísticos tais como socialismo, progressismo,  gramscismo,  socialismo Fabiano, etc,  não passa de um comunismo disfarçado tal como o idealizado por esse filósofo ateu que disse: a  religião é o ópio do povo.

    O Senhor Jesus Cristo, no sermão do monte, ao lado do Mar da Galileia, ensinou: “ não pode a árvore boa  dar maus frutos e nem a árvore má dar bons frutos, pelos frutos conhecereis as árvores”. (Mt7:18). Jesus disse isto se referindo aos bons e aos maus profetas, numa linguagem alegórica, utilizando as árvores representando os homens. Neste sentido podemos afirmar que Karl Marx foi uma árvore má, pois deu péssimos frutos. Ele  não cuidou bem da sua  própria família. Moralmente foi um desastre: engravidou a empregada doméstica de sua esposa, fato que gerou grande revolta de sua filha Eleonor que descobriu toda verdade, apesar de Friedrich Engels, amigo de Marx, ter tentado encobrir o fato ao providenciar adoção do garoto ainda recém-nascido. Eleonor se suicidou ainda jovem, talvez tenha sido insuportável a decepção com comportamento de seu pai. Financeiramente foi outro desastre: como se casara com uma mulher rica, viveu às custas da ajuda que sua sogra passava sempre ao casal, e também das parcas mesadas que lhe fornecia seu amigo Engels. Devido à precariedade financeira  com que tratava sua família, quatro dos seus sete filhos morreram antes de chegar à idade adulta.

     Friedrich Engels era filho de um grande  capitalista alemão, industrial  de tecidos. Ele tornou-se amigo de Marx  e colaborou com este  na formulação  da doutrina comunista, sendo coautor  do livro  Manifesto Comunista, lançado em 1848.

    Uma visão panorâmica no mapa mundi  nos fornece  uma ideia comparativa entre os países que adotaram o comunismo marxista e aqueles que optaram pela economia de livre mercado capitalista. Esses primeiros se assemelham  ao Mar Morto onde a vida é sofrível e improdutiva  em todos os sentidos. São  países onde não há produção nem produtividade suficiente para atender às necessidades básicas da população e não há liberdade individual em qualquer  sentido. Seus governantes são ditadores contumazes, levando sofrimento a todo povo. Exemplos claros na atualidade são países como a Venezuela, Cuba, Coreia do Norte, Vietname, onde o povo passa fome.  Os países que adotaram a economia de mercado e a liberdade individual dos cidadãos para viverem democraticamente são parecidos com o Mar da Galileia onde a vida flui com mais abundância, havendo fartura para todos que trabalham  com resiliência para sua promoção pessoal e para construção do país. Neste grupo se localizam países como Estados Unidos da América, Japão, Coréia do Sul, Brasil e outros, onde a prioridade se resume numa única palavra:  LIBERDADE!