
Apesar do avanço no tratamento do HIV, com novas drogas que garantem menos efeitos secundários, e da profilaxia pré-exposição (PrEP), o vírus da imunodeficiência humana ainda preocupa. Segundo o Boletim Epidemiológico HIV e Aids, do Departamento de HIV, Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis, da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde (Dathi/SVSA/MS), comparando os anos de 2020 e 2022, o número de casos de infecção pelo HIV aumentou 17,2% no Brasil.
O diagnóstico precoce e a ampliação do acesso a medicamentos antirretrovirais são importantes para prevenir doenças oportunistas, como algumas que se desenvolvem nos olhos. “Embora o tratamento antirretroviral (TARV) tenha reduzido significativamente a incidência de complicações severas relacionadas ao HIV, a presença de algumas doenças na visão ainda é uma realidade, porque o sistema imunológico não se recupera completamente. É o caso das uveítes, que podem estar relacionadas ao próprio HIV ou a medicamentos, e, ainda que raro, mesmo com TARV, os quadros podem reativar”, descreve Aquiles Gontijo, oftalmologista do Instituto de Olhos Minas Gerais (IOMG).
As uveítes são inflamações da úvea (camada vascular do globo ocular), que podem envolver a íris, o corpo ciliar, a retina e a coroide, e além delas pacientes com o vírus da imunodeficiência podem desenvolver outras doenças oculares. “As mais comuns são retinopatia do HIV; retinite por citomegalovírus (CMV), da família dos herpesvírus; tuberculose ocular, causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis; sífilis ocular, uma variação da doença causada pela bactéria Treponema pallidum; e toxoplasmose ocular, provocada pelo protozoário Toxoplasma gondii”, informa o Dr. Aquiles Gontijo.
O especialista lembra que o tratamento da manifestação ocular varia conforme a condição do HIV, o agente causador e o grau de evolução. “No caso da retinite por CMV são utilizados antivirais como ganciclovir, administrados por via oral, intravenosa ou tópica. Para uveítes, a abordagem pode consistir em corticoides, medicamentos imunossupressores ou antibiótico. Todas as condições oculares associadas ao HIV podem se manifestar em níveis que vão do leve ao grave. Se não forem devidamente tratadas, podem levar à perda parcial ou total da visão, e incômodo crônico nos olhos”, ilustra.
De acordo com o oftalmologista, os mecanismos de rastreamento consistem em exames oftalmológicos regulares, fundamentais até mesmo para pacientes em TARV e sem sintomas oculares. “Já o exame de fundo de olho é indicado para avaliar diretamente a retina e detectar alterações precoces. O monitoramento da carga viral e contagem de CD4 ajuda a prever o risco de complicações oculares. A prevenção e o tratamento precoce são essenciais para evitar complicações e manter a qualidade de vida”, conclui.Foto: Divulgação
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