Saiba por que escolher o pijama e as cobertas mais quentes para as noites frias nem sempre é o mais indicado para ficar confortável
(Crédito: Divulgação)
Durante o inverno, dormir de forma confortável pode ser um desafio, devido às baixas temperaturas de madrugada. Muitas pessoas separam os pijamas mais quentes e os cobertores mais grossos para tornar o sono mais agradável, e, ainda assim, às vezes, não é o suficiente.
A termodinâmica, área da física que estuda variações de temperatura, causas e efeitos das trocas de calor e transformação de energia, explica que, quando está muito frio, pensamos que, quanto mais quente e cobertos ficarmos, dormiremos melhor. No entanto, devido às trocas de calor naturais do organismo, não é exatamente assim que acontece.
O corpo pode perder calor de várias maneiras: através da transpiração quando suamos, por condução ao ter contato com superfícies e substâncias de diferentes temperaturas, pela convecção, que é quando o ar quente tenta subir e, para isso, “rouba” o calor do corpo humano, e pela radiação infravermelha, quando o corpo troca calor com o ar de temperatura menor do que 20ºC.
Leandro Russovski Tessler, professor de Física da Unicamp, explica que o corpo humano normalmente está acima da temperatura ambiente. Por isso, faz com que ele perca calor todo o tempo. ‘’Essa perda de calor também é fundamental para garantir que o corpo se mantenha dentro de um intervalo bem restrito de temperaturas, algo exigido para a manutenção da nossa vida”, complementa.
Pijamas e cobertores grossos funcionam como uma barreira, limitando a perda e a troca de calor. Por serem feitos de materiais como, por exemplo, lã e tecidos sintéticos que são maus condutores de temperatura e energia, atrapalham a perda de calor por condução. Ao manter o ar quente perto do corpo, com um material que impede a passagem de calor, o processo de convecção também é afetado. “A ideia é evitar os processos de evaporação, radiação, condução e convecção”, segundo Tessler.
A combinação de pijamas e cobertas mais quentes pode aquecer mais do que o desejado, fazendo o corpo transpirar. Entretanto, ao tirar o cobertor para amenizar o incômodo, você sentirá frio, devido à umidade causada pelo suor, gerando um ciclo vicioso. “Uma vez que não existe a troca de calor suficiente entre o corpo e o ambiente, ele começa a esquentar, podendo ficar acima da sua temperatura normal. Neste caso, há a sensação de desconforto”, explica Adriano Alencar, professor de Física do Corpo Humano da USP.
Dormir com pijamas de tecidos leves ou roupas íntimas, como lingerie, que é menos quente, por baixo dos cobertores, podem ser opções mais agradáveis. Deste modo, o corpo vai se manter aquecido, sem limitar as trocas naturais e saudáveis de calor. Para quem optar por não usar pijama, a dica é deixar um roupão ou peças de roupas leves por perto, caso precise levantar para ir ao banheiro ou buscar água durante a noite, para evitar o desconforto e o choque térmico com o ar frio ao sair das cobertas.