Inteligência artificial o que o jornalista precisa saber para sobreviver na ”Nova Era” tecnológica
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    A dualidade entre homem e máquina chegou ao jornalismo. Em um cenário de convergência com a inteligência artificial, qual profissional sobreviverá?

    Por: João B. N. Gonçalves

    Em maio de 2020, a MSN-Microsoft iniciou uma revolução no seu “quadro de funcionários”. Segundo o Seattle Times, cerca de 50 jornalistas foram demitidos pela empresa e substituídos por inteligências artificiais (IAs).
    Desde Matrix (1999), a dualidade homem-máquina instiga um medo na humanidade: ser substituído pela máquina. Porém, de acordo com o doutor em comunicação social, Silvio Barbizan, não há risco para o jornalista.

    Em sua tese, intitulada “Jornalismo em vídeo gerado por inteligência artificial: narrativas e credibilidade”, ele defende que apesar da inclusão das IAs no mercado significar a perda de alguns postos de trabalho, também pode criar novas posições.

    Os algoritmos das Inteligências Artificiais atuam na apuração, na seleção, na ordenação e na distribuição das informações. O jornalista precisa exercer o papel que a máquina é incapaz de realizar. Por exemplo, a máquina não é capaz de fazer entrevistas, que em razão do contato entre repórter e entrevistado pede uma sensibilidade. O humano pode, por exemplo, notar que a pessoa está nervosa, observar o silêncio, dentre outros.

    Representação das Inteligências Artificiais (IAs) que estão presentes no jornalismo / Foto: FreePik


    O processo de automação das redações é inevitável, contudo, as competências humanas ainda são indispensáveis no processo de produção jornalística. O jornalista Antônio Carlos Lua, do programa “Entre Linhas”, do Ministério de Justiça do Maranhão, comenta que os robôs escrevem relatórios, mas as histórias dependem dos jornalistas que têm pensamento crítico, que transmitem emoção e prazer.
    E em que isso é bom?
    Como uma atividade profissional que tem como foco o tratamento da informação, o Jornalismo foi muito beneficiado pelo avanço tecnológico. A produção de conteúdo foi acelerada, aumentando as possibilidades da atividade jornalística. Graças à tecnologia, as fronteiras dos países não impedem a informação de circular.

    Com a inteligência artificial não será diferente, ela trará benefícios. A vantagem é que além de ser capaz de lidar com um grande volume de informações e dados numa fração de segundos, as IAs podem produzir textos corriqueiros em tempo menor que um jornalista humano, deixando-o com a função de produzir aquilo que exija maior profundidade.
    As IAs melhoram a eficácia da produção, e por isso, as organizações de mídia, gradativamente, se apropriam desse recurso. O The Guardian, assim como outras empresas espalhadas pelo mundo, já teve textos escritos por IAs. Em 2021, por exemplo, o jornal britânico publicou o artigo “A robot wrote this entire article. Are you scared yet, human?”.

    Artigos escritos por IAs demonstram que seu uso pode trazer grandes inovações ao jornalismo, principalmente no que diz respeito à apuração e análise de dados. A tecnologia está melhorando cada vez mais, e a IA pode ser uma aliada para que o jornalismo fique cada vez melhor e com mais recursos.
    Como os jornalistas vêem o cenário?

    Em pesquisa realizada via Google Forms, com estudantes de jornalismo da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), com o objetivo de conhecer as expectativas e receios dos futuros profissionais em relação às inteligências artificiais na profissão. A pesquisa “Inteligência Artificial e Jornalismo” contou com 16 respostas, nas quais a maior parte dos entrevistados (56,3%%) afirmou não temer a presença das IAs nas redações (veja no gráfico abaixo), porém, eles atentam para algumas das possíveis desvantagens.

    A principal desvantagem apontada foi a possibilidade da substituição do homem pela máquina, considerando que as IA’s podem exigir um gasto menor a longo prazo comparado ao gasto com humanos. Outro ponto levantado pelos estudantes diz respeito à fragmentação do trabalho, em que muitos profissionais realizam funções que um robô realizaria em menor tempo, o que acarretaria na demissão desses funcionários.

    Por outro lado, ressaltaram que mesmo que as IAs possam realizar algumas funções, é indispensável que quem decida o que deve ser notícia ou não seja o ser humano. Um estudante não identificado afirma que: “O fator humano no jornalismo é essencial e as IAs podem contribuir para que os jornalistas tenham mais tempo disponível para interpretar os fatos complexos da atualidade”.

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