Festejo destacam raízes ancestrais e celebra a história, a resistência e a espiritualidade da comunidade.
Por: João B. N. Gonçalves e Hynara Versiani. Revisão e Edição Leandro H Santos.
Neste domingo, 5 de janeiro de 2025, Ouro Preto deu início ao Reinado de Nossa Senhora do Rosário, Santa Efigênia e São Benedito, intitulado “A Fé que Canta e Dança”.
A tradicional celebração, que vai até o dia 12 de janeiro, reúne religiosidade, cultura e resistência, marcando o início do calendário cultural da cidade histórica mineira.
A abertura dos festejos ocorreu nas escadarias da Igreja Matriz de Santa Efigênia, no bairro Alto da Cruz, com bênçãos às Guardas de Congado e Moçambique.
Este ano, o evento conta com a participação de mais de 40 grupos de diversas cidades de Minas Gerais, celebrando as raízes afrodescendentes e a herança espiritual deixada pelos ancestrais.
A festa, reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial, teve sua abertura oficial nas escadarias da Igreja Matriz de Santa Efigênia, no bairro Alto da Cruz, onde as irmandades negras deram suas bênçãos ao Reinado.
“Essa é uma manifestação de resistência, devoção e celebração da cultura afrodescendente. Aqui, a espiritualidade do povo de Ouro Preto se une à alegria e à tradição”, destacou Angelo Oswaldo, prefeito de Ouro Preto.
O prefeito enfatizou a importância do evento como parte do rico calendário cultural de Ouro Preto, que também inclui as folias de reis. “A festa do Rosário dá continuidade ao ciclo natalino e marca o início de um novo ano com uma programação cultural diversificada. Esperamos mais de 40 grupos de congados e moçambiques para o grande desfile triunfal no dia 12, que percorrerá um trajeto simbólico da Igreja de Santa Efigênia até a Mina de Chico Rei e depois até a Capela do Padre Faria”, explicou.
Para o prefeito Angelo Oswaldo, a celebração também é uma oportunidade de resgatar e valorizar a cultura afro-brasileira. “Essa festa é um testemunho do sincretismo religioso e da força da espiritualidade do povo pretano. É um evento que canta, encanta e projeta as riquezas culturais de Ouro Preto para todo o Brasil”, afirmou.
Kedison Guimarães, Diretor de Promoção da Igualdade Racial e capitão da Guarda de Moçambique de Nossa Senhora do Rosário, também destacou a relevância do Reinado para a comunidade. “Hoje realizamos nossa abertura com uma cerimônia de bênção e água de cheiro na Igreja de Santa Efigênia. À noite, levantaremos as bandeiras de festa, simbolizando a continuidade dessa tradição”, disse ele.
A celebração representa um elo entre o passado e o futuro. “A festa do Reinado é a materialização da fé que nossos ancestrais plantaram aqui. Hoje, colhemos os frutos e plantamos novas sementes para as gerações futuras. É uma oportunidade de manter viva a história e de celebrar as conquistas de nossos antepassados”, afirmou Kedison.
Reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial, a festa exalta as tradições afrodescendentes, fortalecendo o diálogo entre cultura e fé. Para os organizadores, “A Fé que Canta e Dança” é mais que uma celebração religiosa; é um ato de resistência e valorização da identidade negra, ecoando a força dos que transformaram desafios em celebrações.
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