Tema “Literatura, Quæ Sera Tamen” guiou o evento de dois dias no Museu de Mariana. Foto: o coordenador da Biblioteca Pública Municipal de Mariana, Alexandre Soares : “Diversos dados indicam que, em passado recente, a diferença entre a pobreza e uma vida com menos mazelas poderia ser medida de acordo com quantos livros uma criança cresceu lendo”. Disse.
Por: Hynara Versiani
A V Semana Estadual de Incentivo à Leitura reúne, nos dias 23 e 24 de abril, escritores, educadores e leitores no Museu de Mariana para celebrar a literatura e refletir sobre o papel do livro na construção de conhecimento e sensibilidade.
Integrando o calendário do Ano Mineiro das Artes, o evento teve como tema “Literatura, Quæ Sera Tamen” e destacou a produção literária de Minas Gerais com palestras e rodas de conversa.
Na abertura, o coordenador da Biblioteca Pública Municipal de Mariana, Alexandre Soares, reconheceu os desafios enfrentados na organização e prestou condolências à escritora Beatriz Latini, que precisou se ausentar devido ao falecimento de sua madrinha. Em seguida, leu um texto reflexivo sobre o valor da leitura diante das transformações tecnológicas.
“A pedra angular da internet e do conhecimento continua sendo o livro, a leitura, o prazer de ler e o domínio das técnicas”, disse. Ele também refletiu sobre a centralidade do livro como fundamento da era da informação: “Diversos dados indicam que, em passado recente, a diferença entre a pobreza e uma vida com menos mazelas poderia ser medida de acordo com quantos livros uma criança cresceu lendo”.
A noite do dia 23 foi marcada pelas falas de Ana Cláudia Rôla Santos, Guiomar de Grammont, Josiane e Théo Almeida, que inverteram seus horários com Beatriz Latini, e Iva Bernardino Soares. Ana Cláudia, diretora do Museu Casa Alphonsus de Guimaraens, propôs um bate-papo e destacou a importância do poeta que dá nome à instituição que dirige.
“Quando a gente fala em literatura brasileira, podemos nos orgulhar de dizer que ela nasceu aqui em Mariana, com os poetas árcades”, afirmou. Ao abordar o poema Ismália, de Alphonsus, Ana comentou as releituras feitas ao longo do tempo, incluindo versões musicadas por Milton Nascimento e o rapper Emicida: “É uma prova de que as interpretações literárias atravessam gerações. Quem lê e como lê pode ressignificar o texto de forma totalmente nova”.
Guiomar de Grammont, escritora e professora da UFOP, emocionou o público ao compartilhar uma experiência com a neta. “Ela chorava por causa do cachorro de Ulisses, da Odisseia. Um livro recontado para crianças foi suficiente para tocar seu coração. É essa a força da literatura: atravessar os séculos e ainda emocionar uma criança”, disse.
Guiomar também destacou que, ao contrário dos filmes, que podem envelhecer, “o livro é infinito, pois cada leitor preenche suas lacunas com as próprias emoções e fantasias”. Durante sua fala, a professora promoveu uma interação com o público, perguntando quais livros haviam marcado suas vidas. Títulos como O Diário de Anne Frank e Meu Pé de Laranja Lima foram lembrados pelos presentes, reforçando a dimensão afetiva da leitura.
A programação segue no dia 24 de abril com novos convidados e temáticas: Pe. Edvaldo de Melo, Giseli Barros, Beatriz Latini.
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