Ruínas da Serrinha pertenceram ao bandeirante Belchior da Cunha Barreto

    Entenda a origem dos nomes das cidades e distritos da região e a importância de preservarmos a ruína da Serrinha em Mariana, que está dentro do parque do Itacolomi !

    Antônio Rodrigues Arzão, bandeirante, pioneiro na mineração de ouro da região, homenageado tendo seu nome dado ao distrito vizinho de Mariana, desde 1693 já vivia com sua tropa pelos sertões de Minas. Ele garimpou ouro em Curitiba e Paranaguá antes de vir para Minas expulso pelos índios daquela região.

    As noticias da existência do ouro atraiam muitos aventureiros paulistas para região do que é hoje chamada de Minas Gerais.

    Coube a Salvador Mendonça Furtado descobrir o primeiro registro de ouro no Ribeirão do Carmo em 16 de julho de 1696. Desde então a região começou a receber muitos aventureiros de São Paulo a procura de ouro. Em 1698 Antônio Dias de Oliveira, de Taubaté, encontrou muito ouro no que veio a se chamar inicialmente Vila Rica, depois Ouro Preto devido a cor do ouro.

    Entre esses primeiros aventureiros que chegaram na região na primeira década de 1700,  estavam os bandeirantes Miguel Garcia que exploraram o rio Gualaxo do Sul, salvador Fernandez Albernaz no rio Gualaxo do Norte, criando o arrial de Nossa Senhora de Nazaré depois Santa Rita Durão, Manuel Garcia no Tripuí, João Pedroso em Cachoeira do Brumado, Caetano Pinto de Castro em São Caetano mais tarde Monsenhor Horta, Manoel da Costa em Nossa Senhora das Neves,  hoje Claudio Manoel.

    Os locais eram batizados com o nome de seu descobridor ou de acordo com o santo do dia que se encontrava a primeira pepita de ouro, assim como Salvador Furtado fez com a Vila do Carmo, hoje Mariana. Houveram muitos pioneiros. Sebastião Fagundes Varela descobriu ouro no arraial que deu nome de São Sebastião, hoje Bandeirantes, Matias da Silva Barbosa fundou o arraial com seu nome, depois virou Barra Longa.

     Alguns vieram com familiares como os irmãos Bento Rodrigues e Miguel Rodrigues, os irmãos Camargos ( Fernando Lopes Camargo, João Lopes Camargo e Thomaz Lopes Camargo), e Antonio Furquim da Luz,  seus nomes dão nomes a distritos hoje.

    Locais que mantiveram o nome indígena tupi – guarani foram;

    Itabiroco ( Casa da pedra) na Vargem, sub distrito de Mariana, Itabirito fundado pelo Capitão-Mor Luiz de Figueiredo Monterroio e de Francisco Homem Del Rey ( Itabirito = pedra vermelha) , e Itacolomy em Mariana. ( pedra menino), Guaraciaba ( cabelo louro, em alusão a lenda de uma índia de cabelos de raio de sol).Acaiaca, distrito emancipado de Mariana em 1962. Seu nome vem do Tupi  akaiaká, árvore de cedro e prova a presença e influência dos índios na região. Piranga, vem de Guarápiranga, significa barro vermelho.

    Na região do Itacolomi exploraram ouro Bento Leite e Belchior da Cunha Barreto. Porém os dois abandonaram as lavras devido o fim prematura da lavra de ouro. O nome Belchior batiza o ribeirão cristalino que desce do Itacolomi do lado das Cachoeira das Serrinha em Passagem de Mariana e se junta ao Rio Sibrão. A historiadora Laura Vergueiro  em seu livro “ Opulência e miséria das Minas Gerais” publicado em 1981, cita Belchior e Bento Leite como exploradores do ouro no Itacolomi. Bento Leite optou por explorar a região do Lagoão em Passagem, no pé do Itacolomi.

    Do local onde Belchior formou sua base de operações, logo depois descendo a Serrinha em Passagem, existe sua casa grande, muros de arrimo, parte de uma calçada. Toda área foi abandonada quando o ouro acabou. A mata alta e o difícil acesso protegeram o local de depredações.

    Foto: Leandro H Santos

    A construção de pedra seca, revela a forma típica da tecnologia usada na época dos descobrimentos do ouro. A história da ruína da Serrinha parece com o chamado  “forte de Brumadinho”, robusta construção em pedra, porém inacabada devido ao esgotamento do ouro antes do previsto, segundo uma versão de alguns historiadores. Inclusive o formato das janelas com pedras para sentar e seteiras nas paredes para ataques seguem o mesmo padrão da época.

    È necessário que o poder público de Mariana tome providências para preservar as ruínas da Serrinha para que essa história não seja esquecida.

    P.S. : Devemos agradecer os ciclistas, grupos de bikes, que se organizam e mantem limpas a trilha da Serrinha. Foram eles que fizeram a redescoberta do local, tornando-o acessível.