Audiência pública realizada em Mariana debateu projeto que abrange duplicação e melhorias na rodovia, com investimentos de R$ 5 bilhões
Por: João B. N. Gonçalves
Na última sexta-feira, 10 de janeiro de 2025, o Centro de Convenções Alphonsus de Guimaraens, em Mariana, foi palco de uma audiência pública sobre a concessão do Lote 07, que abrange o trecho da BR-356 entre Ouro Preto e Mariana. O projeto de concessão, que prevê investimentos de R$ 5 bilhões, tem como objetivo melhorar a segurança e a eficiência da rodovia, além de fomentar o desenvolvimento econômico e turístico da região.
O projeto, orçado em R$ 5 bilhões, prevê a duplicação de 67,36 km, a construção de 39,8 km de faixas adicionais e um contorno de 7,3 km em Cachoeira do Campo. Estão previstas também melhorias em acessos, implantação de 11 passarelas e seis novas paradas de ônibus. A subsecretária de Concessões e Parcerias da Secretaria de Infraestrutura de Minas Gerais (Seinfra), Fernanda Alen, destacou que os investimentos trarão mais segurança viária e eficiência ao tráfego.
“A recuperação integrada do pavimento, somada às obras de infraestrutura, dispositivos de segurança e serviços ao usuário, como ambulâncias e guinchos, já resultou em redução de 38% no número de acidentes em contratos similares. Isso demonstra como a concessão melhora a experiência do usuário e a segurança das rodovias”, afirmou Alen.
O projeto promete reduzir o tempo de viagem, melhorar a fluidez do tráfego e fomentar o turismo e a economia local. A previsão é de que a concessão gere empregos ao longo de 30 anos e amplie a arrecadação de impostos para os municípios.
Contudo, o pedágio estipulado em R$ 5,59 por veículo foi alvo de críticas das autoridades locais. O prefeito de Mariana, Juliano Duarte, defendeu isenções para municípios diretamente atingidos pelo rompimento da barragem de Fundão.
“Mariana e Barra Longa foram devastadas economicamente. Não é justo que a população dessas cidades, que já sofreu tanto, pague pedágios. Os recursos para essa obra deveriam vir integralmente dos R$ 170 bilhões da Repactuação para os municípios afetados. É preciso um olhar especial do governo para nossa região”, afirmou o prefeito.
O vereador Ítalo de Majelinha, também de Mariana, questionou a possibilidade de reajustes futuros das tarifas e cobrou maior transparência nos impactos para a população. “Quem garante que daqui a 20 anos o pedágio não estará em R$ 40 ou R$ 50? Além disso, muitas perguntas feitas aqui seguem sem resposta. A população precisa de mais clareza sobre o projeto”, pontuou.
O projeto também gerou preocupações em Ouro Preto, especialmente no distrito de Cachoeira do Campo, que será diretamente impactado pelo contorno rodoviário previsto. O presidente da Câmara, vereador Vantuir Silva, destacou que a rodovia é vital para a economia local e pediu que as necessidades do distrito sejam consideradas.
“O contorno rodoviário pode trazer muitos transtornos. Cachoeira do Campo precisa de um legado real, algo que beneficie a comunidade e mitigue os impactos. O povo de Ouro Preto deve ser respeitado nas discussões”, declarou Vantuir, que falou em nome do prefeito Angelo Osvaldo.
Itabirito
Ricardo Oliveira, ex-vereador de Itabirito, fez duras críticas à ausência de autoridades do município na audiência pública realizada em Mariana. Ele destacou a importância do evento para o desenvolvimento da região e lamentou a falta de representação de Itabirito, especialmente diante dos problemas enfrentados, como a situação da MG-030.
“Fico triste de ver uma audiência dessa com tantos representantes importantes e nenhum representante, nem do Executivo, nem do Legislativo do município de Itabirito, cidade que tem a maior economia do estado. Isso é um absurdo. Temos uma serra com mais de 23 curvas, que mata todos os dias, e nenhuma autoridade do município está aqui para tratar do assunto”, pontuou Ricardo.
Enquanto a concessão promete geração de empregos e aumento de receita municipal via ISS, as críticas revelam um ceticismo em relação à execução do projeto. A audiência terminou com a promessa de que as demandas seriam encaminhadas ao governo estadual e às empresas envolvidas. Apesar das críticas, há um consenso sobre a necessidade de melhorias na BR-356, uma rodovia essencial para a região, mas também conhecida por sua insegurança e congestionamentos
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